Hepatite C

A infecção por Hepatite C assemelha-se à causada pelo vírus B
A infecção por Hepatite C assemelha-se à causada pelo vírus B

Medicina

26/03/2012

O vírus da hepatite C (HCV) é classificado na família Flaviviridae. Apresenta RNA de cadeia simples, polaridade positiva, com cerca de 9.400 nucleotídeos. Até sua identificação e caracterização em 1989, por Choo e colaboradores, os casos clínicos não diagnosticados sorologicamente para os vírus das hepatites A e B ou outros vírus hepatotrópicos conhecidos (Epstein-Barr, febre amarela, citomegalovírus, vírus da hepatite delta) eram rotulados como hepatite por vírus não-A não-B.

Sabe-se, atualmente, que o HCV é o principal agente etiológico, responsável por 90 a 95% dos casos de hepatite pós-transfusional não-A não-B. A transmissão ocorre por via parenteral, por intermédio do sangue e derivados, pela utilização de agulhas e seringas contaminadas e transplantes de órgãos e tecidos. A transmissão sexual tem sido relatada, embora seja pouco frequente. Ocorrências esporádicas, sem história prévia de transfusão ou outra causa aparente, representam cerca de 40% dos casos de hepatite C.

A infecção pelo HCV assemelha-se à causada pelo vírus B, e os sintomas iniciais da doença são inespecíficos e/ou gastrointestinais, seguindo-se a icterícia. Os níveis de alanina aminotransferase apresentam flutuações, com valores inferiores aos observados nas hepatites A e B. O curso clínico da hepatite C é menos severo que o da B, porém a evolução para a forma crônica da doença ocorre em 50% dos pacientes infectados pelo vírus C, em comparação aos 5 a 10% dos casos de indivíduos infectados pelo vírus B.

A detecção de anticorpos contra o HCV, em amostras de soro de pacientes infectados, pode ser feita por ensaios imunológicos específicos. Porém, esses anticorpos refletem a exposição prévia ao agente infeccioso e não podem ser considerados marcadores da infecção atual. Não estão, ainda, disponíveis métodos imunológicos diretos para a detecção de antígenos virais e métodos de cultura celular para o isolamento viral.

A quantificação dos níveis de alanina aminotransferase, associada à sorologia, é utilizada como indicador auxiliar na avaliação da infecção pelo HCV, porém não constitui medida direta da viremia. A reação em cadeia da polimerase (PCR), pela amplificação exponencial do ácido nucleico viral, permite a detecção e a quantificação em amostras de soro ou plasma, constituindo-se em medida direta para avaliação da viremia.

A capacidade de detectar e de quantificar a carga viral é altamente desejável e será especificamente requerida nas seguintes condições: estabelecer o agente etiológico em casos de infecção aguda, quando ensaios imunodiagnósticos são negativos; identificação de indivíduos assintomáticos; monitorização da viremia em casos crônicos, com propósitos prognósticos ou quando o imunodiagnóstico resulta em dados inconsistentes; identificação de pacientes crônicos com elevada carga viral, que possuem, portanto, alto risco de desenvolvimento do carcinoma hepatocelular; monitorização da terapia antiviral; detecção do HCV em indivíduos anti-HCV positivos que tenham desenvolvido autoanticorpos; detecção do HCV em doadores e receptores de transplantes hepáticos; avaliação da transmissão vertical do HCV.

As técnicas de rT-PCR e PCR são utilizadas para a detecção e a quantificação do RNA viral ou do DNA pró-viral integrado ao genoma da célula hospedeira, em amostras de soro ou plasma, tecido hepático e células do sangue periférico. Rotineiramente, o método da rT-PCR é utilizado com boa sensibilidade e especificidade como teste qualitativo e quantitativo em análises de soro ou plasma. A metodologia utilizada permite a amplificação em quantidade do genoma viral (RNA-HCV).

Estudos têm demonstrado que reações contendo 10 ou mais cópias de RNA-HCV são positivas. Esse valor é equivalente a 2.000 cópias de RNA-HCV por mililitro de soro ou plasma. A genotipagem para HCV é obtida com a utilização de métodos em biologia molecular e de sequenciamento genômico, os quais são úteis para definir os genótipos e subtipos para estudos de epidemiologia molecular, estudo clínico e monitoramento da hepatite C.

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