O Método Audiovisual para Aquisição de Língua Estrangeira

A sociedade mudou e mudou também sua forma de buscar o conhecimento.
A sociedade mudou e mudou também sua forma de buscar o conhecimento.

Idiomas

18/08/2015

MARQUES, Milene Moreira [1]

RESUMO

O presente trabalho foi construído através de pesquisa bibliográfica e procurou investigar de que forma se dá a aquisição de língua estrangeira em instituições de cursos livres, isso tendo em vista que é preciso questionar e pesquisar sobre a educação em todos os espaços onde ela se efetiva. A sociedade mudou, diferentes mundos se conectaram e, em virtude disso, cresceu a busca por novas formas de falar, e quando se trata de aprender um novo idioma de forma fluente essas instituições possuem um papel importante para a construção desse saber. A metodologia estudada presente na escola – doravante denominada Centro de Idiomas - alicerça seu trabalho em um passo a passo conectivo e lógico que deve ser seguido de forma criativa visando à construção da língua-alvo. Ressalta-se que a atuação do professor nesses espaços deve ser construída de forma questionadora, para que não se torne um mero “aplicador metodológico” e sim, que seja capaz de ampliar os saberes discentes e que dê significado à construção do idioma. Aprender uma nova língua não é tarefa fácil e, sendo assim, aprofundar os conhecimentos tendo como base uma metodologia tão amplamente utilizada alargou os saberes sobre os processos envolvidos na aquisição de linguagem tendo em vista a sequência metodológica, suas razões e justificativas que almejam o saber efetivo e real do idioma estudado.


Palavras chaves: aprendizagem, idiomas, cursos livres.

1 INTRODUÇÃO

 
Os cotidianos escolares são alvos de muitas discussões, críticas, análises, construções e reconstruções. Inegável dizer que no tocante ao ensino de língua estrangeira muito se avançou e se refez tendo em vista às perspectivas curriculares. Há um grande caminho pela frente, mas os passos já percorridos estão servindo de parâmetros e referências para os novos “pisares”. No entanto, é de extrema importância para os dias atuais, onde o ensinar ultrapassou os muros escolares, lançar novos olhares para alguns espaços onde o ensino de idiomas se faz presente. Se há um saber e um fazer docente – há também a necessidade de refletir e analisar esses contextos, como diz Freitas:

“As práticas educativas fundadas na concepção problematizadora e libertadora da educação orientam-se por uma dimensão epistemológica cuja perspectiva sociointeracionista tem como pressupostos que educador e educando são sujeitos no processo de conhecer.” (FREITAS, 2002, p. 103).
Lembrando que o professorado se expandiu e suas atuações alcançam hoje diferentes espaços e onde se dá a construção do saber lá deve estar também nossos questionamentos.

A sociedade mudou e mudou também sua forma de buscar o conhecimento. Para nós – brasileiros – um novo mundo se abriu e assim surgiu uma nova demanda: a de saber se comunicar com esses novos passantes. “As necessidades de comunicação entre pessoas que não falam a mesma língua nunca foram tão intensas.” MARTINEZ (2009, p. 7). Aqui não cabe discutir as questões econômicas, sociais ou políticas que globalizaram nossa sociedade, cabe sim discutir e aprofundar nossos saberes no que diz respeito à busca constante pelo aprender e desbravar novas culturas adentrando assim em suas falas.

Parece que para se ter sucesso nas relações é necessário saber falar de igual para igual, e isso fez (e tem feito) com que mais e mais pessoas busquem novos idiomas para se comunicarem. Avançar significa estar engajado de forma efetiva com a sociedade e se lançar à busca de novas culturas, os seres não querem apenas o saber – querem um saber que os coloque à frente, que os faça progredir, querem sentir que estão evoluindo. Em seu livro “Educação para uma vida criativa” Makiguti menciona que:

para a educação atingir o objetivo de felicidade e realização para todos, precisa transformar a apatia da existência social, alienada e egocêntrica em um comprometimento consciente com a sociedade. A educação pode e deve levar o indivíduo a reconhecer seu comprometimento com a sociedade a que pertence, não apenas com relação à satisfação de suas necessidades básicas, mas de tudo que constitui felicidade. (MAKIGUTI, 1995, p. 45)

Esse novo ser se expandiu e anseia o crescimento não só seu como de sua comunidade e almeja sentir que está realizado a cada novo avanço, e avançar, em termos linguísticos, é ser capaz de percorrer novos espaços, de se aventurar e se colocar sempre em caminhada.

Toda essa evolução social justifica os escritos aqui presentes, afinal o ensinar não é “obra” presente apenas nas escolas de ensino básico, e sabemos que quando se trata da busca pela fluência em determinado idioma as instituições de cursos livres possuem um papel importante na sociedade e é urgente que nós – docentes – passamos a questionar de que forma se constrói os saberes nessas instituições. 2 A ESCOLHA DA INSTITUIÇÃO

A metodologia estudada presente na escola – doravante denominada Centro de Idiomas - alicerça seu trabalho em um passo a passo conectivo e lógico que deve ser seguido de forma criativa visando à construção da língua-alvo.

Cabe ressaltar que eleger essa escola em especial - e sua metodologia desenvolvida - se deu primeiramente por questões primárias, visto que há, por parte da autora, um interesse singular em aprofundar esse estudo em especial, já que desenvolve trabalhos nessa instituição e percebe, em sua prática, que muito se deve aprimorar para o desenvolvimento profissional, e um saber teórico aprofundado seria o ponto chave para iniciar esse aprimoramento.

Ao longo da trajetória educacional muitos docentes iniciam sua prática e seguem reproduzindo ações sem ao menos questionarem sobre os saberes pedagógicos que envolvem o processo de ensinar. Em instituições de cursos livres, onde professores licenciados dividem sua prática com instrutores sem formação específica (nativos, fluentes em diferentes idiomas, etc), é urgente um estudo acerca dos processos de aquisição de língua estrangeira e como se dá a construção e evolução da língua-alvo através do método desenvolvido pela escola.

É preciso entender que todo processo educativo possui uma intenção e nela se justifica as ações desenvolvidas em todo o caminho percorrido. Essa “intenção” no caso, o saber pleno de um novo idioma, dá vida a esse processo e transforma os seres por ela tocados. “E dado que é muito difícil aprender uma língua estrangeira, parece necessário e natural que nos perguntemos como melhorar seu ensino.” MARTINEZ, (2009, p, 7), afinal esse deve ser o papel do professor de idiomas.

Ainda citando Martinez (2009, p. 9) é urgente que esses profissionais entendam que para se ensinar uma nova língua é preciso conhecer o método de ensino envolvido, afinal ele determinará a “arquitetura” metodológica a ser “desenhada”. A metodologia de ensino deve ser amplamente estudada para ser aplicada, cada passo carrega um intuito construtivo que resultará em sucessos ou insucessos dependendo da forma como será trabalhado, e é preciso que o professor entenda que o negligenciar dos passos metodológicos acarretará em ações negativas na postura do aluno em relação à construção do seu saber. A metodologia é a bússola, o mapa que levará ao tesouro do saber, e ela é alimentada pela
sociologia, pela psicologia, pelas ciências da educação, pela ideologia, pela política, pela tecnologia da educação, pela pragmática (ou seja, pelo uso da língua efetivamente feito na enunciação), pela cinésica e pela proxêmica (a consideração da gestualidade e do espaço físico), pela docimologia (a avaliação do aluno), pela iconologia (estudo da imagem), etc. (GALISSON, apud MARTINEZ, 2009, p. 28).

A importância da metodologia é tamanha que entendê-la em si já é tarefa difícil ao professor de línguas e conhecer e entender sua estrutura passa a ser requisito para sua aplicação. 2.1 Entendendo o método

A metodologia aqui referenciada denominada de Metodologia Áudio Visual (MAV) teve como berço a Europa pós-guerra e foi desenvolvida com intuito de dar vida ao ensino idiomático, almejava-se criar uma estrutura sólida e coerente ao ensino de outros idiomas, afinal não se ensina toda uma nova estrutura linguística a esmo, e criar passos a serem seguidos possibilitaria um transitar consciente nesses novos espaços (MARTINEZ, 2009, p. 57).

Sabe-se que muitas metodologias circulam em nosso mundo tendo como objetivo a construção de um novo sistema linguístico, todavia esse estudo não visa comparar métodos ou mesmo julgá-los como eficientes ou ineficientes, almeja-se apenas adentrar um contexto metodológico e poder assim viajar através de suas construções e intenções para se alcançar o propósito que é a aquisição de uma nova língua.

Os escritos a seguir ainda se apoiarão nas ideias gerais trazidas por Martinez (2009) em seu livro “Didática de Línguas Estrangeiras” que se preocupou em elucidar diferentes métodos de ensino, todavia, discorre-se a seguir apenas os passos da metodologia em questão (MAV) - (MARTINEZ, 2009, p. 57), iniciam-se ainda as referências encontradas no Manual denominado CCOE – Curso de Comunicação Oral e Escrita - Manual do Professor - que apresenta a sequência que deve ser seguida tendo em vista a metodologia alvo do estudo.

Toda elucidação inicial se apóia no princípio das coisas, e aqui não será diferente, inicia-se os escritos apresentando as diferentes técnicas que são utilizadas dentro do método, sendo: TBE – técnica básica de ensino, TAE – técnica abreviada de ensino, TCE – técnica Cloze de ensino, TEMI – técnica de ensino com material impresso. O presente artigo se destinará à elucidação da TBE que é o carro chefe da metodologia, mas para que o leitor possa satisfazer sua curiosidade sintetiza-se: TAE, usa parte dos passos seguidos na TBE, todavia com elementos gramaticais mais simples; TCE, utilizados nos níveis mais avançados faz uso de filmes, comerciais ou programas de TV onde os alunos têm a oportunidade de ampliar seus conhecimentos com elementos mais específicos trabalhando principalmente um cotidiano real; TEMI, também utilizada nos níveis mais avançados lança mão de materiais que contemplem noticiais de jornais, revistas, artigos, dentre outros, explorando diferentes aspectos de cada texto trabalhado.


2.1.1 Técnica Básica de Ensino – TBE

Essa técnica, a mais usada para a construção da língua é composta por duas diferentes partes: a parte ORAL e a parte ESCRITA. Acredita-se aqui que é necessário iniciar à introdução da nova língua com os aspectos orais para que o aluno consiga se apropriar do novo sistema desassociando de sua língua materna. Cada sistema linguístico possui uma construção fonológica e ela precisa ser conhecida para que não haja a ocorrência falas “equivocadas” onde o aluno tenda a usar palavras do espanhol utilizando o sistema fonético do português, por exemplo, “é preciso lembrar que uma aquisição é uma modificação da conduta do sujeito”, (MARTINEZ, 2009, p, 37) e para que se possa transformar a conduta é preciso experimentar novas formas de ouvir e falar. A fase oral dessa técnica é composta pelos seguintes passos:

1º Revisão: trata-se de uma série de perguntas que o professor fará aos alunos com intuito de trazer à tona as aprendizagens das lições anteriores. Divide-se em Revisão Prévia – feita a partir da segunda lição onde o professor levanta questões da lição anterior – e Revisão Geral – feita a partir da terceira lição onde os questionamentos envolvem as lições anteriores, exceto a imediatamente anterior que já é alvo da Revisão Prévia. Objetiva-se aqui ativação da memória retomando os conteúdos trabalhados e efetivando a aprendizagem.

2º Palavras em ação: essa parte destina-se a apresentação do vocabulário, vale lembrar que o método aqui discorrido é áudio visual, ou seja, os conteúdos estão sendo apresentados com o auxílio de uma televisão e um DVD onde cada nível será apresentado com uma sequência crescente de dificuldades e novos contextos serão apresentados. Os alunos têm a oportunidade de visualizar uma imagem, escutar a pronúncia da mesma e após repetir a palavra aprendida, por exemplo, surge na tela a figura de um carro, o aluno escuta – COCHE ou CAR (conforme a língua estudada) para aprender como se pronuncia e repete para passar a viver efetivamente o que visualizou e escutou. Conforme a dificuldade do vocabulário introduzido o professor poderá executar esse passo duas vezes.

Depois desse passo haverá a apresentação de algumas situações onde o aluno verá as palavras aprendidas no passo anterior dentro de um contexto ampliando assim sua conexão com a língua, pois a estrutura da língua poderá ser percebida, ainda usando a palavra do exemplo anterior, teríamos: “Eu tenho um carro”. Sendo assim para cada situação teremos:

3º Apresentação: aqui o professor mostra a primeira imagem e faz algumas perguntas sobre a mesma, depois os alunos escutam duas vezes os diálogos sem nenhuma interrupção.

4º Explicação: “termo que indica claramente que o papel determinante é o do professor, cujo trabalho visa de fato facilitar o que será o acesso ao sentido ou ao entendimento” (MARTINEZ, 2009, p, 59). Aqui cada grupo de palavras é apresentado três vezes, depois o professor faz perguntas sobre o vocabulário já aprendido nas palavras em ação para reforçar o que foi a recém-apresentado e explica o vocabulário que é de fato novo. Após a explicação, onde deve ficar claro toda parte estrutural da língua, o aluno terá a oportunidade de escutar uma vez mais o que foi visto e por sua vez repetir cada grupo de palavras. (Aqui o professor escolhe três alunos para repetir). Após o procedimento abranger todos os grupos de palavras os alunos escutam o diálogo completo sem interrupções.

5ª Repetições: quando se fala em repetir palavras ou grupos de palavras, remetemos imediatamente aos pressupostos da teoria behaviorista, onde estímulos e respostas são estimulados constantemente (DEL RÉ, 2010, p. 18), todavia, cabe ressaltar que para ensinar uma nova estrutura linguística não só os preceitos lexicais, morfológicos, sintáticos, etc devem ser levados em consideração, afinal as questões fonéticas e fonológicas ainda que pareçam pequenas (um grão de areia em frente ao vasto oceano linguístico) são de suma importância (DIAS, 2008, p, 68). Quando o aprendente se depara com novas formas de se falar é necessário efetivar a aprendizagem através da exercitação ativa, e isso se dará com as repetições. A metodologia estudada utiliza duas formas de repetição: A Repetição Individual – onde todos os alunos têm a oportunidade de repetir cada grupo de palavras (e receber auxílio para correção fonética se necessário) e a Repetição Contínua – onde não mais as repetições são trabalhadas individualmente e sim a cada personagem presente na situação, esse é um importante passo, pois se efetivam aqui as estruturas de forma viva, diferente da repetição por grupo de palavras, aqui não se para as falas o que estimula o aluno a responder automaticamente o que será efetivo em seu uso real da língua, afinal ao se deparar com uma situação real terá de fazer uso da língua de forma automática. Repetir remete-se ao “trabalho de fixar, reter os elementos apresentados de modo que eles possam ser evocados, ou seja, de modo que possam retornar para uma utilização efetiva.” (MARTINEZ, 2009, p. 61).

6º Memorização: também referenciada na psicologia behaviorista (MARTINEZ, 2009, p,61) memorizar é um importante passo metodológico que almeja efetivar o aprendizado, aqui os alunos são expostos ao diálogo mais uma vez (escutando sem as imagens que representam o cotidiano por duas vezes) e depois são elegidos para reprodução automática do mesmo, importante frisar que aqui se leva em consideração a fluência da língua meta, afinal os alunos tem a oportunidade de reproduzir os diálogos, ora visualizando as imagens (duas vezes pelo menos) e ora não, dando mais vida ao que foi aprendido.

7º Extensão: até agora cada situação estava sendo trabalhada de forma individual, a partir desse passo, todos os vocabulários trabalhados serão unidos, há uma “recapitulação” dos conteúdos estudados e novas formas de usar a língua serão incentivadas. Esse passo “visa à apropriação dos elementos novos por meio de sua sistematização, de sua manipulação e de sua reutilização em situações mais ou menos próximas das situações da lição.” (MARTINEZ, 2009, p, 61), é importante aqui que o professor saiba explorar todos os conteúdos e estruturas apresentadas da forma mais natural possível.

8º Exercícios estruturais: também conhecidos como DRILLs, compõem-se de uma prática bastante utilizada no ensino de língua estrangeira. Trata-se da manipulação da língua-alvo através de exercícios orais variados que devem obedecer a um ritmo imposto, desrespeitar esse ritmo e pausar a cada resposta exigida é burlar o aprendizado automático da língua. Há diferentes tipos de exercício:

Repetição de elementos simples com eventual expansão (ele come – ele come pão);

Substituição ou correlação ( ele brinca com sua irmã – nós brincamos...)

Transformação (olhe os pássaros – olhe-os). (MARTINEZ, 2009, p, 62)

Pode-se aqui encontrar certa resistência por parte do aluno, pois o ensino é colocado à prova de forma sistemática e isso é sem dúvida um grande desafio ao aprendente, todavia, o professor deve incentivar de forma natural essa prática, afinal, “essas operações sistemáticas podem incidir sobre o léxico (do substantivo ao verbo e vice-versa), sobre a morfologia (conjugar no passado), sobre a sintaxe (reescrita em sentido indireto, resumo, narração, etc)” (MARTINEZ, 2009, p, 62) e isso é de suma importância para a construção efetiva da língua meta.

Os exercícios estruturais são apresentados em dois momentos: primeiro - cada resposta ficará a cargo de um discente escolhido pelo professor; segundo - todos os alunos repetirão em coro as respostas de todos os exercícios, efetivando ainda mais as estruturas estudadas. 9º Conversação: aqui os conteúdos ganham cada vez mais vida, é o momento de brincar com o que já foi trabalhado e aproximar cada vez mais o conteúdo da vida dos estudantes, cabe ao docente ultrapassar os exemplos apresentados no livro do professor (ainda que respeitando o nível onde se encontra o aluno) e remetê-lo ao contexto real do aprendiz, por exemplo, se o objetivo da pergunta é ver o verbo ser conjugado no passado ao invés do professor apenas perguntar – como foi sua semana? Poderá perguntar como foi a semana de provas na faculdade, visto que conversa com seus alunos sobre seus cotidianos e quer ver a língua meta percorrendo a vida do aprendiz não só repetindo e respondendo incessantemente perguntas sempre estruturas num contexto hipotético.

A conversação divide-se em quatro partes: perguntas do professor - onde diferentes questionamentos são levantados para efetivar o que foi ensinado; perguntas ao professor – onde são apresentadas primeiro as respostas e os alunos devem formular uma pergunta que contemple perfeitamente a resposta dada, e assim ocorrendo a resposta será dada novamente fechando o esquema: resposta – pergunta – resposta; pedidos do professor – aqui o professor pede aos alunos que questionem outros alunos sobre diferentes questões, exemplo: pergunta ao fulano onde ele mora, ou pede ao fulano que te empreste a caneca, etc; os alunos perguntam usando... – aqui os alunos devem formular questões usando as estruturas a recém-trabalhadas, por exemplo, pergunte algo usando o verbo poder no futuro, assim por diante.

Finalizada essa parte os passos a seguir contemplam a próxima fase do ensino, denominada fase escrita. É somente nessa etapa que o ensino gramatical com suas nomenclaturas específicas é apresentado, lógico, levando em consideração tudo que foi desenvolvido na fase oral.

Nessa etapa os alunos podem usar o livro texto que possuem, o livro de exercícios e o livro de prática de compreensão aditiva. Exemplificando: na fase oral o aluno é exposto aos diálogos (João construiu a casa... A casa foi construída por João), desenvolve todo seu potencial de aprendizagem estruturando e dando sentido às falas, depois disso, na fase escrita passa a conhecer que esse é o estudo da voz passiva que se dá através do verbo ser + um verbo no particípio, isso possibilita que o aluno seja um usuário efetivo da língua e não meramente um conhecedor da gramática.

Os exercícios por sua vez, ampliam ainda mais o uso da língua, tendo em vista que são construídos de forma explicativa e totalmente escritos no idioma foco, cabe ressaltar que essa estruturação abre novos leques aos alunos que terão novas palavras perambulando seu aprendizado nos próprios enunciados das questões, o mesmo acontece com a prática de compreensão auditiva onde diferentes exercícios estruturais auditivos completam o aprendizado,nessa etapa há a exposição das diferentes formas de variações linguísticas muito comum no ensino da língua espanhola.

O papel do professor nessas etapas, que em geral os alunos realizam em casa é de suma importância, visto que o acúmulo de exercícios e o atraso do desenvolvimento das tarefas, além de prejudicar os intuitos metodológicos de aprendizagem - retomada, evocação e uso pleno - podem desmotivar os alunos ao terem de realizar duas ou mais tarefas, sendo que cada uma delas requer um tempo de dedicação. 3 METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente artigo foi construído e desenvolvido através de pesquisa bibliográfica utilizando diferentes materiais para sua elaboração. Nenhum saber brota do nada, nossas construções são resultados de tudo aquilo que vivenciamos, seja de forma empírica ou científica.

“A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.” Como menciona GIL (2007, p. 45).

Julga-se que para o trabalho em questão essa tipologia metodológica cumpriu de forma efetiva para a construção e desenvolvimento do mesmo, sendo que os materiais referenciados possuem os saberes necessários para a composição e estruturação dos saberes científicos pertinentes ao tema desenvolvido.


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quem se dedica a ensinar já sabe por si só que “professorar” não é tarefa fácil e de fato não é, requer total dedicação e doação. Ensinar outro idioma é ainda mais complexo.

Em geral, os seres, ao buscarem por escolas de cursos livres para tornarem-se fluentes em outras línguas, pensam que estão meramente comprando um produto e que, sendo assim, querem poder "tocar, apalpar" sua compra, ledo engano, como mencionado, a aquisição linguística em língua estrangeira é uma mudança de postura, o ser vai se transformando a cada nova etapa, e isso é muito mais que comprar algo, é permitir-se entrar de uma forma e sair um novo ser.

Pode a princípio soar meio estranho, mas sim, ensinar uma nova língua é exercício de transformação, para tanto, exige conhecimento e aprofundamento teórico. Fazer uso de uma metodologia é desafiador, ainda mais no cenário educacional atual, onde diferentes estudos são desenvolvidos e muitos saberes se ampliam no que diz respeito ao ensino de línguas estrangeiras, cabe ao professor refletir sobre sua prática, aprimorar seus estudos e não ser um mero “aplicador metodológico”.

É difícil pensar, por exemplo, que o fato de lançar mão de uma metodologia como a citada em nosso estudo, leve ao professor ao não questionamento de seus pontos fortes de forma crítica ou mesmo que não reflita sobre as questões que servem de desafios a serem ultrapassados pelos alunos. Esse perfil de mero reprodutor não cabe mais nos dias de hoje, essa sociedade que se abriu para um novo mundo, que busca incessantemente falar a língua do próximo, que busca novos espaços para efetivar seu aprendizado, exige também um novo profissional, que entenda realmente como se dá o processo de aquisição de uma língua estrangeira, que respeite o ritmo dos alunos e que ainda assim estimule o avanço do mesmo em suas limitações.

O método de ensino nesse estudo explicitado foi elaborado visando à fluência da língua meta e, muito embora, os passos por si já tendam a garantir seu intuito, será o professor que oportunizará um aprendizado significativo, estimulante e gostoso de experimentar. Lembrando, esse artigo não visa o questionamento de eficiência ou ineficiência do método, quis por si, elucidar questões sobre a metodologia foco, aproximar o público de seus preceitos e construções, afinal, grandes instituições fazem usam dela e poder conhecer sua sistemática oportuniza novos olhares.

A construção do saber de forma efetiva é meta principal do trabalho do professor e para tanto seu contexto de atuação profissional e as metodologias que perpassam esses espaços devem ser “dissecadas”, “esmiuçadas” por esses profissionais, pois somente assim haverá dedicação real ao trabalho desenvolvido e o comprometimento com o educando. REFERÊNCIAS

CCLS PUBLISH HOUSE®. Curso de comunicação oral e escrita. Miami, 2010. Manual do professor.

DEL RÉ, Alessandra (org). Aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística, 8. ed., São Paulo: Contexto, 2010.

DIAS, Luiza Schalkoski. Estudos linguísticos: dos problemas estruturais aos novos campos de pesquisa, / Luiza Schalkoski Dias, Maria Lúcia de Castro Gomes, Curitiba: Ibpex, 2008.

FREITAS, Ana Lúcia Souza de, Pedagogia da conscientização: um legado de Paulo Freire à formação de professores, 2. ed., Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

GIL, Antônio Carlos, Como elaborar projetos de pesquisa, 4. Ed. – 10. Reimpr, São Paulo: Atlas, 2007.

MAKIGUTI, Tsunessaburo, Educação para uma vida criativa: ideias e propostas de Tsunessaburo Makiguti; tradução de Eliane Carpenter, 3. Ed., Rio de Janeiro: Record, 1995.

MARTINEZ, Pierre, Didática de línguas estrangeiras; tradução de Marco Marcionilo, São Paulo: Parábola Editorial, 2009.



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[1] Pedagoga licenciada pelo CESUCA – Faculdade Inedi, cursando especialização em Metodologia da Língua Portuguesa e Estrangeira – UNINTER/2015.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Milene Moreira Marques

por Milene Moreira Marques

Pedagoga, especialista em Língua Portuguesa e Estrangeira. Atua ministrando aulas de espanhol em cursos livres e possui empresa própria na área de Prestação de Serviços Pedagógicos e Culturais. É contadora de histórias e ministra diferentes cursos na área pedagógica tendo como parceiros diferentes empresas como Sesc, Saraiva e Book Lovers Kids.

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