Uma perspectiva atual - a influência tecnológica no ensino de inglês

A principal tendência neste domínio é a digitalização
A principal tendência neste domínio é a digitalização

Idiomas

16/04/2014

Ao longo de toda a história, houve momentos de grande impacto, geradores de mudanças consideráveis em todos os setores da vida do homem, sujeito ator da própria história, que, com suas próprias invenções, descobertas e tecnologias, têm provocado novos comportamentos sociais.

Da mesma forma que, em um momento histórico, um instrumento para caça, a roda, ou a escrita provocaram verdadeiras revoluções, o mesmo acontece depois da Internet e das tecnologias da informação e comunicação (doravante, TIC). As hipermídias estão gradativamente moldando comportamentos, saberes, funções e concepções dentro da sociedade contemporânea, em todos os cantos do planeta. O boom tecnológico traz novas formas de desenhar o homem do futuro.

O surgimento constante de tecnologias digitais e de diferentes mídias de informação e comunicação, aliado ao fenômeno da globalização, tem propiciado crescente velocidade no processamento de informação e comunicação. Trata-se de uma experiência jamais vivida pela humanidade - talvez não se tenha noção de quão imensa e radical é essa pletora de mudanças emergentes, sendo que a única revolução similar na história talvez tenha sido a invenção da escrita. A cultura e a cognição são influenciadas por tal fenômeno, assim como o são a educação e a sociedade como um todo. Nas palavras de Lévy (1993, p. 102):

“A principal tendência neste domínio é a digitalização, que atinge todas as técnicas de comunicação e de processamento de informações. Ao progredir, a digitalização conecta no centro de um mesmo tecido eletrônico o cinema, a radiotelevisão, o jornalismo, a edição, a música, as telecomunicações e a informática.”

Dado o fato de que a sociedade contemporânea vive uma nova era, há, provavelmente, muito que se repensar, rever e reorganizar, para que os setores da sociedade se adequem aos valores e paradigmas emergentes.

Segundo Behrens (2005, p. 27):

“A geração de novos conhecimentos passou a ser produzida com tal velocidade e volume que se torna impensável um único ser humano absorver e assimilar esta torrente de informações. A explosão dos conhecimentos em todas as áreas e o bombardeio de informações afetam profundamente as bases culturais da humanidade.”

Em qualquer momento da história, a ciência e a tecnologia estiveram intimamente relacionadas com o curso que a sociedade segue. A transformação e evolução do ser humano, no seu momento estudante, requerem um estudo complexo e atenção especial para essa importante etapa, para que se possa entender e ajudar, com total sobriedade, o indivíduo, e, assim, contribuir para a formação do indivíduo sociável e de caráter ilibado.

“Em toda a história da escolarização, nunca se exigiu tanto da escola e dos professores quanto nos últimos anos. Essa pressão é decorrente, em primeiro lugar, do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação e, em segundo lugar, das rápidas transformações do processo de trabalho e de produção da cultura. A educação e o trabalho docente passaram então a ser considerados peças-chave na formação do novo profissional do mundo informatizado e globalizado.”     (FREITAS, 2004).

            Freitas foi capaz de perceber o fardo que os professores do século atual carregam sobre seus ombros é muito diferente dos professores no passado, pois ele relata a rapidez como primórdio humano, sendo o fato inigualável a qualquer época outrora relatada na história.

Apesar disso, enquanto o mundo caminha para o desfecho da primeira década do terceiro milênio, a Educação ainda permanece em meados do século passado. Na era da tecnologia e da informação, há tempos não somos mais os mesmos, mas ainda aprendemos como os nossos pais. A Educação não consegue acompanhar o ritmo acelerado de um mundo tecnológico e globalizado.

    O mundo está mudando rapidamente, e os alunos também. Segundo Wim Veen (2009), essa nova “espécie” de jovens cresceu usando intensamente múltiplos meios da tecnologia. Esses recursos permitiram às crianças de hoje terem controle sobre o fluxo de informações, lidarem com informações descontinuadas, com sobrecarga de informações, mesclar comunidades virtuais e reais, comunicar-se em rede de acordo com as suas necessidades.

Ao perceber a escola como instituição à parte do seu mundo, ainda com aspectos antigos, sentados em carteiras enfileiradas, de frente para o quadro, anotando as informações em cadernos e ouvindo o professor reproduzir histórias retiradas de livros que já saem desatualizados das gráficas, consideram-na como algo irrelevante em suas vidas cotidianas, em um paradoxo com as sensações e oportunidades oferecidas pelo universo multimídia exterior.

A educação tem sido influenciada pelas tecnologias da informação e da comunicação (TIC), e as habilidades para lidar com elas tornaram-se demanda no mercado de trabalho. As TIC se tornaram presentes na escola para suprir apoio ao professor. É esperado do docente que ele corresponda aos parâmetros vigentes (didáticos e tecnológicos) na atualidade. Assim, o ensino de línguas dispõe agora de inúmeras possibilidades de suporte, dadas as tecnologias que acompanham os diversos ambientes de aprendizagem.

No dia-a-dia escolar, os alunos mostram comportamentos ditos hiperativos e intermitentes, preocupando pais e professores. Querem estar no controle daquilo que se envolve e não tem paciência para ouvir um professor explicar um mundo que ele já conhece com suas próprias convicções. Como se o aluno fosse “digital” e a escola “analógica”.

A sociedade se transformaria lentamente, sob a influência crescente da tecnologia, como tem acontecido há algum tempo. A importância das comunidades da internet para a vida cotidiana aumentaria, permitindo que as pessoas rompam com velhos construtos. A comunicação global apagaria cada vez mais as barreiras geográficas e, como as informações poderiam ser supridas e acessadas por qualquer pessoa, cada indivíduo precisaria desenvolver a habilidade de discernir o valor delas.

O que seria importante, valorizado e verdadeiro se tornaria uma questão de negociação e, assim, pode-se dizer que o conhecimento, enquanto produto da valorização da informação residiria nas redes de comunicação entre os indivíduos. O mundo estaria cada vez mais interconectado e a rede de cada, um seria formada pelas pessoas em quem confiasse. A educação veria então os benefícios das mudanças na tecnologia e o surgimento de iniciativas para a criação da diversidade e da livre escolha, tornando a aprendizagem uma experiência desejada, divertida e individual.

A reescolarização é uma tendência em que se cria uma nova posição das escolas na sociedade. Esse fato poderia estar centrado em uma de duas coisas: ou as escolas são vistas como um elemento vital na rede social e se desenvolverão visando incluir mais metas não cognitivas em seu currículo, ou continuarão a focar muito fortemente o conhecimento e a especialização como organizações de aprendizagem e pesquisa. Em ambos os cenários, haveria concordância de que há uma necessidade de mudança na abordagem atual, mas ambos manteriam a ideia de que as escolas como instituições têm uma função.

Em decorrência dos paradigmas atuantes na educação, de certa forma também a missão da escola mudou, ou no mínimo, se intensificou, e agora se desdobra em, além de toda a formação clássica de praxe, preparar e contextualizar os estudantes nos ambientes virtuais e digitais provenientes das TIC, em todos os setores da sociedade. Até mesmo a leitura adquiriu novas formas, meios e instrumentos – temos agora, por exemplo, a leitura no ciberespaço e o gênero literário virtual. Nas palavras de Mendes (2008), “a comunicação mediada pelo uso do computador e sua relação com os textos inerentes a esse contexto tecnológico de produção solicitam dos sujeitos uma nova postura como leitores e escritores”. É agora necessário que a escola ofereça ao aluno o letramento digital, evitando assim o “analfabeto digital”, inserido numa sociedade digital em praticamente todas as áreas do trabalho, do conhecimento, da informação e do lazer.

O ensino de línguas nunca teve tantas possibilidades de suporte em termos de materialidade tecnológica como na atualidade, dadas as tecnologias acompanhadas das diversas formas e ambientes de aprendizagem agora possíveis. Segundo Sharma & Barrett (2007), o uso da tecnologia no ensino de idiomas pode ser motivador, e a interatividade traz benefícios, além da vantagem do feedback nos materiais interativos.

Os autores afirmam que os aprendizes de hoje têm grandes expectativas com relação a recursos tecnológicos. Além disso, segundo os autores, a tecnologia nas aulas pode levar à “economia de tempo”, e pode tornar os aprendizes mais autônomos, na medida em que se tornou possível navegar na Web em busca de novos conhecimentos e práticas (através dos hipertextos em homepages, por exemplo).

Enfim, o profissional docente contemporâneo encontra-se diante de quebra de paradigmas e crenças, e necessita refletir sobre a sua forma de atuar, seu papel e preparação profissional, a fim de acompanhar as mudanças. De fato, ainda existem poucos trabalhos na literatura que possam ajudá-lo a fazer tal reflexão.

A Escola, assim como todas as outras entidades e organizações que estão no mundo, faz parte deste grande contexto global de mudanças. Diante dessa aceleração, a Escola deve se comprometer com a educação e entender as transformações, porque elas vão ditar as competências, exigidas não só em conhecimentos e habilidades, mas também relacionadas ao caráter e à personalidade. Essa é a grande visão que desponta no cenário educacional: os professores precisam comandar as mudanças, em vez de serem levados por elas. Quem sabe aonde quer chegar, pode contribuir mais no processo ensino-aprendizagem.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Kleber Sotero Barbosa

por Kleber Sotero Barbosa

Licenciado em Letras com Ingles pela FTC - Salvador / Ba, Pós-graduado em Docência da Lingua Inglesa pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza - FGF, Mestrando em Educação pela UNIEUBRA Professor de Inglês do Instituto Federal da Bahia - IFBA (Jequié - BA); Professor de Língua Inglesa do curso de Letras na UNIUBE (Itabuna - BA)

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