O Diafragma

O diafragma é um músculo singular e totalmente assimétrico.
O diafragma é um músculo singular e totalmente assimétrico.

Fisioterapia

19/06/2015

O diafragma é um músculo singular e totalmente assimétrico, ou seja, ele não é como os outros músculos que possuem os dois lados iguais. Ele separa o tórax do abdômen, compreendendo duas partes: uma muscular e periférica, graças a qual o músculo insere-se ao longo do contorno do tórax e sobre a coluna; outra tendinosa e central, denominada “centro tendíneo”. Trata-se do motor do movimento torácico; não sendo considerado um músculo, mas sim, um conjunto músculo-tendíneo constituído por oito músculos. É um conjunto membranoso e muscular porque deve adaptar-se aos movimentos do tronco e às deformidades torácicas. É o diafragma que se adapta ao tórax e não o contrário. Sua fisiologia está intimamente ligada aos movimentos das costelas.

Segundo SOUCHARD, em seu livro Respiração (1989), a respeito do diafragma: “Formando uma abóboda de concavidade inferior, o diafragma é na realidade constituído na periferia por finos músculos digástricos justapostos cujos tendões centrais, imbricados, formam o centro tendíneo. A parte muscular, por sua vez, divide-se em uma ação vertebral, uma porção costal e uma porção esternal.”

Falar de origem e inserção do músculo diafragma torna-se delicado, pois este possui vários locais de inserção. No entanto, é primordial ter este entendimento devido à ação biomecânica, através da anatomia funcional. Por isso, deve-se prestar uma particular atenção às inserções aponeuróticas dos músculos, porque o sistema fibroso aponeurótico possibilita a ação sequencial dos músculos, contribuindo para a formação de cadeias musculares que tornam inoperante toda a ginástica analítica ou segmentar.

Portanto, de uma forma resumida, temos como origem e inserção as porções:

Porção vertebral: parte interna ou pilares do diafragma, constituída por 2 grossos feixes de fibras de comprimentos desiguais. O pilar direito insere-se sobre os discos intervertebrais L.1-L.2 e L.2-L.3, descendo, às vezes, sobre o disco L.3-L.4. O pilar esquerdo insere-se sobre o disco L.1-L.2 e, frequentemente, prolonga-se até o disco L.2-L.3;

Porção costal: é toda região lateral do diafragma. Origina-se na face interna das últimas costelas e sobre as arcadas aponeuróticas que unem os ápices da 10ª, 11ª e 12ª costelas (Arcadas de Senac). Essas inserções confundem-se com as do transverso do abdômen, especialmente ao nível da 10ª, 11ª e 12ª costelas. As fibras musculares terminam-se sobre os bordos laterais dos folíolos laterais e anteriores do centro tendíneo.

Porção esternal: é constituída por um ou dois feixes musculares distintos, provenientes da face posterior do processo xifóide, terminando-se sobre a porção média do folíolo anterior;

Centro tendíneo: lâmina fibrosa formada pelo cruzamento dos tendões medianos dos músculos digástricos periféricos; o centro tendíneo ocupa a porção central do diafragma.

O diafragma possui orifícios importantes, que obturam totalmente a região inferior do tórax. Esses três orifícios juntam-se com as estreitas zonas entre os pilares, que permitem a passagem do tronco simpático, dos nervos esplâncnicos e da raiz interna das veias Ázigos. São eles:

Orifício aórtico: essa ranhura ósteo-fibrosa sobe até a 12ª dorsal e permite a passagem da aorta que adere à sua porção anterior;

Orifício esofágico: unicamente muscular, situa-se ao nível da 10ª dorsal. De forma elíptica, permite a passagem dos nervos pneumogástricos e do esôfago que a ele adere fortemente, através das fibras musculares e conjuntivas;

Orifício da veia cava inferior: a veia cava atravessa o centro tendíneo na junção folíolo anterior com o folíolo direito, onde se adere.

Ainda utilizando trechos de SOUCHARD sobre o diafragma e sua localização, ele diz: “A posição do diafragma: em pé, em posição de repouso, a cúpula diafragmática direita projeta-se ao nível do 4º espaço intercostal, à esquerda no nível do 5º. No entanto, essa posição é variável. A fisiopatologia do diafragma dependerá, entre outras coisas, da forma do tórax e do volume das vísceras abdominais.”

O diafragma é inervado somente pelos nervos frênicos, que possuem suas raízes em C3, C4 e C5, sendo estes os motores do diafragma. Estes nervos também aparecem com participação importante na sensibilidade proprioceptiva do mesmo.

Sua vascularização é riquíssima, e como artérias principais, temos:

- Artéria mediastinal posterior, derivada da aorta torácica, no nível dos pilares;

- Artéria frênica superior derivada da mamária interna;

- Artéria frênica inferior derivada da aorta abdominal, e suas anastomoses, juntamente com sua simétrica compõem as arcadas perifoliares;

- Ramos da artéria músculo-frênica e das quatro últimas intercostais.

Também possui um rico sistema venoso que caminha junto ao sistema arterial, sendo composto pelas veias cava inferior e mamárias internas. Já o seu sistema linfático é bem complexo, pois o diafragma é um enorme cruzamento das redes torácica e abdominal. Seus principais linfonodos linfáticos localizam-se no mediastino.

Os músculos *inspiratórios e **expiratórios são acessórios, pois o motor primário é o diafragma.


* Os inspiratórios acessórios são numerosos e de implantação anatômica variada. Pela própria definição, entram em jogo apenas durante inspirações de grande amplitude (com exceção apenas de leve atividade possível dos intercostais e escalenos na respiração de média amplitude). São eles: esternocleidomastóideos; escalenos anterior, médio e posterior; trapézio superior e médio; subclávio; peitoral menor e maior; elevador da escápula; rombóides; serrátil anterior e posterior superior; grande dorsal; multifídios; semi-espinhal do tórax, do pescoço e da cabeça; rotadores lombares, torácicos e cervicais; dorsal longo; iliocostal; intercostais internos e médios; subcostais e supracostais.

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A expiração é um movimento passivo desencadeado a partir do cessar da contração dos músculos inspiratórios. Eles intervêm apenas durante esforços, no grito, na tosse, etc. isto é, em atividades de grande dinâmica. Os músculos expiratórios são expiratórios acessórios. São eles: oblíquos internos e externos; transverso do abdômen; reto do abdômen; piramidal do abdômen; quadrado lombar; serrátil posterior inferior; transverso do tórax e grande dorsal.

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