Terapia com Equinos nos Casos de Déficit de Equilíbrio

Equoterapia desenvolve sistema motor
Equoterapia desenvolve sistema motor

Fisioterapia

23/01/2013

O aparelho vestibular é o órgão que detecta as sensações de equilíbrio. É composto por um sistema de tubos e câmaras ósseas na porção petrosa do osso temporal chamado de labirinto ósseo, e, dentro desse, há um sistema de tubos e câmaras membranosas chamado de labirinto membranoso. O labirinto membranoso é a parte funcional do aparelho. (GUYTON e HALL, 1997).

Outra estrutura cerebral importante é para a função motora, especificamente o cerebelo por desempenhar a cronometragem das atividades motoras e na progressão rápida de um movimento para o próximo. Também ajuda a controlar a intensidade de contração muscular, quando a carga muscular se altera, bem como controla a interação instantânea necessária entre grupos musculares agonistas e antagonistas, além de atuar como um regulador do controle postural e do movimento coordenado, orientando posturas e movimentos dos olhos, da cabeça, do tronco e dos membros. (GUYTON e HALL, 1997).

As lesões do aparelho vestibular e cerebelar não produzem bloqueio do movimento, mas comprometem a execução da maioria deles. Entre as anormalidades clínicas que envolvem o cerebelo, podem citar (ADAMS e VICTOR, 2003):

- Ataxia: pode ser descrita como uma decomposição de movimento, ou incoordenação e imprevisão nos movimentos, provocando deficiência na suavidade dos movimentos. São descritos atualmente três tipos de ataxias: sensorial, vestibular e cerebelar.

- Ataxia Sensorial: ocorre em neuropatias diabéticas ou alcoólicas ou problemas que afetam a coluna dorsal (tabes dorsalis ou tumores da medula espinhal). Estes distúrbios interrompem o imput proprioceptivo aferente ao SNC. O imput proprioceptivo das pernas é essencial para iniciar e regular ajustes corporais na posição em pé. Paciente com base ampla, com os olhos fixos no chão para feedback visual. Quando em pé com os calcanhares unidos, haverá uma maior amplitude de oscilação postural quando os olhos se fecham (teste de Romberg +).

- Ataxia Vestibular:
Um paciente com ataxia vestibular mostra distúrbios de equilíbrio em pé e sentado. Na marcha tende a cambalear quando caminha, tem base de suporte bem ampla e pode inclinar-se para trás ou para o lado da lesão. O movimento da cabeça, tronco, braço estão muitas vezes diminuídos. A ataxia vestibular pode ser acompanhada por vertigem, visão embaçada e nistagmo (movimentos rápidos e involuntários do globo ocular), devido ao papel do sistema vestibular de sentir e perceber o próprio movimento e estabilizar o olhar via reflexo vestíbulo-ocular.

- Ataxia Cerebelar: é resultante de lesões que afetam o cerebelo ou suas conexões aferentes ou eferentes. - Lesões de estruturas mediais, o Vérmis e o floculonodular, produzem sintomas bilaterais que afetam partes axiais (proximais) do corpo, andar vascilante, alterações da marcha e equilíbrio. Podem ocorrer diartria e nistagmo. - Lesões que afetam os hemisférios, afetam o membro ipsilateral ou hemisfério.

Dismetria:
é a imprecisão em alcançar uma posição de extremidade final e pode ser descrito como hipermetria (acima do alvo, ultrapassa o alvo) e hipometria (abaixo do alvo).

Disartria: é a má coordenação dos músculos da fala. É caracterizada por uma fala “pastosa” e flutuações incontroladas do volume. Um indivíduo com disartria também pode exagerar o movimento dos músculos dos lábios e maxilar ao falar.

• Hipotonia:
a lesão dos núcleos cerebelares profundos pode causar perda do tônus da musculatura periférica do lado da lesão. A hipotonia resulta de perda de facilitação cerebelar do córtex motor e dos núcleos Motors do tronco cerebral pela descarga tônica dos músculos cerebelares profundos.

Essas disfunções podem ser minimizadas utilizando-se o recurso da Terapias com Equinos, que proporciona estimulação do sistema vestibular e cerebelar, ofertando diversos graus de dificuldade a serem vencidos e ultrapassados pelo praticante.

A Terapia com Equinos proporciona ao paciente melhora do equilíbrio, pela estimulação constante que o movimento tridimensional do cavalo realiza sobre os sistemas vestibular, cerebelar e reticular do paciente. (MEDEIROS e DIAS, 2002).

Pode-se iniciar o programa com trajetos fixos a serem percorridos em linha reta e em área plana, utilizando-se de estribos e/ou apoio, para a elevação dos membros superiores, para a passagem por trajetos sinuosos e por terrenos acidentados, percorrer aclives e declives moderados e acentuados, entre outros. Tudo isso pode ser variado, de acordo com a evolução do praticante na sequência das sessões. (SANTOS, 2005).

O cavalo deve ser conduzido ora com passos largos, ora com passos curtos e com alterações de velocidade, proporcionando assim, necessidades de controle de equilíbrio na direção anterior e posterior do cavaleiro. (SEVERO, 1998).

Quando não há alinhamento de tronco ativo do praticante utiliza-se o apoio no quadril e o comando verbal. Com crianças com menores, sem controle e alinhamento de tronco e com baixa capacidade de compreensão pode-se estar utilizando a montaria dupla, onde o terapeuta monta atrás do praticante dando-o estabilidade. É necessário ficar atento e sempre se deve avaliar o grau de resistência física à fadiga, com a variação de pressão arterial e de frequência cardíaca e respiratória, persistência às dificuldades e tolerância a frustração que o praticante possui, para dar continuidade ou diminuir os estímulos de acordo com sua capacidade (CIRILLO, 2001).

O objetivo inicial pode ser o de o praticante conseguir adquirir o controle cervical pelo movimento do cavalo; a partir daí, evoluir para o controle de tronco, mas é importante dar continuidade aos ganhos com o equilíbrio do praticante nas sessões de outras formas de terapia que ele faça para que se melhore, por exemplo, a marcha.

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