Terapia Com Equinos Para Alunos Com Deficiência Mental

A interação com o animal desenvolve autoconfiança e autoestima
A interação com o animal desenvolve autoconfiança e autoestima

Fisioterapia

23/01/2013

Deficiência mental é um funcionamento intelectual significativamente inferior à média, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidado, vida doméstica, habilidades sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, autossuficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança. O início da manifestação da incapacidade deve ocorrer antes dos 18 anos de idade. A deficiência mental possui etiologias diferentes e provém de vários processos patológicos que afetam o funcionamento do sistema nervoso central. (CAMPOS, 2009).

A terapia com equinos proporciona a oportunidade de interação do meio físico e social, trabalhando a relação entre a consciência do sujeito e o mundo que o cerca. Complementa o processo ensino-aprendizagem por ser uma metodologia terapêutica e educacional, que utiliza o cavalo numa abordagem interdisciplinar, buscando o desenvolvimento biopsicossocial do deficiente. As terapias utilizando o cavalo podem ser consideradas como um conjunto de técnicas reeducativas que agem para superar danos sensoriais, motores, cognitivos e comportamentais, por meio de uma atividade lúdico-desportiva, que tem como meio o cavalo. (CITTERIO, 1991).

Para que ocorra aprendizagem é necessário que haja interação entre o indivíduo e seu ambiente, sendo que a qualidade dessa interação vai afetar diretamente a qualidade da aprendizagem. Nesse processo, fatores como a capacidade de manter a atenção concentrada, a capacidade de estabelecer vínculos afetivos e a autoconfiança assumem um papel de relevada importância. (ÁGUEDA, 2008).

Partindo dessa premissa, a Terapia com equinos se insere muito bem no contexto da aprendizagem, principalmente no que diz respeito às crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem nas áreas da leitura, escrita, matemática, psicomotricidade ou social. A terapêutica começa a acontecer no momento em que o aluno entra em contato com o animal. Inicialmente, o cavalo representa um problema novo com o qual o praticante terá que lidar, aprendendo a maneira correta de montar ou descobrindo meios para fazer com que o animal aceite seus comandos (como, por exemplo, levá-lo aos lugares em que deseja ir). Essa relação, por si só, já contribui para o desenvolvimento da sua autoconfiança e afetividade, além de trabalhar limites, uma vez que nessa interação existem regras que não poderão ser infringidas. (ÁGUEDA, 2008).

A interação com o animal, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, a montaria e o manuseio final desenvolvem, ainda, novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima (ANDE, 2000).

As sessões são realizadas longe das clínicas e salas terapêuticas. São feitas ao ar livre, interagindo com a natureza. Isso proporciona prazer aos pacientes adeptos a este método, fazendo com que estes indivíduos voltem às suas origens e desenvolvam uma atividade revalorizante para si mesmos (GUIMARÃES, 1989).

O cavalo não tem preconceitos e aceita o praticante, independentemente da sua condição, ajudando-o a resgatar a autoestima e a enfrentar desafios que jamais ousaria antes do tratamento. O vínculo com o cavalo ajuda muito não só as deficiências, mas igualmente as perdas, traumas e fracassos.

Além disso, a terapia com equinos auxilia o praticante a se organizar em relação ao seu espaço, a desenvolver a sequencialidade de seus atos até montar e comandar o cavalo, a aprimorar percepções auditivas, visuais, táteis cinestésicas, proprioceptivas, a desenvolver o equilíbrio, a postura, a lateralidade, as motricidades ampla e fina, o esquema e conscientização corporal e contribui, inclusive, para o enriquecimento de seu vocabulário. (CAMPOS, 2009).

Na montaria dos cavalos, o praticante pode vivenciar a superação de seus limites e, com isso, recuperar a crença na sua capacidade de aprendizagem, o que possibilita e facilita sua alfabetização.

O vínculo entre praticante-cavalo é formado por intermédio das relações. Nesse caso, esta relação não está apenas no âmbito mental, mas físico também, pois os dois, por intermédio dos estímulos que um propicia ao outro, vão tentando se adaptar, em que o praticante, precisa se equilibrar e acompanhar os movimentos do cavalo e o cavalo, por sua vez, está atento às ordens do praticante. Pouco a pouco essa inter-relação vai se ajustando e trazendo para o mesmo a sensação de ser compreendido, o que, segundo Rogers (1978), é uma das condições facilitadoras e necessárias no processo psicoterapêutico. Pode-se dizer que há aumento na autoestima, afetividade e autoconfiança, o que os torna mais tolerantes com os outros e consigo mesmos e favorece a formação da sua autonomia e independência.

A relação de confiança entre o praticante, cavalo e terapeuta, associada a um ambiente rico em estímulos e organizado em etapas, torna o contexto equoterapêutico motivador, gerando prazer na realização das atividades. Esse sentimento organiza a experiência das sensações e favorece o aprendizado em seu âmbito global, sem deixar de lado os aspectos específicos.

O contato com o cavalo, o toque e o carinho provocam no sujeito ganhos psicológicos, no sentido de permitir-lhe experimentar sensações novas, como o de subir em um animal tão alto, perceber uma nova forma de olhar ao seu redor e ao mundo. Suprimir o próprio medo, experimentar a sensação de liberdade proporcionada por estar em cima do cavalo e ter a possibilidade de olhar o mundo de outro ângulo, dá indícios de que os benefícios psicológicos são tão grandes quanto os físicos. (CAMPOS, 2009).

O cavalo, então, atua como motivador; por meio da aceitação incondicional e comunicação não verbal, sinaliza para o praticante com necessidades especiais que é possível, apesar de algumas limitações, descobrir que ele possui potencialidades que sirvam de alavanca para se iniciar uma nova vida, podendo desempenhar seu papel no âmbito social (CUDO, 2002).

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