Componentes Biológicos do Trauma Cirúrgico

Componentes Biológicos do Trauma Cirúrgico
Componentes Biológicos do Trauma Cirúrgico

Fisioterapia

10/12/2012

Podem ser primários (decorrentes diretamente da ação das forças físicas sobre os tecidos), secundários (reações de adaptação ou complicações decorrentes das alterações causadas pelos fatores primários) ou associados (não decorrem diretamente do trauma, mas influenciam a evolução pós-operatória) (Ribeiro, 2010):

Primários
Lesão tecidual
: perda da integridade do tegumento protetor.

Perdas sanguíneas: permeabilidade vascular aumentada no local traumatizado gerando acúmulo de água, eletrólitos e proteínas.

Secreção hormônio antidiurético e aldosterona.

Diminuição retorno venoso e débito cardíaco.

Secundários
Alterações endócrinas hormonais

Hipermetabolismo: consumo aumentado de oxigênio e aumento da atividade de síntese (para a multiplicação celular e geração de colágeno nos tecidos traumatizados).

Alterações hemodinâmicas: perda de plasma decorrente da sequestração de líquidos no local traumatizado, ação de drogas anestésicas sobre o coração e circulação periférica e hipotermia.

Infecções: a lesão cirúrgica no tegumento pode possibilitar invasões microbianas desencadeando abcessos, celulites e repercussões sistêmicas sobre o funcionamento do cérebro, pulmões, fígado e rins.

Falências orgânicas: lesões em pulmões, rins e coração.

Associados

Alterações de o ritmo alimentar: a interrupção total ou parcial da alimentação obriga que o organismo utilize o metabolismo de proteínas e lipídeos para suprir a necessidade energética.

Imobilização prolongada: a atrofia acompanha o desuso de grupos musculares e provoca catabolismo protéico com consumo de massa muscular. A imobilização favorece o acumulo de secreções pulmonares.

Perdas hidroeletrolíticas extrarrenais: perda de componentes eletrolíticos através de vômitos, diarréias, sondas ou fistulas.

Doenças viscerais intercorrentes: complicações em portadores de afecções endócrinas, cardiovasculares, renais ou hepáticas.

Fases Da Resposta Orgânica Ao Trauma
Ocorrem respostas diversas em cada fase específica do trauma (Ribeiro, 2010):

Fase catabólica (injúria): primeira resposta a uma agressão. Inicia com a aplicação da anestesia e dura de dois a quatro dias. O paciente normalmente apresenta desinteresse pelo meio ambiente, taquicardia, anorexia, redução acentuada ou abolição do peristaltismo e febre leve.

Fase de supressão de atividades endócrinas: fase de transição entre a primeira e a última etapa da recuperação que normalmente dura entre um e dois dias. O paciente mostra-se mais interessado no ambiente e lúcido, readquire apetite e o peristaltismo retorna. Ocorre o aumento da diurese, os batimentos cardíacos e a temperatura corporal se normalizam.

Fase anabólica: é a fase mais longa, durando de duas a cinco semanas. O edema traumático começa a ser reabsorvido e os tecidos lesados estão em franca regeneração. Ocorre a recuperação do vigor físico.

Cicatrização E Reparo Tecidual

Cicatrização é o processo através do qual se dá o fechamento de uma lesão e cicatriz é a marca resultante do reparo tecidual. O tecido cicatricial distingue-se da pele normal circundante pelas seguintes características:

Pouca pigmentação: formação inadequada de melanócitos na epiderme.

Deficiência de anexos cutâneos: pelos, glândulas sebáceas e sudoríparas.

Menor elasticidade tecidual.

Maior tendência a endurecimento e retração.

Estas alterações podem ser mais ou menos acentuadas e contribuem para determinar as características estéticas e funcionais das cicatrizes.

Classificação Dos Processos Cicatriciais

As feridas podem possuir características agudas ou crônicas (Arquero, 2010):

Agudas: o processo de cicatrização ocorre de forma ordenada e em tempo hábil, com resultado funcional e anatômico satisfatório.

Crônicas: o processo estaciona na fase inflamatória, o que impede sua resolução e a restauração da integridade funcional (úlceras venosas e de decúbito).

A cicatrização, em geral, pode ocorrer de três formas: primária, secundária ou terciária (Lopes, 1999; Schmitt, 2010):


Cicatrização primária (1ª intenção): ocorre em feridas limpas e que possuem bordas próximas. Caracterizam-se pela pouca perda de tecido e pela ausência de exsudato, como normalmente ocorre em incisões cirúrgicas suturadas e sem complicações. Teoricamente, produzem cicatrizes pouco visíveis.

Cicatrização secundária (2ª intenção): ferida aberta. A aproximação das superfícies não ocorre pela grande perda de tecidos, ou pela presença de infecção, necessitando que o organismo produza grande quantidade de tecido de granulação. Neste tipo de cicatrização, há uma tendência à formação de cicatrizes menos funcionais.

Cicatrização terciária (3ª intenção): feridas contaminadas que permanecem abertas por um tempo determinado para tratamento local. Após a descontaminação, a ferida é fechada por suturas, enxertos ou retalhos.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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