02/05/2017
Qual a mãe que nunca ouviu "dá um pouco de mel para aliviar a tosse", ou "coloca mel no chá ou suco que é melhor do que açúcar industrializado"? Mas o que parece o certo na verdade constitui-se em algo muito perigoso.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o mel não deve ser ofertado para crianças com idade inferior a um ano, pois nele pode conter os esporos da bactéria Clostridium botulinum.
Embora o mel apresente baixa atividade de água, alta concentração de açucares e baixo pH, o que lhe confere uma proteção natural contra os microrganismos, ele está sujeito à contaminações, neste caso não pela bactéria na sua forma vegetativa, mas sim esporulada, o que lhe confere uma certa resistência em condições adversas.
Os esporos do Clostridium botulinum são frequentemente excretados pelo ser humano sem causar nenhum dano à saúde, pois as condições normais do intestino não apresentam condições favoráveis para o seu desenvolvimento. Porém, crianças com idade inferior a um ano possuem ausência de uma microbiota competidora, já que esta ainda se apresenta imatura, um elevado pH e a falta de ácido biliar, tornando-se favorável à germinação dos esporos e a produção de toxinas que dará origem a uma doença conhecida como Botulismo Infantil.
O Botulismo Infantil é uma doença rara, mas de alta letalidade, principalmente quando não recebe atendimento médico em tempo hábil.
Os sintomas do Botulismo Infantil se manifestam, inicialmente, como um resfriado, podendo apresentar:
É de suma importância ficar atento aos movimentos da criança, se ela continua apresentando os movimentos normais ou se a criança faz movimentos corporais moles ou desajeitados.
Quem já deu mel ao filho não precisa se desesperar. O período de incubação da bactéria varia entre 12 e 36 horas até, no máximo, alguns dias. Passando esse período a criança não está mais sujeita aos perigos do botulismo. Se a ingestão do mel tiver sido recente, os pais devem ficar atentos aos sintomas citados acima. Em caso de dúvida, o ideal é procurar um médico.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
Biomédica habilitada em Patologia Clínica e Saúde Pública (FAN), Pós-graduanda em Microbiologia (UFBA) e Metodologia do Ensino Superior (UNINTER). Curriculo lattes: http://lattes.cnpq.br/7182048917539321
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