Toxicologia do N-Hexano

Farmácia

09/01/2016

Vindo de um componente do óleo cru e do gás natural e sendo um subproduto do petróleo, o n-hexano ou como produto de reações metabólicas de alguns fungos. A fonte de exposição e seus usos podem ser dados na produção de alimentos, extração de óleos vegetais, solventes na indústria de polidores, tinta e diluentes, na polimerização da borracha, em colas adesivas em termômetros, em produtos farmacêuticos e cosméticos, nos polietilenos e polipropilenos, na gasolina, em tinturarias, em indústrias têxteis e em impressoras e gráficas.

O n-hexano no organismo pode ser absorvido por via inalatória principalmente, mas também pode ser absorvido pela via cutânea e oral. Quando absorvido pela via inalatória 27% do n-hexano é absorvido pelos pulmões, alcançando o equilíbrio plasmático em 2 horas após a exposição. Possui grande afinidade por tecidos ricos em lipídeos, principalmente o SNC, distribuindo-se bem no cérebro, adrenais, rins e fígado, sendo que neste ultimo para ocorrer a saturação é necessário mais de 10 horas de exposição ao n-hexano. A meia-vida de armazenamento nos tecidos ricos em lipídeos é de aproximadamente 60 horas. A biotransformação é realizada por frações microsomais do complexo citocromo P450 e álcool-desidrogenases. É inicialmente hidroxilado a 3 álcoois (1-, 2- e 3-hexanol), pelo Cit P450 e após a oxidação desses alcoóis é mediadas pelas álcool-desidrogenases.

O contato intenso do solvente com a pele resulta na extração lipídica da camada epidérmica que pode evoluir pra lesões e eritemas. O n-hexano tem ação irritante na mucosa nasal, bucal, trato respiratório e córnea. O n-hexano e alguns de seus produtos de biotransformação como a metil-n-butil-cetona, 2-hexanol, 2,5-hexanodiol e 2,5-hexanodiona são capazes de desenvolver neurotoxicidade periférica, caracterizada por neuropatia progressiva motora, e senso motora. O mecanismo da neuropatia periférica não esta totalmente esclarecido, se aceita que há o acumulo distal de neurofilamentos de cerca de 10 nm, em fibras nervosas centrais periféricas de grande diâmetro. Acredita-se que o acúmulo distal de neurofilamentos seja provocado por múltiplos mecanismos de ação como: inibição de enzimas como a gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase, formação de pirrol em proteínas do citoesqueleto axonico e neutralização de carga positiva de proteínas dos neurofilamentos.

A 2,5-hexanodiona possui ação tóxica sobre os testículos podendo alterar a tubulina testicular e as células Sertoli dos microtúbulos.

O n-hexano em elevadas concentrações pode produzir leve ação tóxica nos sistemas hematopoiético e hepático. Os efeitos hematotóxicos (anemia e trombocitopenia) desaparecem quando cessa a exposição. No fígado tem sido relatada necrose de hepatócitos e aumento da fosfatase alcalina sérica. Embora não existam dados epidemiológicos que relacionem a neuropatia causada pelo n-hexano com a doença de Parkinson, estudos recentes tem feito essa associação. Efeitos adversos foram observados nos sistema imunológicos de animais e humanos expostos ao n-hexano, provavelmente produzidos pela 2,5-hexanodiona.

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Bruna Brasil Rodrigues Furtado

por Bruna Brasil Rodrigues Furtado

Farmacêutica generalista pela Faculdade Assis Gurgacz - FAG, especialista em Microbiologia Agroindustrial e Farmacologia. Atualmente aluna do mestrado em Ciências Farmacêuticas da UNIOESTE. Tem experiência na área de alimentos (pesquisa e indústria), indústria farmacêutica,docência, farmácia comunitária e saúde pública.

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