O Pequi

Farmácia

27/01/2015

O pequi, fruto do Cerrado, pode ser considerado fonte potencial de fitoquímicos, os quais possuem diversas funções em organismos vivos, como por exemplo, inibição do estresse oxidativo e atividade anti-inflamatória contribuindo, dessa forma, para a inibição do desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Estudos estão comprovando que este fruto é extremamente protetor pulmonar.


O pequi, fruta muito apreciada principalmente na região do Cerrado, é rico em lipídios, proteínas, minerais, fibras, carboidratos simples, além de teores expressivos de carotenoides, polifenóis e vitamina C, sendo superior a diversas frutas, amplamente difundidas no mercado (GONÇALVES et al., 2010).


A qualidade dos frutos depende, dentre vários fatores, do estádio de maturação por ocasião da colheita, o qual geralmente influencia muito na vida útil pós-colheita. Por ser fruto climatérico, o pequi tem uma vida útil muito curta. Os frutos são normalmente coletados no chão, logo que caem das árvores, quando são considerados maduros. Após a queda, os frutos tornam-se macios em dois ou três dias e após isto entram em processo de deterioração. Em função da crescente demanda e quando os preços são altos, muitos coletores realizam a coleta na árvore (“pequi de vara”), sem que os frutos tenham completado o processo de maturação, diminuindo a qualidade do fruto comercializado. Os frutos coletados na árvore são nutricionalmente inferiores aos coletados após a queda natural (OLIVEIRA et al, 2006).


Os resultados obtidos a partir do estudo feito por Pianovski e colaboradores (2008) através das avaliações do valor do pH, viscosidade e comportamento reológico durante os testes de estabilidade acelerada, testes que podem presumir a estabilidade da formulação, permitiram identificar o óleo do pequi como potencial para a indústria cosmética associado a cadeia produtiva de produtos naturais e desenvolvimento sustentável.


A polpa de pequi apresenta teor elevado de carotenoides (7,25 mg.100g-1). Os carotenoides identificados na polpa do pequi (C. brasiliense) são: β-criptoxantina e β-caroteno, neoxantina, violaxantina, luteína e zeaxantina. Alguns destes carotenoides são pró-vitamina A, que é importantíssima para a formação da visão e correta diferenciação celular e outros protetores da retina. Grande interesse tem sido demonstrado aos carotenoides luteína e zeaxantina devido sua importância na prevenção de doenças oftalmológicas, tais como catarata e a degeneração macular relacionada à idade. Diante disto é interessante a averiguação do efeito do consumo de pequi, por exemplo, na forma de nutracêutico por indivíduos idosos e seus benefícios à melhora da visão.


Infelizmente devido ao forte odor frutal devido a sua alta intensidade de ésteres inibe o consumo do pequi por alguns indivíduos que assim deixam de usufruir dos inúmeros benefícios deste muito nutritivo fruto.



Referências
GONÇALVES, G. A. S. ; VILAS BOAS, E. V. B. ; RESENDE, J. V. ; MACHADO, A. L. L. ; VILAS BOAS, B. M. . Qualidade do pequi submetido ao cozimento após congelamento por diferentes métodos e tempos de armazenamento. Revista Ceres, v. 57, n.5, p. 581-588, 2010.


OLIVEIRA, M.N.S ; GUSMÃO, Eduardo ; LOPES, P. S. N. ; SIMÕES, M. O. M. ; RIBEIRO, L.M. Estádio de maturação dos frutos e fatores relacionados aos aspectos nutritivos e de textura da polpa de pequi (Carryocar brasiliense). Revista Brasileira de Fruticultura, v. 28, n. 3, p. 339-558, 2006.


PIANOVSKI, A. R.; VILELA, A. F. G.; SILVA, A. A. S.; LIMA, C. G.; SILVA, K. K.; CARVALHO, V. F. M.; MUSIS, C. R.;
MACHADO, S. R. P.; FERRARI, M. Uso do óleo de pequi (Caryocar brasiliense) em emulsões cosméticas: desenvolvimento e avaliação da estabilidade física. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 44, n. 2, p. 249-259, 2008.