O transtorno depressivo é uma das psicopatologias mais prevalentes, séria, altamente recorrente e incapacitante, com altas taxas de suicídio, elevado uso de tratamentos com altos custos para sociedade e que ameaça a qualidade de vida do indivíduo. A característica essencial do episódio depressivo é a presença de humor deprimido e/ou perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades, durante um período de pelo menos duas semanas.
A depressão acomete pessoas de todas as idades, etnias e classes socioeconômicas e, segundo a Organização Mundial de Saúde para o ano de 2030 está previsto que seja a maior causa mundial de incapacitação, sendo principal causa global de doença.
A etiologia da depressão ainda não tem sido completamente identificada, mas acredita-se que é resultante de anormalidades celulares e moleculares que interagem com fatores genéticos e ambientais. O estresse parece ser um dos principais fatores ambientais que predispõem um indivíduo a depressão.
O metabolismo celular produz continuamente espécies reativas através da respiração e outras atividades metabólicas, tanto fisiológicas como patológicas. Radicais livres são moléculas que possuem um ou mais elétrons desemparelhados. Em geral, são instáveis e têm vida curta devido à natureza livre de seus elétrons que os tornam hábeis a reagir com diversos compostos ou alvos celulares, de modo a obter uma maior estabilidade química conferida pelo emparelhamento de elétrons.
Essas espécies reativas podem ser neutralizadas por defesas antioxidantes enzimáticas como superóxido dismutase, catalase, sistema glutationa e antioxidantes não enzimáticos como tióis não-protéicos, vitamina C e Vitamina E. Entretanto, o desequilíbrio entre os sistemas de defesa antioxidante através de uma elevada produção de espécies reativas e/ou um prejuízo dos sistemas de defesas antioxidantes, resulta no estresse oxidativo. Esse quadro de estresse oxidativo pode causar danos a todas as estruturas celulares, incluindo ácido desoxirribunucléico (DNA), lipídios e proteínas.
O sistema nervoso central (SNC) é especialmente susceptível ao estresse oxidativo, devido ao grande conteúdo lipídico altamente peroxidável e à alta taxa de metabolismo oxidativo cerebral. Neste contexto, o estresse oxidativo tem sido implicado em muitos mecanismos de neurotoxicidade, desempenhando papel importante na fisiopatologia de diversas doenças neuropsiquiátricas, incluindo perturbação depressiva maior (MDD), além disso, também tem sido associado a doenças como aterosclerose e câncer.
O conjunto de estruturas envolvidas na modulação da resposta comportamental ao estresse e na neurobiologia da depressão é complexo e engloba diversas regiões e circuitos encefálicos, os quais são altamente interconectados. Porém, certas estruturas têm recebido maior destaque, tais como hipocampo, córtex pré-frontal, hipotálamo, amígdala, tálamo e giro cingulado, sendo o conjunto dessas estruturas conhecido como sistema límbico. Acredita-se que prejuízos morfofuncionais nessas áreas estejam relacionados à depressão, por essa razão, essas estruturas são consideradas alvos estratégicos para o tratamento antidepressivo.
Sabe-se que drogas antidepressivas têm apresentado supra regulação da expressão gênica e aumento da atividade de uma importante enzima neuroprotetora antioxidante como a superóxido dismutase. Assim, deve-se esperar que drogas antidepressivas possam atuar também em outros defensores antioxidantes, devido aos inúmeros mecanismos antioxidantes existentes, podendo ser uteis em contrabalancear os efeitos deletérios produzidos por radicais livres.
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por Andreia Regina Haas da Silva
Andreia Regina Haas da Silva
Farmacêutica CRF: 116523
Doutoranda em Ciências Farmacêuticas pela UFSM
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