Antioxidantes são pequenas moléculas que age na proteção do organismo
Farmácia
03/06/2014
1-INTRODUÇÃO
As vitaminas são moléculas de peso pouco significativo, que atuam em pequenas doses, sem qualquer gasto energético de meio intrínseco. Visto que o organismo é incapaz de sintetizar estas vitaminas, as mesmas devem ser fornecidas a partir do meio externo. A vitamina C, na fase aquosa, em presença de metais de transição, libera radicais que atuam como molécula pró-oxidante, resultando nos radicais H2O2 OH-. Uma vez associada com a vitamina E, apresenta grande eficácia na inibição da peroxidação das gorduras. Além disso, a ingestão dessa vitamina contribui para condução do ferro para as hemácias, colaborando na profilaxia da anemia (Aranha et al., 2000 e Bianchi et al., 1999).
Um estudo conduzido por Costa et al. (2001), em um período de 35 dias, 72 crianças com deficiência de vitamina C receberam uma pequena dose de suco de acerola (teor médio 565mg vitamina C/ 100ml), constatou-se um aumento considerável na concentração média de hemoglobina. Desse modo percebe-se que a vitamina C previne doenças e tem grande importância no caso de infecções e na fisiologia adequada das paredes dos vasos sanguíneos. É indispensável na síntese de colágeno da maioria dos tecidos. Além disso, alguns estudos propõem que o uso continuo da vitamina C, e, altas doses, tem a capacidade de controlar o desenvolvimento da Miosite Ossificante Progressiva e contribui na profilaxia do escorbuto (Costa et al., 2001, Azulay et al., 2003 e Palhares et al., 2003).
Evidências acima descritas enfatizam o uso exclusivo da vitamina C para o tratamento de doenças e o bom funcionamento do corpo, e também associadas a outras substâncias. Entretanto, existem limitações no que tange a ação real e individualizada desta vitamina como sendo benefício aos indivíduos a ela submetidos.
1.1– Objetivo
O objetivo do presente estudo é verificar a aplicabilidade da vitamina C e seus benefícios nos indivíduos, de acordo com a literatura já produzida sobre o assunto abordado.
2- DESENVOLVIMENTO
O início dos estudos sobre o uso contínuo e benéfico da vitamina C é do ano de 1747, quando James Lind, médico da marinha inglesa associou a falta dessa vitamina com o escorbuto. Esse foi o primeiro estudo do uso controlado dessa vitamina. O reconhecimento popular dos benefícios da vitamina C só veio após a apresentação do trabalho de Linus Paulling. A partir daí começou a investigar a fundo qual era a real função dessa vitamina no organismo (Azulay et al., 2003).
Um estudo comparando a vitamina C pura e sintética com um extrato cítrico natural possuindo carboidratos, proteínas e bioflavonóides e concluiu-se que o extrato cítrico demora mais para ser absorvido, tornando-se dessa forma mais disponível no organismo, por isso essa forma mais indicada para a suplementação. Vale ressaltar que a eficiência terapêutica dessa substância vai depender de muitos fatores como interação com outros nutrientes, que pode ou não trazer benefícios (Aranha et al., 2000 e Bianchi et al., 1999).
Dentre as diversas funções que a vitamina C desempenha destacaremos nesse trabalho a ação antioxidante, o papel da vitamina C na síntese do colágeno, no processo de cicatrização, na absorção de ferro, e os benefícios do uso continuo em algumas doenças e na atividade física.
2.1- Ação antioxidante
Os antioxidantes são pequenas moléculas que age na proteção do organismo impedindo ou inativando os radicais livres, além de recuperar as partes lesadas por esses radicais. Os radicais livres são originados no metabolismo celular e por fatores externos (Bianchi et al., 1999).
Um estudo dirigido por Montera (2007) avaliou o uso continuo de suplementos antioxidantes, como a vitamina C como coadjuvante no tratamento da insuficiência cardíaca e sugeriu que a vitamina C juntamente com outros antioxidantes, como os ß caroteno, reduz o estresse oxidativo do miocárdio.
O que ocorre nesse caso é que vitamina C passa a atuar como agente redutor (doador de elétrons). Mantendo alto, os níveis de radicais livres vitamina C começa a ser consumida alterando um pouco o seu papel antioxidante (Vannucchi et al., 1998).
De acordo com Aranha et al. (2000) as doenças que surgem ao longo do envelhecimento tem forte ligação com o que o paciente ingere, por exemplo a vitamina C, que age diretamente contra os radicais livres, evitando o surgimento de doenças, como o câncer de estômago.
Durante a gestação há um aumento do estresse oxidativo provocado pelo aumento da taxa metabólica basal, tornando-se necessário a ingestão de agentes antioxidantes como a vitamina C. Estudos sugerem que níveis críticos da vitamina C influência de forma negativa no crescimento e desenvolvimento do feto e da placenta, podendo levar a um nascimento prematuro. Com relação a ingestão diária (de acordo com a literatura, de 34 mg aproximadamente) observa-se uma melhoria no peso do bebê ao nascer, uma vez que se elimina radicais livres, que é prejudicial ao feto e à mãe (Malta et al., 2008). 2.2- Síntese do colágeno
A vitamina C é primordial para o adequado metabolismo celular exposto na matriz do tecido conjuntivo. No tecido epitelial pavimentoso estratificado ceratinizado, as proteínas colágenas que constituem fibras rígidas e frouxas (colágenos do tipo I e III) colaboram com 85 e 90% e8 a11% das proteínas colágenas total sintetizadas, respectivamente. Existem enzimas responsáveis pela quebra de moléculas polipeptídicas, auxiliando na formação de moléculas colágenas especializadas. A hidroxilação manifesta-se efetiva nos mecanismos citados anteriormente. As enzimas férricas possuem importante papel no controle da ativação de outras moléculas. As células responsáveis pela formação das fibras no tecido conjuntivo propriamente dito, são os fibroblastos, e, ao reagir com a vitamina C, promove a fisiologia da síntese de colágeno. Além das características já abordadas, a vitamina C é capaz de influenciar significativamente a reprodução celular de células diploides (Azulay et. al., 2003).
Enquanto a idade reflete suas repercussões na pele, os tecidos situados abaixo da camada córnea, torna-se delgada e suas proteínas colágenas reduzem. Perante a radiação ultravioleta, sua produção é otimizada, de maneira continua, dando origem a radicais livres. Devido à intervenção na produção das proteínas colágenas, a vitamina C pode ser considerada eficaz quando acrescentada ao tratamento (Azulay et. al., 2003).
2.3- Processo de cicatrização
O processo de cicatrização consiste numa série muito complexa de eventos que vai do trauma a reconstituição do mesmo. Dentre esses processos iremos destacar os fibroblastos que sintetizam colágeno. O fato da vitamina C durante a síntese do colágeno doar elétrons, pode -se sugerir que ela aumenta a reparação tecidual (Petroianu et al., 2009).
Embora a suplementação de vitamina C não agir sobre as enzimas colagenase e a metaloproteinase, ela dar um maior suporte de substrato que poderia participar ativamente das reações indutoras da síntese de colágeno (Petroianu et al.,2009).
Uma pesquisa dirigida por Petroianu et al (2009) analisou a resistência cicatricial de Anastomose jejunaMl em ratos e chegou-se a resultados onde pode-se sugeri que a vitamina C atuou para aumenta a resistência das anastomoses jejunais nos 5 primeiros dias do pós-operatório levando a níveis que só seriam observados no 21° dia. É importante ressaltar que a ingestão da vitamina C iniciou 3 dias antes do pós-operatório e seguiu o padrão proposto em outros trabalhos. 2.4- Absorção de ferro
“A vitamina C aumenta a absorção intestinal dos íons de Ferro e sua mobilização, e influenciando sua distribuição dentro do organismo” (Aranha et al., 2000).
A falta desse elemento pode leva a pessoa a um quadro clinico conhecido como anemia. Diversos estudos demonstram o efeito benéfico dessa vitamina no estado hematológico. Em um dos estudos mostrou que crianças com deficiência de ferro ao ingerirem vitamina C tiveram um aumento significativo nos níveis de hemoglobina devido a maior absorção de ferro propiciada por essa vitamina. O mesmo pode ser observado entre os adultos e também houve um aumento na contagem de hemácias e Hematócrito (Costa et al.,2001).
2.5- Benefícios do uso continuo em algumas doenças
Por diversas vezes demonstrou-se que a vitamina C sendo consumida por infusão intravenosa recupera a vasodilatação em doenças cardiovasculares. Também ficou comprovado que ela age no processo de carcinogênese (formação de nitrosamina a partir de nitratos e nitritos) inibindo a formação desse composto. Desde modo a indústria utiliza a vitamina C, já que essas substâncias são usadas como conservantes (Fernandes et al. 2011).
A vantagem da vitamina C que quando se atinge a saturação no corpo ela começa a ser eliminada pelos rins e excretada na urina. Nota-se que na sua ausência o processo de ossificação normal é alterado pelo fato de ter impedimento na produção da matriz óssea. A Miosite Ossificante Progressiva é um exemplo que mostra a participação dessa vitamina na produção óssea normal. Um estudo dirigido por Palhares et al. (2001) demonstra 4 pacientes com essa doença e apresenta como solução a ingestão de vitamina C, uma vez que ela age na síntese do prócolágeno.
2.6- Vitamina C na atividade física
O uso contínuo da vitamina C como suplemento pode ser benéfico em caso de dor e lesões musculares. A partir de repetições de exercícios não habituais, foi constatado o efeito do uso da vitamina C sobre a recuperação. O grupo ingeriu duas doses de 200mg de vitamina C/dia e, ao fim de duas semanas, notou-se que a concentração de creatina kinase (CK) e de mioglobina não foram alteradas. No entanto, o uso da vitamina C resultou no aumento da concentração de MDA e da dor muscular sendo, portanto, benéfico na recuperação da função do músculo. Foi investigado também, o efeito do uso da vitamina C como suplemento, pós-exercício, através de repetições intensas de exercícios não habituais. Logo após o término da atividade, o grupo suplementado ingeriu 200mg de vitamina C, sendo repetida a dose outra vez no mesmo dia e na manhã e noite dos dois dias seguintes (Cruzat et. al., 2007).
A concentração da vitamina no plasma do grupo que recebeu o suplemento elevou-se uma hora após o término do exercício e manteve-se elevada durante três dias após o exercício. As concentrações de creatina kinase (CK) e mioglobina, todavia, não alteraram pelo uso da vitamina C, porém, a dor, quando ingerido uma dose de 400mg/dia por três semanas antes e por uma semana após exercício não habitual, teve por consequência um aumento da concentração sanguínea de vitamina C. Concluiu-se que o uso da suplementação resultou em um aumento nos estoques de vitamina C nos tecidos, o que colabora para a maior liberação dessa vitamina na circulação durante o exercício (Cruzat et. al., 2007).
3- CONCLUSÃO
Foram propostos neste trabalho os benefícios do uso contínuo da vitamina C na ação antioxidante, bem como o papel desta vitamina na síntese do colágeno, no processo de cicatrização, na absorção de ferro, nas atividades físicas e em algumas doenças.
Assim, analisando estas vantagens, conclui-se que a substância em questão, vinculada à alimentação ou na composição de um fármaco, desencadeia uma série de efeitos positivos no organismo humano. Entre as evidências que norteiam o tema do estudo, é imensurável a amplitude dos pontos positivos quanto ao método de ingestão da vitamina C. levando em consideração os diferentes meios de obtenção da mesma. 4- REFERÊNCIA
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2. Bianchi MLP, Antunes LMG. Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta. Rev Nutr Campinas 1999; 12: 123-30.
3. Costa M.J.C, Terto A.L.Q, Santos L.M.P, Rivera M.A.A, Moura L.S.A. Efeito da suplementação com acerola nos níveis sanguíneos de vitamina C e de hemoglobina em crianças pré-escolares. Rev. Nutr. 2001, 14: 13-20.
4. Azulay M.M, Lacerda C.A.M, Perez M.A, Filgueira A.L, Cuzzi T. Vitamina C 2003. An Bras Dermatol, 78: 265-274
5. Palhares D.B, Leme L.M. Miosite Ossificante Progressiva: uma perspectiva no controle da doença. Jornal de Pediatria 2001,77.
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7. Bonifácio N.P, César T.B. Influencia da digestão crônica do suco de laranja na pressão arterial e na composição corporal. Rev. Bras hipertens 2009,16:76-81.
8. Montera V.S.P. Benefícios dos nutrientes antioxidantes e seus cofatores no controle do estresse oxidativo e inflamação na insuficiência cardíaca. Revista da SOCERJ 2007, 20.
9. Vannucchi H, Moreira E.AM, Cunha D.F, Franco M.V.M.J, Bernardes M.M, Jordão-jr A.A. Papel dos nutrientes na peroxidação lipídica e no sistema de defesa antioxidante.Simpósio nutrição clinica 1998.
10. Malta M.B, Carvalhaes M.A.B.L, Parada C.M.G.L, Corrente J.E. Utilização das recomendações de nutrientes para estimar prevalência de consumo insuficiente de vitaminas C e Eem gestantes. Rev.Bras.Epidemiol 2008, 11: 573-83.
11. Petroianu A, Alberti L.R, Sousa S.D, Martins S.G. Efeito do ácido ascórbico e da hidrocortisona na cicatrização anastomótica intestinal.Rev. Col. Brás. Cir. 2009,36: 509-513.
12. Cruzat V.F, Rogero M.M,Borges M.C, Tirapegui J. Aspectos atuais sobre estresse oxidativo, exercícios físicos e suplementação. Rev. Bras. Med. Esporte 2007, 13
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por Yago Gabriel Assunção
Graduado em farmácia da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde- Suprema e minha missão é o bem estar do paciente. Quero contribuir de forma direta ou indireta, levando informações úteis até o meu paciente. Estou a disposição para qualquer dúvida, afinal cada dúvida é um aprendizado também para mim.
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