Cana-de-Macaco (Costus spicatus (Jacq.) S.w): Análise de prospecção fitoquímica

Farmácia

03/06/2014

O uso de plantas medicinais pelo homem vem desde primórdios da humanidade, mas apenas em 1978 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente o uso de fitoterápicos com finalidade profilática. Deste modo é de suma importância que os farmacêuticos conheçam as plantas medicinais para uma melhor Assistência Farmacêutica ( Ministério da Saúde, 2006).

O Brasil possui uma flora muito diversa, sendo considerada a maior do mundo com cerca de 55.000 espécies catalogadas de um total estimado entre 350.000 e 550.000 espécies. Com toda essa diversidade ainda não foi possível fazer uma biblioteca com as descrições e os benefícios trazidos por essas plantas. Por isso é necessário que se estimule a realização deste tipo de estudo para que se comprove a utilização etnobotânica e comprove a eficácia( Ministério da Saúde, 2006).

De toda essa biodiversidade escolhemos a planta medicinal chamada cientificamente de Costus spicatus (Jacq.) Sw e popularmente conhecida como Cana de Macaco pertencente a família Costaceae.

A família Costaceae era classificada como uma subfamília da grande família Zingiberaceae. O gênero Costus que o da planta analisada é o maior da família Costaceae com 125-175 espécies e apresenta maior diversidade morfológica da família.(Garcia, 2011).

Os constituintes químicos da Costus spicatus (Jacq.) Sw são os ácidos oxálico , inulina (carboidrato de reserva naturalmente presente em mais de 30.000 vegetais, formado por uma cadeia de moléculas de frutose e uma molécula de glicose terminal), taninos e matérias pécticas (macromoléculas glicosídicas de alto peso molecular que formam o maior componente da lamela média, uma fina camada de material adesivo extracelular entre as paredes primárias de células de vegetais superiores).

Desenvolvimento

As disciplinas de farmacobotânica e farmacognósia pertence a grade curricular do curso de farmácia e em especial a Suprema conta com um horto como suporte para o ensino destas disciplinas. Deste modo a professora das disciplinas propôs que em um primeiro momento na disciplina de farmacobotânica classificássemos a plantas selecionada e em um segundo momento já na disciplina de Farmacognosia conhecer os constituintes químicos perfazendo assim as primeiras etapas para a construção do desenvolvimento de novos fármacos.

Para iniciar um estudo é necessário seguir uma série de etapas que vai desde da identificação etnobotânica ao processamento final do fitoterápico. As disciplinas citadas serviram de suporte para o aprendizado dessas etapas.

No Horto da Suprema foi coletada a planta Costus spicatus Costus spicatus (Jacq.) Sw. conhecida como Cana de Macaco e perfazendo todo o roteiro acima exposto passamos pelo processo de triagem que consiste em separar as partes da planta (caule, folha e flor) e a seguir partimos para extração que foi realizada com álcool 70%. Como não trabalhamos com a droga vegetal in natura não foi necessário passar pelo processo de secagem.

Os extratos obtidos foram usados de acordo com a abordagem da Prof.: Dina Fagundes. Os extratos brutos das folhas,flor e do caule verde, foram utilizados na prospecção fitoterápica com vários testes para identificação em tubos de ensaio. Aqui, serão abordados apenas alguns constituintes químicos. Os referidos grupos não se excluem, pois são separados ora por características físicas, ora por propriedades químicas ou atividade biológica.

Ácidos Orgânicos

São encontrados em todo o reino vegetal, podendo desempenhar funções importantes no metabolismo primário da planta (fotossíntese e respiração). Os ácidos málico, cítrico, tartárico e oxálico são os mais comuns. Outros como o ácido fórmico, podem ser menos freqüentes. O ácido tartárico e seus sais podem ter ação laxativa suave. Os ácidos cítrico e tartárico podem aumentar o fluxo de saliva, contribuindo para reduzir o número de bactérias que causam cáries.

De modo geral, os ácidos são laxativos, diuréticos, estimulantes da respiração celular e do seu metabolismo. São antioxidantes e regeneradores dos tecidos. O acido oxálico e seus sais de potássio e cálcio podem estimular o surgimento de cálculos renais e reduzir a proporção de cálcio no sangue, o que pode afetar o funcionamento do coração. Portanto, plantas com muito ácido oxálico ou oxalato, como a cana-de-macaco, (Costus sp.), não devem ser utilizadas por longo período.

Alcalóides

Na sua maioria têm propriedades alcalinas, conferidas pela presença de nitrogênio amínico. É o grupo mais diverso dos produtos naturais. Essencialmente, têm apenas um ponto em comum que é possuírem pelo menos um átomo de nitrogênio na sua estrutura. Todos os alcaloides possuem N, C e H.. Podem ser sólidos ou líquidos, incolores ou de coloração amarela ou roxa. Esses compostos são encontrados nos vegetais predominantemente na forma combinada, com ácidos orgânicos, e em concentrações menores na forma livre. Desta forma são insolúveis em meio aquoso e solúveis em solventes orgânicos e na forma de sal a solubilidade é inversa.

Compostos Fenólicos

O fenol é um dos mais importantes constituintes vegetais e dá origem a diversos outros, como os taninos. O ácido salicílico encontrado em diversas plantas e de ação antisséptica, analgésica e anti-inflamatória, é utilizado na medicina alopática, sob a forma de um derivado, o ácido acetilsalicílico.

Compostos Inorgânicos

São constituintes normais dos vegetais que formam as cinzas ou resíduos, após a retirada da matéria orgânica. Os mais importantes são os sais de cálcio e de potássio. Os sais de potássio apresentam propriedades diuréticas, principalmente se acompanhados de saponinas e flavonoides, com capacidade de eliminar o sódio do corpo juntamente com a água, além de expulsar substâncias residuais acumuladas na circulação sanguínea.

Quinonas

São produtos da oxidação dos fenóis. São encontrados em bactérias, fungos, líquenes, gimnospermas e angiospermas. São conhecidos mais de 1.500 tipos. As mais importantes são as naftoquinonas e as antraquinonas.

Cumarinas

Trata-se de um heterosídio que apresenta diversas formas básicas: como a hidroxicumarina, a furanocumarina, a piranocumarina e os dicumaróis. Podem ocorrer em folhas, frutos, sementes e raízes. As cumarinas podem apresentar odor que caracteriza uma planta, como ocorre com o chachambá (Justicia pectoralis). Um dos metabólitos das cumarinas, obtido por fermentação é o dicumarol, um poderoso anticoagulante, por bloquear a ação da vitamina K, sendo usada na alopatia como base para medicamentos contra a trombose, em pequena dosagem, e como veneno para ratos, em grandes doses. Daí porque as plantas ricas em cumarinas devem ser secadas com cuidado.

Taninos

São substâncias complexas presentes em inúmeros vegetais, os quais têm a propriedade de se combinar e precipitar proteínas de pele de animal evitando sua putrefação e consequentemente, transformando-a em couro.

Os taninos são classificados em hidrolisáveis e condensados. Os hidrolisados são assim chamados por serem passivos de sofrerem hidrolise ácida ou enzimática.

Todas as afirmações acima feitas algumas informações estão discordando uma das outras desse modo algumas classificações da cana de macaco, foi definido através da visualização da planta pelos autores desse trabalho.

METODOLOGIA

A Faculdade de Ciências Medicas e da Saúde de Juiz de Fora-Suprema possui em seu espaço físico um Horto e o seu laboratório de análises químicas, que serve para o ensino da disciplina de Farmacognosia e para os alunos, principalmente do curso de farmácia, conhecer as plantas medicinais e os constituintes fitoterápicos que cada planta contém. Deste modo a disciplina de Farmacognosia foi estruturada para construirmos o conhecimento da matéria de Farmacognosia baseado na construção de testes para serem analisados as prospecções fitoterápicas da planta do Horto Suprema.

Para esse experimento foi dividido a turma do 4° período do curso de farmácia em 5 grupos e cada grupo ficou responsável por descrever sobre a sua planta. Nesse estudo, o grupo composto pelos integrantes Filipe Andrade, Rafael Andrade, Victor Hugo e Yago Gabriel foi a Costus spicatus vulgo Cana-de-Macaco.

RESULTADO E CONCLUSÃO

Todos os extratos brutos em etanol foram submetidos à prospecção fitoquímica o que permitiu através de testes qualitativos observar a presença de cumarinas, flavonóides, taninos e esteróides dentre os metabólitos especiais testados. Os extratos brutos dos caules e folhas verdes de Costus spicatus foram avaliados quanto ao seu potencial citotóxico os resultados obtidos mostraram que seus extratos brutos em etanol de caules verdes apresentaram maior potencial citotóxico e antioxidante.

Das espécies analisadas o extrato etanólico do caule verde de Costus spicatus, apresentou resultado mais relevante, uma vez que o mesmo apresentou maior potencial citotóxico e antioxidante. Provavelmente devido à presença de cumarinas, flavonóides, taninos e triterpenos.

REFERÊNCIA

1- Acessado em 11 de junho de 2011 as 10:00 Avaiable from: URL http://www.infoescola.com/plantas/lamiaceae/
2- Brant RS, Pinto JEBP, Rosal LF, Alves C, Oliveira C, Albuquerque, CJB. Adaptações fisiológicas e anatômicas de Melissa officinalis L. (Lamiaceae) cultivadas sob malhas termorrefletoras em diferentes intensidades luminosas. Rev Bras Pl Med 2011;13(4): p.467-74.
3- Haber L.L.; Luz J.M.Q.; Arvati Dóro, L.F.; Santos J.E. Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha Piperita e MelissaOfficinalis. Horticultura Brasileira 2005; 23(4): p.1006-09.
4- Montanari Júnior I, Pereira B, Magalhães PM. Ensaio comparativo da produtividade de duas variedades de Melissa officinalis L.In: JORNADA PAULISTA DE PLANTAS MEDICINAIS, 3., Campinas: CPQBA - UNICAMP, 1997b. p.82-83.
5- Severiano MVN, Dantas IC, Silva JC, FelisminoDC. Levantamento das plantas medicinais cultivadas no centro de estudo e pesquisa Malaquias da Silva Amorim. Revista Biologia e Farmácia 2010; 4(1):1983-2009.