Importância do atendimento humanista e a interferência socioeconômica

Farmácia

06/05/2013

Observamos no cotidiano dos serviços de saúde um atendimento não raro de descaso e descompromisso com a saúde pública. Este fator é observado com maior frequência em regiões onde a população encontra-se desprovida ou em condições inadequadas do ponto de vista socioeconômico. O cidadão necessitado do serviço de saúde muitas vezes não alcança seu objetivo em decorrência dos problemas de cunho financeiro. Muitas vezes o simples deslocamento do doente até a unidade de saúde é dificultado seja pelos custos , pela dificuldade de locomoção muitas vezes causada pela doença ou pela idade. Por outro lado, o profissional de saúde, que também tem suas dificuldades, precisa atender a população que necessita de seus serviços.

Em uma determinada ocasião tivemos sob nossos cuidados uma senhora idosa que chamaremos de *Antônia. Idosa, sofrendo de diabetes e hipertensão como grande número de brasileiros. Contava com o apoio dos familiares, o que é de grande valia dentro do processo de recuperação da saúde, principalmente nos casos de paciente internados. Dona Antônia necessitava, além disso, de um atendimento humanizado, pois se sentia muitas vezes solitária e triste pelas limitações impostas pela doença. Num primeiro momento de atendimento a esta senhora, a mesma apresentou-se um tanto grosseira, demonstrando “conhecer” o ambiente hospitalar, no qual havia trabalhado (sic). Nesse momento nossa postura fora de certa aversão àquela pessoa se mostrara tão arrogante. Agindo como se nada tivesse havido e dispensando um atendimento de qualidade ,viu-se despertar naquela senhora uma satisfação notória em seus olhos e por suas palavras de gratidão. “Nunca antes tive um atendimento desta forma”; alegava que os vários outros profissionais que haviam lhe atendido não dispensavam a atenção necessária ao seu problema de saúde, tirando suas dúvidas, dando-lhe novas informações dos procedimentos de saúde e de seu estado, se importando com suas dores e queixas.

As condições de internação se não eram perfeitas para sua recuperação, ao menos eram de boa qualidade, daquelas que hoje poucos têm acesso. Passado algum tempo uma ulceração de dona Antônia começou a cicatrizar, mesmo com toda dificuldade decorrente da diabetes, levando-a a obter alta hospitalar. Dessa internação restou uma relação carinhosa que transpôs as dimensões hospitalares. Embora a paciente seja portadora de uma doença crônica, um bom relacionamento com o profissional de saúde deu-lhe um maior empenho e ânimo ao tratamento, esquecendo seus pensamentos anteriores sobre fracasso, afirmações negativas sobre a idade avançada e a iminente “necessidade” de morte. Simples atos nos revelam consequências imensamente gratificantes do ponto de vista profissional e também pessoal, haja vista que os pacientes submetidos a tratamentos humanistas e boas condições sociais (sensação de utilidade, empregabilidade, educação e alimentação) respondem de forma mais eficiente aos tratamentos e obtém com maior facilidade a solução de seus problemas, seja a cura ou um paliativo eficaz para uma maior e melhor qualidade de vida.