Strongyloides sp. - Parasitos

As infecções podem assumir um curso crônico
As infecções podem assumir um curso crônico

Farmácia

24/04/2013

A família Strongyloididae compreende nematoides de vida livre que vivem em geral no solo ou na água.

Biologia de Strongyloides

Strongyloides stercoralis é parasito frequente da espécie humana, desenvolvendo seu ciclo vital em parte no solo, onde se encontram fêmeas e machos, e parte como parasitos teciduais da parede intestinal, onde só há fêmeas partenogenéticas. Estas produzem ovos já embrionados ou parem larvas de tipo rabditoide, L1, que deixam a mucosa e saem com as fezes.

No solo elas formam machos e fêmeas que põem ovos de onde eclodem outras larvas L1. As larvas L1, de ambas origens transformam-se no solo em L2 ou larvas filarioides infectantes, capazes de penetrar através da pele humana.

A infecção é a estrongiloidíase (= estrongiloidose ou anguilulose) que pode ser assintomática, produzir enterite ou enterocolite de maior ou menor intensidade e, um quadro grave e fatal nos pacientes que usam corticoides.

O parasito apresenta dois ciclos possíveis:

a) Ciclo direto: onde as larvas rabditoides eliminadas com as fezes transformam-se, no meio exterior, em larvas filarioides capazes de infectar diretamente as pessoas;
b) Ciclo indireto: larvas rabditoides formam, no solo, machos e fêmeas que produzem ovos; estes eclodem produzindo larvas L1 que passam a L2, infectantes para aqueles que andam descalços ou põem alguma região cutânea em contato com o solo.

Somente as larvas filarioides são infectantes e penetram habitualmente pela pele dos pés. Mas podem infectar por via oral (sem fazer o ciclo pulmonar). Além da heteroinfecção, em que o parasito vem do solo ou de outro paciente, pode haver:

a) Autoinfecção externa, se as larvas L1 passarem a L2, no períneo e invadirem a pele do próprio paciente; ou forem levadas à boca pelas mãos sujas deste ou pelos alimentos que contaminou.
b) Autoinfecção interna, se a passagem de L1 para L2 ocorrer no intestino do próprio paciente, em função da constipação intestinal (casos raros) ou a imunodepressão.
c) Essas circunstâncias explicam a duração ou o aumento da população parasitária em certos casos. Mas, a situação mais grave é a decorrente do uso de doses elevadas e prolongadas de corticoides. Pois, no metabolismo destas drogas formam-se compostos semelhantes aos hormônios de crescimento e muda dos helmintos: as ecdizonas, que fazem as larvas L1 passarem a L2 sem sair do intestino. O ciclo parasitário fecha-se então com grande produção de fêmeas partenogenéticas e invasão larvária de todo o organismo, levando o paciente ao óbito.

Formas clínicas da estrongiloidíase

As lesões causadas por esta infecção situam-se em diferentes níveis:

a) Na pele, costumam ser discretas ou formarem placas de eritema nos pontos de penetração das larvas; lesões urticariformes aparecem em torno do ânus na autoinfecção externa.
b) Durante o ciclo pulmonar, são produzidas pequenas hemorragias no parênquima quando as larvas invadem os alvéolos e aí fazem suas mudas. Elas chegam a causar uma pneumonite difusa ou síndrome de Loeffler, com a presença de larvas no escarro. Esse quadro pode prolongar-se ou repetir-se com frequência.
c) No duodeno e no jejuno as lesões são produzidas na mucosa pela presença das fêmeas partenogenéticas, dos ovos que eclodem e das larvas filarioides que migram para a luz intestinal, produzindo lesões mecânicas, histolíticas e inflamatórias. Observa-se aí uma inflamação catarral, pontos hemorrágicos e ulcerações várias, em função da carga parasitária. O edema pode estender-se à submucosa. Em consequência da duodeno-jejunite, aumenta o peristaltismo, causando diarreia e evacuações mucossanguinolentas. Fibrose e atrofia da mucosa vão transformando o duodeno e jejuno em um tubo quase rígido.

No início, a penetração larvária pode ser assintomática ou, em pacientes sensibilizados, acompanhar-se de eritema, de prurido ou de manifestações urticariformes. Dias depois, podem surgir tosse, expectoração e ligeira febre; ou a síndrome de Loeffler (pneumonite difusa). Em alguns casos, uma crise de asma. Depois, os sintomas mais importantes são os digestivos, variando com a carga parasitária: desconforto abdominal, cólicas, dores vagas ou imitando úlcera péptica, surtos diarreicos, anorexia, náuseas e vômitos.

Na fase aguda, há leucocitose que pode apresentar 15 a 45% de eosinófilos. Nos casos graves aparecem: anemia, emagrecimento, desidratação, astenia, irritabilidade nervosa ou depressão.

As infecções podem assumir um curso crônico, em virtude da autoinfecção, tanto externa como interna, persistindo por 20 ou 30 anos. Também sucede de a doença evoluir de forma grave ou fatal com ulcerações extensas ou uma síndrome de suboclusão intestinal alta.

Diagnóstico laboratorial da estrongiloidíase

O diagnóstico deve ser suspeitado sempre que houver eosinofilia não explicada por outras causas; ou deve ser procurado em pacientes que vão tomar ou estão tomando corticoides. Mas, devido ao caráter inespecífico do quadro clínico, ele deve ser confirmado pelos exames de laboratório.

Em um exame de fezes comum (exceto o método de Kato) o que se espera é encontrar as larvas rabditoides (L1); não os ovos. Como elas são escassas, usar uma das técnicas coproscópicas de enriquecimento para a pesquisa de larvas nas fezes, como:

a) O método de Rugai;
b) O método de Baermann;
c) Ou a coprocultura de Harada-Mori.

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