Muitas das interações medicamentosas têm importância relativa
Farmácia
22/04/2013
As interações medicamentosas, isto é, aquelas que ocorrem entre dois ou mais fármacos, são as mais estudadas, e este termo não pode ser confundido com os casos em que há reações físico-químicas entre componentes de misturas intravenosas. A estes fenômenos dá-se o nome de incompatibilidade farmacêutica.
É importante lembrar que existem interações medicamentosas benéficas ou desejáveis, que têm por objetivo tratar doenças concomitantes, reduzirem efeitos adversos, prolongar a duração do efeito, impedir, ou retardar o surgimento de resistência bacteriana, aumentar a adesão ao tratamento, incrementar a eficácia ou permitir a redução de dose.
As interações indesejáveis são as que determinam a redução do efeito ou o resultado contrário ao esperado, aumento na incidência e na gama de efeitos adversos e no custo da terapia, sem incremento no benefício terapêutico.
As interações que resultam em redução da atividade do medicamento e consequentemente na perda da eficácia são difíceis de detectar e podem ser responsáveis pelo fracasso da terapia ou progressão da doença.
As interações medicamentosas geralmente se traduzem em reações adversas ou toxicidade a um tecido ou sistema específico, ou ainda em falta de atividade terapêutica. Quanto mais fármacos o paciente estiver utilizando, maiores serão as chances de ocorrer interações entre eles.
As possibilidades são muitas; entretanto, a grande maioria é clinicamente trivial ou totalmente teórica.
Para que essas interações sejam importantes clinicamente, é necessário que a faixa terapêutica do fármaco envolvido seja relativamente estreita, aonde um aumento na sua concentração conduza à toxicidade ou a uma diminuição que afete a sua eficácia.
Apesar de alguns estudos demonstrarem incidências baixas de interações medicamentosas, algumas destas podem trazer consequências graves.
Alguns fatores relacionados à utilização de medicamentos, como efeito farmacológico múltiplo, prescrições múltiplas, não compreensão do paciente em relação ao tratamento farmacológico, uso abusivo de medicamentos, desinformação dos prescritores e dispensadores e uso de medicamentos por automedicação, contribuem para a ocorrência de interações medicamentosas.
Há muitos fatores que influenciam na resposta de um medicamento. Existem relatos de que alguns pacientes têm predisposição a desenvolver efeitos adversos.
Fatores genéticos, idade, condições gerais de saúde, funções renal e hepática, consumo de álcool, tabagismo, dieta, assim como fatores ambientais, influenciam a suscetibilidade para interações medicamentosas.
Algumas interações medicamentosas apresentam potencial para causar danos permanentes, muitas são responsáveis por deterioração clínica do paciente - hospitalizações, aumento no tempo de internação, enquanto outras são leves e não exigem medidas especiais.
Uma crescente atenção tem sido direcionada para as interações medicamentosas, nos últimos anos, principalmente, no meio hospitalar. Muitos programas informatizados têm sido desenvolvidos e são apontados na literatura como uma importante ferramenta na revisão de prescrições médicas.
Estes, quando utilizados em hospitais, têm demonstrado resultados satisfatórios, visto que se mostram capazes de reduzir as interações medicamentosas.
Alguns autores relatam como vantagens: agilidade na análise das prescrições; redução de erro de medicação; tempo de internação e gastos. Estudos que comparam a eficiência de farmacêuticos e de programas informatizados em detectar interações medicamentosas concluem que os programas identificam um maior número de interações, sendo, desta forma, mais eficientes do que o profissional farmacêutico.
Por outro lado, estudos alertam para o fato de que a probabilidade de detectar interações irrelevantes aumenta com a utilização daquela ferramenta. Outros autores, também, observam a necessidade de um maior desenvolvimento dos programas informatizados, entretanto desenvolver programas eficientes ainda consiste em grande desafio.
Tem sido recomendada a utilização de programas informatizados para a avaliação da prescrição médica, com destaque na importância do farmacêutico no controle e avaliação dos medicamentos prescritos, no hospital, mas, principalmente, aqueles que os pacientes trazem consigo, já que os programas não podem identificar interações com estes medicamentos.
A prescrição de vários medicamentos para o tratamento de uma patologia é uma prática muito comum. Nos hospitais, a maioria dos pacientes pode receber várias drogas simultaneamente.
Nos serviços clínicos, o número médio de drogas administradas a pacientes durante uma hospitalização pode variar de 10 a 13, sendo que muitos podem receber muito mais.
No caso dos pacientes ambulatoriais, além dos medicamentos prescritos, muitos costumam consumir analgésicos, medicamentos para resfriados, antiácidos, anticoncepcionais e outras drogas sem prescrição.
Considerando ainda que a maioria das 50.000 especialidades farmacêuticas registradas na Divisão de Medicamentos, da Secretaria da Saúde, é constituída de medicamentos com vários princípios ativos, a probabilidade de interação entre os vários fármacos e modificação dos efeitos terapêuticos é muito alta.
Na prática clínica, muitas das interações medicamentosas têm importância relativa, com pequeno potencial lesivo para os pacientes, porém há interações com efeitos colaterais graves, podendo inclusive levar o paciente a óbito, o que ressalta a importância do conhecimento das interações e da identificação precoce dos pacientes em risco.
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por Colunista Portal - Educação
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