Preparação de Supositórios: Cálculo para Calibração dos Moldes
O método da fusão é o mais comum para a preparação dos supositórios
Farmácia
17/04/2013
Supositórios são formas farmacêuticas sólidas, ou sólido-plásticas, de diferentes formatos e tamanhos, e, destinadas à administração pela via retal, vaginal ou uretral. Em geral, fundem-se, amolecem ou dissolvem-se à temperatura corporal, liberando o ativo. Pode apresentar ação sistêmica ou local.
A principal vantagem dos supositórios é o sucesso na administração de fármacos extensivamente metabolizados, devido ao efeito de primeira passagem, e de moléculas inativadas no estômago ou intestino. Ainda, os supositórios oferecem uma alternativa eficaz para administração sistêmica em pacientes incapazes de deglutir a medicação. Por outro lado, são formulações de manipulação trabalhosa e a absorção não pode ser prevista com sucesso, já que o conteúdo de fluidos nos locais de administração é pequeno.
Duas bases são mais comuns na preparação dos supositórios: (i) a de polietilenoglicol (PEG), que sofre dissolução; (ii) a base de manteiga de cacau (lipofílica), que se funde. A manteiga de cacau é preferida para administração retal por não ser irritante e ser mais suave, não causando desconforto e não induzindo a defecação. Além do que, bases lipofílica são menos reativas e, portanto, mais estáveis. Todavia, podem formar misturas eutéticas com certos ativos e sofrer fusão durante o armazenamento. Já as bases de PEG são preferidas para administração retal e vaginal.
O método da fusão é o mais comum para a preparação dos supositórios por ser mais simples e originar supositórios com boa aparência. Cuidados especiais devem ser tomados na incorporação de ativos sensíveis ao calor e moldes especiais devem ser empregados. Os volumes usuais são de 1 mL (pediátrico retal) e 2 mL (adulto retal, uretral feminino e vaginal). Uma vez que os componentes são fundidos e vertidos no molde, a quantidade unitária vai depender do volume da cavidade do molde. A dose de fármaco vai depender então da concentração do ativo na base e do peso da mistura que, por sua vez, dependerá da sua densidade após fusão. Por exemplo: o volume usual de um supositório infantil é 1 mL. A densidade da manteiga de cacau é de 0,86 g/mL. Um supositório infantil só de manteiga de cacau pesaria 0,86 g (d = m/V ?0,86 g/mL = m.1 mL ? 0,86 g). Pelo exposto, fica óbvia a necessidade de cálculos de densidade das bases e deslocamento do ativo, de calibração dos moldes ou procedimento de dupla fusão para o preparo dos supositórios.
A preparação de supositórios sem ativos, a partir de uma base com densidade conhecida, é o método mais simples de calibração dos moldes. Ainda, a aplicação do fator de deslocamento ou de densidade do fármaco facilita a manipulação dos supositórios.
Método 1 - dupla fusão: método que desconsidera a densidade da base, mas considera,
na prática, o deslocamento do ativo. Sem calibração dos moldes.
Passo 1 - pesar o fármaco na quantidade exata para um supositório.
Passo 2 - dissolver ou fundir uma pequena quantidade de base.
Passo 3 - incorporar o ativo em quantidade insuficiente de base para preencher um molde .
Passo 4 - verter a mistura obtida em 3 na cavidade.
Passo 5 - completar com outra parte da base fundida preenchendo a cavidade completamente.
Passo 6 - após resfriamento, remover o supositório e pesá-lo. Passo 7 - determinar a massa do supositório subtraindo a massa total da massa de fármaco.
Passo 8 - repetir o processo mais 1 ou 2 vezes e obter a média dos valores.
Método 2: desconsidera a densidade da base e deslocamento do fármaco é teórico (considerado igual a 1).
Passo 1 - calibração do molde - preparar supositórios somente com a base pura, previamente fundida, vertendo-a em 5 cavidades. Após resfriamento, remover os supositórios.
Passo 2 - pesar os cinco supositórios individualmente e determinar o peso médio (somar os pesos individuais e dividir por 5).
Passo 3 - calcular a quantidade de base necessária para manipular o número de supositórios prescritos.
Passo 4 - calcular a quantidade de fármaco contida na prescrição.
Passo 5 - para determinar a massa de base por supositório, descontar a quantidade de fármaco da quantidade total de base.
Método 3: considera a densidade da base e o fator de deslocamento real do fármaco. Segue-se os mesmos passos do método 2 aplicando, contudo o fator de densidade para o fármaco. Neste caso, a quantidade de base deslocada pelo fármaco deve ser descontada.
Quando compensar as diferenças de volume aplicando o fator?
a. O fármaco é parte representativa da forma farmacêutica.
b. Existe diferença de densidade entre a base e o fármaco. Se o fator de densidade for igual a 1, não há a necessidade de aplicar o fator.
Método 4: determinação do fator de densidade. Emprega a dupla fusão.
Calibração do molde com a base pura Passo 1 - preparar supositórios somente com a base pura, previamente fundida, vertendo-a em 5 cavidades. Após resfriamento, remover os supositórios.
Passo 2 - pesar os cinco supositórios individualmente e determinar o peso médio (somar os pesos individuais e dividir por 5).
Calibração do molde com a base contendo o fármaco Passo 3 - pesar o fármaco na quantidade exata para 5 supositórios.
Passo 4 - dissolver ou fundir certa quantidade de base.
Passo 5 - incorporar o ativo em quantidade insuficiente de base para preencher completamente todos os moldes . Passo 6 - verter a mistura obtida em 5 nas cavidades.
Passo 7 - completar com outra parte da base fundida preenchendo as cavidades completamente.
Passo 8 - após resfriamento, remover os supositórios e pesá-los.
Passo 9 - pesar os cinco supositórios individualmente e determinar o peso médio (somar os pesos individuais e dividir por 5).
Determinação do fator de densidade Passo 10 - calcular a quantidade de base deslocada, subtraindo a massa dos supositórios contendo o fármaco da massa do supositório preparado com a base pura.
Passo 11 - determinar, por regra de três, o fator de densidade para o fármaco na base.
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por Colunista Portal - Educação
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