24/03/2013
A carcinogênese ou oncogênese, é um processo multifatorial e de várias etapas que culmina na formação e no desenvolvimento de neoplasias. As neoplasias são distúrbios decorrentes da alteração da expressão de genes que estimulam a multiplicação celular; controlam a proliferação celular dentro dos limites fisiológicos; regulam a apoptose; comandam o reparo do DNA; ou que comandam os mecanismos de silenciamento genético.
Os genes que controlam a proliferação celular, também conhecidos como antioncogenes, estão envolvidos no controle de pontos estratégicos da cadeia de eventos relacionados ao crescimento e à diferenciação celular, evitando a multiplicação celular descontrolada, sendo assim são ditos "freios" da divisão celular. Estes genes, quando inativados favorecem o aparecimento das neoplasias e passam a ser chamados de genes supressores de tumor. Geralmente, ambos alelos de um gene devem sofrer mutação para que ocorra a carcinogênese. Os pricipais genes supressores de tumor são o Rb, p53, INK4, p19, APC, WT-1, NF-1 entre outros.
O gene p53, considerado como o “guardião do genoma”, é uma proteína que evita a propagação de células geneticamente defeituosas, dentre todos aqueles reconhecidamente envolvidos nos processos de carcinogênese, é o de maior importância, pois este sofre mutação em mais de 50% de todos os cânceres humanos.
É interessante que algumas substâncias carcinogênicas podem induzir mutações específicas em p53. Por exemplo, a ingestão dietética de aflatoxina, que pode resultar em câncer de fígado. E a exposição ao benzopireno, potente mutagênico e carcinogênico encontrado no cigarro, produz mutações em três códons do gene que estão relacionadas ao aparecimento do câncer de pulmão. O gene p53 também está funcionalmente ligado e relacionado à patogênese da LMA (leucemia mielóide aguda).
Apesar das mutações em p53 serem, na maioria das vezes, observadas em células somáticas, também podem ocorrer em células germinativas, carcterizando a Síndrome de Li-Fraumeni. Esta síndrome é uma condição rara de câncer hereditário, que se caracteriza pela predisposição a tumor cerebral, sarcomas, leucemias e carcinoma adrenocortical em crianças e adultos jovens.
O envolvimento, direto ou indireto, do gene p53 tem sido observado na etiopatogenia de praticamente todas as neoplasias humanas, incluindo as leucemias e linfomas. Conhecer seus mecanismos de ação é de fundamental importância para compreender as bases moleculares da carcinogênese e com isso aprimorar as estratégias de diagnóstico, prognóstico e terapêutica.
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Estagiária do Laboratório de Análises Clínicas BIOMED e estudante do nono período do curso de Bacharelado em Farmácia Generalista e monitora de Patologia do Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau).
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