Drogas: Mecanismos de ação

Drogas atingem principalmente jovens
Drogas atingem principalmente jovens

Farmácia

01/02/2013

Segundo os Profª. Sollero T. C.S. e Prof. Amaral J.R., quando uma pessoa usa uma droga psicoativa e o efeito por ela produzido é de alguma forma agradável, este efeito adquire para aquela pessoa o caráter de uma recompensa.

Como comprovam os estudos experimentais realizados por psicólogos comportamentalistas, todos os comportamentos que são reforçados por uma recompensa tendem a ser repetidos e aprendidos.

E as sucessivas repetições tendem a fixar não só o comportamento que conduz à recompensa, mas, também, estímulos, sensações e situações indiferentes eventualmente associados a esse comportamento.

Os usuários de drogas referem, por exemplo, que o ver certos lugares ou pessoas, o ouvir certas músicas, etc., desencadeando-lhes a vontade de usar sua droga preferencial.

Usando tomografia com emissão de pósitrons (PET), a Doutora Edythe D. London e seus colegas do Centro de Pesquisa em Adição, em Baltimore, obtiveram imagens mostrando que em pessoas que haviam usado cocaína, deixas associadas ao uso da cocaína, disparavam aumento no metabolismo da glicose em regiões cerebrais associadas com a memória e o aprendizado (córtex pré-frontal lateral, amígdala e cerebelo).

Estudos recentes indicam que há uma cadeia de reações, envolvendo diversos neurotransmissores, que culmina com a liberação do neurotransmissor dopamina em uma região do cérebro chamada núcleo accumbens. Este núcleo, que recebe projeções de células dopaminérgicas situadas na área tegmental ventral, é um local de convergência para estímulos procedentes da amígdala, hipocampo, área entorrinal, área cingulada anterior e parte do lobo temporal.

Deste núcleo partem referências para o septo, hipotálamo, área cingulada anterior e lobos frontais. Devido às suas conexões aferentes e eferentes o núcleo accumbens desempenha importante papel na regulação da emoção, motivação e cognição.
       
Robinson e Kolb verificaram que a administração repetida de anfetaminas, em ratos, produzia alterações morfológicas no núcleo accumbens e no córtex pré-frontal, que duravam mais de um mês.

A exposição à anfetamina produzia aumento no comprimento dos dendritos, na densidade das espinhas dendriticas e no número de espinhas ramificadas dos neurônios espinhosos médios do núcleo accumbens e efeitos semelhantes nos dendritos apicais da camada III de neurônios piramidais no córtex pré-frontal.

Ainda, segundo os Professores Sollero T. C.S. e Amaral J.R. Certas características parecem ser comuns a todas as drogas que levam ao abuso:

• O desejo é similar para todas as que produzem dependência, embora diferentes grupos de drogas tenham diferenças no efeito fisiológico e comportamental,

• Fatores ambientais influenciam não somente o efeito agudo da droga, mas também a probabilidade de eventual dependência, bem como a sua recaída.

• Há uma predisposição genética para a dependência.

• Na continua exposição à droga, o desejo de consumi-la aumenta, embora em muitos casos a capacidade da droga em produzir euforia apresente uma gradativa diminuição.

• Para muitas drogas o desejo não ocorre durante a síndrome de abstinência, mas quando o efeito máximo da droga começa a declinar.

É fácil compreender a grande variedade de efeitos para diferentes classes de drogas, porque cada classe afeta diferentes sistemas de neurotransmissores, no entanto, a dependência é uma condição comum a todas as drogas.

Robinson e Berridge em 1993 demonstraram que diferentes classes de drogas psicoestimulantes e o abuso de drogas levavam a um aumentam da concentração extracelular de dopamina no núcleo accumbens, uma área do sistema dopaminérgico mesolímbico, incluindo as drogas: cocaína, anfetamina, opióide, álcool, cafeína, barbitúrico e nicotina.

Como foi descrito por Nastler (1994) a dopamina atua na proteína G, alterando os níveis de AMPc no núcleo accumbens. O AMPc ativa várias proteínas quinases que regulam fatores de transcrição como CREB (elementos que se ligam à proteína em resposta ao AMPc).

Estes fatores de transcrição ligam-se a regiões especificas no DNA promovendo aumento ou diminuição na velocidade de certas transcrições gênicas. O stress agudo e principalmente crônico contribui com a liberação intensa de glicocorticóides, que são conhecidos por aumentarem a sensibilidade do núcleo accumbens ao abuso de drogas, porque facilita a liberação da dopamina neste núcleo.

A base genética da dependência afeta múltiplos genes localizados no genoma. A transcrição da ativação do receptor dentro do sistema dopaminérgico parece levar a ativação de gens especifico (C-fos), que ativam a proteína (proteína relacionada Fos) que pode ter um papel neuroadaptativo para administração repetidas de drogas.

Nova análise genética como a manipulação do genoma molecular ajuda a identificação de elementos que podem conferir vulnerabilidade para abuso de drogas e dependência.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Colunista Portal - Educação

por Colunista Portal - Educação

O Portal Educação possui uma equipe focada no trabalho de curadoria de conteúdo. Artigos em diversas áreas do conhecimento são produzidos e disponibilizados para profissionais, acadêmicos e interessados em adquirir conhecimento qualificado. O departamento de Conteúdo e Comunicação leva ao leitor informações de alto nível, recebidas e publicadas de colunistas externos e internos.

Portal Educação

UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93