17/10/2012
Acidentes de trabalho com material biológico e/ou perfurocortantes entre os profissionais de saúde:
Os acidentes de trabalho com material biológico e/ou perfurocortante apresentam alta incidência entre os profissionais de saúde devido aos inúmeros riscos ocupacionais a que esses trabalhadores estão expostos. Diante disso, este estudo tem por objetivo aumentar a compreensão e o conhecimento sobre o tema proposto. Constatou-se que pelo elevado índice de acidentes de trabalho com materiais biológicos e/ou perfurocortantes pode-se diminuir essas ocorrências pela adoção de medidas de biossegurança, mudanças no comportamento e organização no ambiente de trabalho, e desenvolvimento de estratégias e programas de capacitação profissional que possibilitem aos profissionais de saúde desempenhar suas atividades com segurança e confiança.
Introdução
Saúde é a condição em que um indivíduo ou grupo de indivíduos é capaz de realizar suas aspirações, satisfazer suas necessidades e mudar ou enfrentar o ambiente.
Os acidentes de trabalho são definidos, segundo o Ministério da Previdência Social, como acidentes que ocorrem pelo exercício do trabalho a serviço da empresa provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária.
O acidente de trabalho em nosso país deve ser comunicado imediatamente após sua ocorrência, por meio da emissão da Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT), que deve ser encaminhada à Previdência Social, ao acidentado, ao sindicato da categoria correspondente, ao hospital, ao SUS e ao Ministério do Trabalho. Os acidentes de trabalho podem estar relacionados a uma série de fatores predisponentes devido às peculiaridades das atividades realizadas na assistência ao ser humano. Dentre esses se destacam, os fatores biológicos, físicos, fisiológicos, químicos e psicossociais.
Os acidentes de trabalho com exposição à material biológico envolvem sangue e outros fluídos orgânicos, ocorridos com os trabalhadores da área da saúde durante o desenvolvimento do seu trabalho, onde os mesmo estão expostos a materiais biológicos potencialmente contaminados.Os ferimentos com agulhas e material perfurocortante em geral são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir doenças agudas, crônicas e até mesmo a morte de profissionais da área da saúde. As principais doenças vinculadas são HIV, Hepatites B, C e Tétano.
Todos os laboratórios e hospitais devem ter disponíveis para uso, os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e os Equipamentos de Proteção Coletivos (EPC), recomendados para cada atividade específica, e os funcionários devem ser capacitados para seu uso correto e para a realização adequada dos procedimentos técnicos necessários para desempenhar suas atividades de forma segura a fim de diminuir os riscos ocupacionais provenientes do ambiente de trabalho.
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) considera-se acidente de trabalho, aquele que ocorre em função de lesão corporal ou perturbação funcional que causa morte, perda ou redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.
Os riscos de acidentes podem ser: biológicos, físicos, químicos e ergonômicos. Os riscos biológicos são causados por agentes biológicos, dentre os quais se destacam: sangue, fluidos corporais.
Os riscos biológicos são definidos pela Norma Regulamentadora n° 32 (NR 32) do Ministério do Trabalho e Emprego como a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos.
Classificação dos Riscos
a)Classe de risco 01: baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano
b)Classe de risco 02: risco individual moderado para o trabalhador e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças ao ser humano, para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento
c) Classe de risco 03: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças ou infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
d) Classe de risco 04: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Podem causar doenças graves ao ser humano, para as quais não existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
Riscos biológicos
representados por bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus. O sangue é o principal agente biológico, na transmissão de doenças como AIDS (HIV), Hepatite B (HVB) e Hepatite C (HCV). Em estudos realizados o risco de aquisição de HIV, após exposição percutânea a sangue contaminado, é de aproximadamente 0,3%, e após exposição de mucosa em torno de 0,9%. No caso do HBV o risco varia de 6% a30%, podendo chegar até 40% quando nenhuma medida profilática é adotada; e o risco para o HCV quando o paciente-fonte é HCV positivo, é de aproximadamente 1,8%, podendo variar de 0 a 7%.
Os trabalhadores na área da saúde também estão expostos:
• Riscos físicos: com exposição a choque elétrico, a ruídos, queimadores, risco de radiação;
• Riscos ergonômicos: relacionados a problemas de postura inadequada A exposição prolongada e constante a essas cargas pode causar doenças osteoarticulares com limitações físicas.
• Riscos químicos: soluções, desinfetantes, desincrostantes ou esterilizantes, anti-sépticos,
• Riscos psíquicos: tensão, stress, fadiga por exigências de atendimento imediato, atenção constante, cuidado a pacientes graves.
Os acidentes de trabalho de risco biológico podem ser prevenidos através de medidas de segurança, como por exemplo, o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), manutenção de práticas seguras.
A medida de biossegurança possui o seguinte conceito: "o conjunto de medidas empregadas pelo indivíduo no seu processo de trabalho, que permite a sua autoproteção e a manutenção de sua condição de saúde, ao mesmo tempo em que estabelece condições seguras e protetoras para o paciente".
Como medidas de biossegurança, podem-se destacar as seguintes precauções padrão: higienização das mãos, cuidados com equipamentos, artigos, roupas e utensílios hospitalares, higienização ambiental, uso dos equipamentos de proteção individual (EPI), controle de engenharia, conduta ante as exposições biológicas e imunização.
Curiosidade
Em diversos estudos a prática de reencapar agulhas foi responsável por cerca de 35% dos acidentes com objetos perfurocortantes, enquanto que o descarte de agulhas em local inadequado (saco de lixo comum, cama, mesa de cabeceira do paciente, campos cirúrgicos), ocasionou cerca de 20% dos acidentes com profissionais de saúde.
Os EPI'S são todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção contra riscos que ameaçam a segurança e saúde no trabalho, sendo responsabilidade da empresa o fornecimento gratuito dos EPI's aos trabalhadores conforme o risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento. Tais precauções englobam uso rotineiro de barreiras de proteção (luvas, capotes, óculos de proteção, ou protetores faciais), precauções necessárias na manipulação de materiais perfurocortantes com intuito de prevenir exposições percutâneas.
Com o objetivo de prestar maior assistência aos profissionais acidentados a Previdência Social institui que é responsabilidade da empresa a comunicação do acidente de trabalho ocorrido com o funcionário, através do preenchimento da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), que deverá ser feita até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência. A Lei n° 8.213/91 determina em seu artigo 22º que todo acidente de trabalho deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão.
Conclusão
Constatou que o interesse em relação aos acidentes de trabalho com material biológico e perfurocortante vem aumentando, principalmente após a década de 90, devido aos danos causados à saúde dos trabalhadores. No Brasil, a escassez de dados sistematizados sobre esses acidentes não nos permite conhecer a magnitude global do problema, dificultando, assim a avaliação das medidas preventivas utilizadas atualmente.
Os profissionais que atuam nas unidades de saúde estão expostos a risco de acidentes de trabalho com exposição a material biológico porque manuseiam vários materiais perfurocortantes e estão em contato com materiais e pacientes contaminados por microorganismos patogênicos, dentre os quais se destacam os vírus HIV (AIDS), HBV e HCV (hepatite).
Além disso, e necessário investir em treinamentos contínuos e sistematizados para os profissionais da saúde que enfatizem os métodos de prevenção e os meios para proteção contra as doenças causadas por acidentes com materiais biológicos e perfurocortantes. Aponta ainda, para a importância da orientação da equipe de saúde quanto aos procedimentos legais de notificação dos acidentes de trabalho e da sistematização de ações de vigilância epidemiológica, objetivando a informação para a ação.
Assim, os trabalhadores de saúde não devem jamais afastar-se do cumprimento das praticas de biossegurança, que lhes oferecem garantias para o desenvolvimento seguro de suas atividades..
Acredita-se que o presente trabalho irá contribuir para a melhoria da qualidade do serviço, da segurança no ambiente de trabalho e despertar o interesse ao controle e a prevenção dos acidentes ocupacionais entre os profissionais de saúde.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
Helda Nogueira da Costa e Souza Brasileira, casada. Farmaceutica Bioquimica, Pós Graduada em Análises Clinicas. Responsavel Técnica da empresa Enzipharma Produtos Médicos Hospitalares atuando na Garantia da Qualidade Total e nos Processos da Certificação das Boas Práticas.Sócia -Gerente da empresa DR Profissional Capacitação e Treinamento Ltda ME.
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