OUTUBRO ROSA: Um desafio andragógico

Outubro Rosa Brasil 2016
Outubro Rosa Brasil 2016

Enfermagem

03/04/2016

Icaro do Nascimento Martins[1]

1 Enfermeiro Pesquisador no EDUCOTEC Universidade Federal do Amazonas- UFAM. E-mail: enfermeiro.icaro@gmail.com. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/1214835428883298



RESUMO

Trata-se de artigo que faz alusão ao Outubro Rosa como um desafio da Andragogia, que em meio uma realidade ascendente do câncer do colo do útero e de mama vem levantar a problemática: qual o verdadeiro significado do outubro rosa? Qual a definição de Andragogia? Como a Andragogia pode auxiliar na promoção da saúde no outubro rosa prevenindo desta forma o Câncer de útero e de mama? Numa realidade aonde apresenta-se níveis crescentes de Câncer do colo do útero e de mama no país, aumenta-se o número de hospitalização devido a não descoberta precoce de casos. Mesmo com o crescente número de profissionais de saúde e de educação, ainda assim é contínuo o crescimento do número de pessoas sequeladas pelo câncer de mama e de útero, subtendendo-se que estes profissionais em sua maioria atuam no tratamento da doença e subestimando a prevenção e promoção da saúde. Qual o verdadeiro significado do outubro rosa? Qual a definição de Andragogia? Como a Andragogia pode auxiliar na promoção da saúde no outubro rosa prevenindo o Câncer de útero e de mama? Este artigo tem como objetivo Geral Caracterizar o Movimento outubro rosa expondo a andragogia como forma de atingir a população específica para a prevenção do câncer do colo do útero de mama; E como objetivo específico: Esclarecer Andragogia; Elucidar Andragogia na promoção da saúde; Propor Andragogia na prevenção do câncer de colo do útero e de mama; Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, explicativa; característica bibliográfica e documental.



INTRODUÇÃO

A importância deste projeto se dá pela relevância da abordagem do tema outubro rosa, que é o mês mundial de prevenção ao câncer de mama e útero. Além de abordar a Andragogia, que é a arte ou ciência de orientar adultos a aprender, ou seja, um conceito de educação voltada para o adulto, em contraposição à pedagogia, que se refere à educação de crianças. Minha motivação pessoal a este trabalho se deu pela minha experiência como enfermeiro nas três esferas governamentais do Sistema Único de Saúde e como professor no curso técnico e na Universidade; onde pude observar o desconhecimento da maioria de idosos sobre o outubro rosa, desconhecimento de algumas gestões sobre o outubro rosa, a deficiência do ensino superior e técnico ao preparar os alunos somente para a prevenção de doenças ao invés de ter como base a promoção da saúde.


Numa realidade aonde apresenta-se níveis crescentes de Câncer do colo do útero e de mama no país, aumenta-se o número de hospitalização devido a não descoberta precoce de casos. Mesmo com o crescente número de profissionais de saúde e de educação, ainda assim é contínuo o crescimento do número de pessoas sequeladas pelo câncer de mama e de útero, subentendendo-se que estes profissionais em sua maioria atuam no tratamento da doença e subestimando a prevenção e promoção da saúde. Desta forma, qual o verdadeiro significado do outubro rosa?


Qual a definição de Andragogia? Como a Andragogia pode auxiliar na promoção da saúde no outubro rosa prevenindo desta forma o Câncer de útero e de mama?


Este artigo tem como objetivo Geral Caracterizar o Movimento outubro rosa por meio da análise de seu surgimento expondo a andragogia como forma de atingir a população específica para a prevenção do câncer do colo do útero de mama; E como objetivo específico: Esclarecer Andragogia; Elucidar Andragogia na promoção da saúde; Propor Andragogia na prevenção do câncer de colo do útero e de mama. O modelo andragógico pode ser aplicado, no seu todo ou em parte, numa grande variedade de atividades educativas e programas assim como ambientes institucionais. Este modelo apresenta particularidades que o tornam adaptável a diversas culturas, segundo Knowles é “culture free” e já foi aplicado com sucesso nos diversos continentes. A sua aplicabilidade e flexibilidade são tais que é utilizado com populações de diversos níveis socioculturais, de diferentes idades e tendo como referência de conteúdo as ciências naturais e humanas (DIFLO, 1982; KNOWLES, 1986).

1. OUTUBRO ROSA MÊS MUNDIAL DE PREVENÇÃO AO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO E DE MAMA

1.1 Outubro Rosa mês mundial de prevenção ao câncer do colo do útero e de mama
O mês de outubro é marcado em todo o mundo pela Campanha Outubro Rosa, um movimento de conscientização de prevenção do câncer de mama, através de palestras, movimentos sociais e campanhas na TV e na internet. A campanha visa lembrar as mulheres do acompanhamento médico e da importância da mamografia. O Outubro Rosa tem como seu símbolo o famoso Laço Rosa. Veja agora alguns fatos históricos que contam a origem da Campanha Outubro Rosa.


A palavra câncer vem do grego karkínos, que quer dizer caranguejo, e foi utilizada pela primeira vez por Hipócrates, o pai da medicina, que viveu entre 460 e 377 a.C. O câncer não é uma doença nova. O fato de ter sido detectado em múmias egípcias comprova que ele já comprometia o homem há mais de 3 mil anos antes de Cristo. Atualmente, câncer é o nome geral dado a um conjunto de mais de 100 doenças, que têm em comum o crescimento desordenado de células, que tendem a invadir tecidos e órgãos vizinhos (BRASIL, 2012).


O movimento conhecido como Outubro Rosa nasceu nos Estados Unidos, na década de 1990, para estimular a participação da população no controle do câncer de mama. A data é celebrada anualmente com o objetivo de compartilhar informações sobre o câncer de mama e promover a conscientização sobre a importância da detecção precoce da doença.


Desde 2010, o INCA participa do movimento, promovendo espaços de discussão sobre câncer de mama, divulgando e disponibilizando seus materiais informativos, tanto para profissionais de saúde quanto para a sociedade. (INCA, 2015)


1.1.1 - A Corrida Pela Cura

A história do Outubro Rosa começou nos Estados Unidos, com uma organização chamada Fundação Susan G. Komen for the Cure. Em 1990, em Nova Iorque, foi realizada a primeira Corrida Pela Cura, um movimento de prevenção ao câncer. Nesta corrida, a Fundação distribuiu laços rosas aos participantes desta corrida. A partir deste momento, a corrida foi realizada todos os anos com distribuição dos laços rosas.


1.1.2 - Movimentos Para Prevenção do Câncer de Mama
No ano de 1997, algumas entidades nos Estados Unidos, começaram a promover eventos, como desfiles de modas, partidas de boliche e corridas. As entidades escolheram o mês de outubro para enfeitar monumentos de algumas cidades com a cor rosa, além de distribuir os laços rosas.


1.1.3 - Monumentos Iluminados
Depois de alguns anos, o Outubro Rosa foi espalhado para o todo mundo, muitos monumentos famosos passaram a ser iluminados com objetivo de divulgar a campanha. Entre eles a Torre Eifel, Coliseu, Torre de Piza e vários outros, incluindo monumentos famosos no Brasil, como o Cristo Redentor.


1.1.4 - Outubro Rosa no Brasil
A campanha Outubro Rosa chegou no Brasil em 2002, quando um grupo de mulheres simpatizantes com a causa do câncer de mama, junto com o apoio de empresas iluminaram de rosa o Obelisco do Ibirapuera em São Paulo, chamando atenção da mídia e dando início à uma campanha forte no Brasil. Hoje o Outubro Rosa é uma campanha forte, principalmente nas redes sociais, sempre com o objetivo de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de Mama.
2. ANDRAGOGIA O ENSINO DE ADULTOS

No modelo andragógico a educação é de responsabilidade compartilhada entre professore aluno. O professor deve aprender que os adultos preferem que ele lhes ajude a compreender a importância prática do assunto a ser estudado, preferem experimentar a sensação de que cada conhecimento fará diferença em suas vidas. (FERREIRA;BATISTA 2009).


Os profissionais devem, assim, formarem-se de maneira autônoma revisitando sua construção por meio de diferentes meios, após seus estudos universitários iniciais Tardiff (2000; 2002).


Desse ponto de vista, a formação profissional ocupa, em princípio, uma boa parte da carreira e os conhecimentos profissionais partilham com os conhecimentos científicos e técnicos, a propriedade de serem revisáveis, criticáveis e passíveis de aperfeiçoamento.


As modificações que este modelo requer em relação à pedagogia não implicam elevadas transformações materiais; com um arranjo diferente do espaço letivo uma sala tradicional pode transformar-se numa sala “andragógica”. É no nível do ambiente psicológico que as alterações são claramente mais importantes e profundas. O abandono por parte do professor da sua postura de tantos anos em favor de uma nova, não é fácil. O próprio Knowles reconhece a tentação de, por vezes, procurar ensinar; mas se o professor estiver realmente preocupado com os seus alunos, se aceitar a diferença como algo de positivo e se acreditar que os adultos são, de facto, capazes de aprender, então os alicerces do facilitador de aprendizagem já estão implementados. O facilitador não se caracteriza pela dicotomia face ao professor tradicional, é apenas mais aberto à discussão e debate de ideias, mais crente nas capacidades de desenvolvimento dos indivíduos, mais otimista em relação à possibilidade de aprendizagem dos adultos. Esta perspectiva permite-lhe dar maior autonomia aos aprendentes, fornecer-lhes mais liberdade de escolha e de ação. O facilitador de aprendizagem não é uma pessoa ausente do processo de aprendizagem, é uma entidade sempre presente e com elevadas responsabilidades. O auxílio que ele fornece aos adultos é que é diferente do tradicional; tal como indica o célebre provérbio chinês “não lhes dá o peixe, ensina-os a pescar”. (NOGUEIRA, 2004, p.20).


A indisciplina e a falta de interesse dos alunos são constantes reclamações, por parte dos docentes, que podem acarretar desânimo. Veiga (2002, p. 63) destaca o professor diante de situações adversas dentro de uma sala de aula. A impotência diante dos problemas educacionais tem se constituído no sentimento mais frequente entre os educadores que, corroídos pelo “cansaço pedagógico” e principalmente por uma grande angústia, anseiam chegar ao como, às receitas ou aos possíveis modelos de um paradigma que melhor explique o fazer educativo.


Mas pelo fato de não terem sido “gestados” e gestados no cotidiano, acabam não sendo absorvidos, vividos. Em muitos dos casos esse descompasso não é percebido com nitidez e muito menos em suas causas, mas traz o embate entre o paradigma instalado e outro(s) que a realidade solicita.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Existe um leque de possibilidades para atingir com sucesso a meta do empoderamento da comunidade para a conscientização, prevenção e detecção precoce do câncer do colo do útero e de mama através do outubro rosa, uma destas certamente é a ação e exercício da Andragogia, preparando esta comunidade para a posse de algumas habilidades e competências necessárias para a sua vida em sociedade com mais autonomia. Basta, apenas, pensar que a comunidade adulta já traz bastante bagagem, mas nem sempre sabe como utilizá-la, cabendo ao profissional de saúde educador orientar o caminho para a apropriação do conhecimento, ouvindo a comunidade, dando-lhes o que precisam para se empoderarem na luta contra o câncer à celebrar o outubro rosa.


O profissional de saúde necessita de qualificação para saber o que, para que e por que trabalhar cada atividade. Por isso, é importante tomar consciência da relevância de como levar conhecimento que não por intermédio de monólogos cansativos, mas por meio de didáticas participativas e lúdicas, pois os adultos, ao contrário das crianças: a) necessitam de saber o motivo pelo qual devem realizar certas aprendizagens; b) aprendem melhor experimentalmente; c) concebem a aprendizagem como resolução de problemas; d) aprendem melhor quando o tópico possui valor imediato e os motivadores mais potentes para a aprendizagem são internos (NOGUEIRA, 2004, p. 5).


Portanto, o professor tem que estar preparado para atender aos diversos níveis de dificuldades e/ou conhecimentos. Isso porque os adultos são sujeitos pensantes, autônomos e com sua própria cultura e conceito formados. O facilitador de aprendizagem, segundo o modelo da Andragogia, não é um ser ausente durante o processo de alfabetização do adulto e, sim, um agente norteador que leva o aluno a refletir e a se tornar um pesquisador autônomo, que motiva o Jovem adulto a levar adiante seus projetos, pois aprende a projetar seus sonhos transformando assim o fracasso escolar em contínua e eterna busca pelo conhecimento. Para Veiga (2002, p. 132)., a busca por aprender deve ser transformada em atitude: Está aí um desafio teórico-prático que a nova orientação paradigmática gera: o desafio de colocarmo-nos diante do instrumental da pesquisa e da educação, numa atitude prático-reflexiva, criando e recriando instrumentos que viabilizam a convergência entre o refletir e o agir conscientes. E de fazer do espaço educativo um lugar privilegiado de aprendizagem. Lugar este que possibilite aos sujeitos da educação uma nova relação com o conhecimento. Relação em que a busca de aprender transforma-se numa atitude prático reflexiva que leva, portanto, ao conhecimento. Assim, tanto a Pedagogia como a Andragogia podem contribuir, cada uma a seu tempo, com a alfabetização de adultos, respeitando os alunos e suas capacidades cognitivas, lançando constantes desafios para uma educação inclusiva. Um verdadeiro e completo resgate social, não apenas no sentido de devolver ao aluno EJA o tempo perdido, mas no âmbito da transformação de sonhos em realidade, fixando seus ideais naquilo que a sociedade espera e quer de um cidadão, ou seja, um protagonista da sua própria história.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. ABC do câncer : abordagens básicas para o controle do câncer / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação Geral de Ações Estratégicas, Coordenação de Educação ; organização Luiz Claudio Santos Thuler. – 2. ed. rev. e atual.– Rio de Janeiro : INCA, 2012.


DIFLO, K. Process and content: the andragogical model in practice. Australian Journal of Adult Education. v. 22, n.1, p. 15-20, 1982.


FERREIRA, Beatriz Jansen; BATISTA, Nildo Alves Batista. Qualificação do trabalho pedagógico na formação de recursos humanos em saúde: a experiência do MP- Norte - CEDESS/UNIFESP. Disponível em: http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R1223-1.pdf acesso 06 de fevereiro de 2016


HAMZE, Amelia. Andragogia e a Arte de ensinar aos adultos; Brasil Escola. Disponível em < http://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/andragogia.htm>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2016.


INCA, 2015 – Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Movimento Outubro rosa: Disponível em http://www.inca.gov.br/wcm/outubro-rosa/2015/movimento-outubro-rosa.asp acesso: 06 de fevereiro de 2016.


INCA, 2016 – Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Tipos de Câncer: Disponível em http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/colo_utero acesso em: 05 de fevereiro de 2016.


KNOWLES, M. The modern practice of adult education: from pedagogy to Andragogy. Englewood Cliffs: Cambridge, 1980.


MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica 1 Marina de Andrade Marconi, Eva Maria Lakatos. - 5. ed. - São Paulo: Atlas 2003.


NOGUEIRA, Sónia Mairos. A andragogia: que contributos para a prática educativa?. Revista Linhas disponível em: http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1226 acesso em: 06 de fevereiro de 2016.


SANTOS, Vanessa Sardinha Dos. "Outubro Rosa"; Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/outubro-rosa.htm>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2016.


VEIGA, I.P.A. Projeto Político Pedagógico Da Escola: Uma construção possível. Campinas: Papirus 2002.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Icaro do Nascimento Martins

por Icaro do Nascimento Martins

Atualmente é Professor da Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas ESA/UEA; Pesquisador no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicopedagogia Diferencial da Universidade Federal do Amazonas; Colaborador do PSICOTEC/UFAM. Enfermeiro Sanitarista, Emergencista e Intensivista. Possui experiência na área de Enfermagem, com ênfase em DOCÊNCIA, NRs, Legislação e Auditoria.

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