Terapia intravenosa: implicações para a equipe de enfermagem

A terapia intravenosa requer dos profissionais de enfermagem responsabilidade e conhecimentos.
A terapia intravenosa requer dos profissionais de enfermagem responsabilidade e conhecimentos.

Enfermagem

15/02/2015

No dia a dia da enfermagem, a prática da terapia intravenosa é uma constante. A administração de medicamentos e de outras soluções parenterais se constitui uma das maiores responsabilidades da equipe de enfermagem, o que ressalta a importância de que este seja um procedimento seguro tanto para cliente quanto para o profissional de saúde.


“A equipe de enfermagem envolvida na administração da SP é formada pelo enfermeiro, técnico e ou auxiliar de enfermagem, tendo cada profissional suas atribuições específicas em conformidade com a legislação vigente” (RDC nº 45, de 12 de março de 2013).


O enfermeiro, além de ser responsável pela administração das soluções parenterais, é também o profissional que realiza o planejamento da assistência de enfermagem e a prescrição dos cuidados a serem oferecidos para os pacientes. Também, deve orientar a família e o paciente quanto à finalidade da terapia intravenosa, as vias de administração e também as principais reações possíveis durante o procedimento e infusão das substâncias. De acordo com a RDC nº 45, de 12 de março de 2013,

“O enfermeiro é o responsável pela administração das SP e prescrição dos cuidados de enfermagem em âmbito hospitalar, ambulatorial e domiciliar e deve regularmente desenvolver, rever e atualizar os procedimentos escritos relativos aos cuidados com o paciente sob sua responsabilidade”.



Além disso, o enfermeiro é o responsável por assegurar que todas as informações relacionadas ao paciente e à terapêutica adotada sejam registradas de maneira adequada, de modo a permitir uma melhor avaliação da evolução do quadro clínico do paciente e dos resultados obtidos com o tratamento.


“É da responsabilidade do enfermeiro assegurar que todas as ocorrências e dados referentes ao paciente e seu tratamento sejam registrados de forma correta, garantindo a disponibilidade de informações necessárias à avaliação do paciente, eficácia do tratamento e rastreamento em caso de eventos adversos” (RDC nº 45, de 12 de março de 2013).


Como pode ser observado, a enfermagem possui atribuições importantes no que diz respeito à terapia intravenosa, afinal “é responsabilidade do enfermeiro estabelecer o acesso venoso periférico, incluindo o Cateter Central de Inserção Periférica (PICC)” (RDC nº 45, de 12 de março de 2013). Nesse sentido, o profissional de enfermagem deve possuir o comprometimento com a qualidade da assistência de enfermagem na administração das soluções parenterais. “O resultado do procedimento de punção venosa periférica, sucesso ou insucesso, é um indicador da qualidade da assistência, pois é sustentado por um padrão de prática de enfermagem” (PARECER COREN SP CAT Nº 020/2010).

Para assegurar uma boa terapia intravenosa, faz-se necessário que os profissionais de enfermagem tenham o conhecimento aprimorado da anatomia e fisiologia da rede venosa e do sistema circulatório. Conhecer a localização anatômica da rede venosa irá contribuir significativamente para o sucesso dos procedimentos de punção venosa, aumentando a segurança do profissional e do paciente, bem como também a eficácia do tratamento. Também, conhecer a fisiologia da rede venosa e compreender as principais reações da pele quando expostas a situações de calor, frio e estresse traz ao profissional uma melhor compreensão das interferências desses fatores à terapia intravenosa.


“A punção venosa periférica se destaca como um dos passos deste processo, requer habilidade técnica e conhecimento científico da equipe de enfermagem pra sua realização a contento”(PARECER COREN SP CAT Nº 020/2010).


A Resolução COFEN 311/2007 em seu Art. 30 afirma que é proibido ao enfermeiro “administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade de riscos”. Logo, percebe-se que o profissional de enfermagem precisa de conhecimentos farmacológicos quando à finalidade das drogas, seu mecanismo de ação e principais efeitos adversos para uma administração segura dos fármacos.


Outra recomendação importante para o sucesso da terapia intravenosa é que o enfermeiro tenha conhecimento quanto às vantagens e desvantagens da terapia e aos principais dispositivos de acesso venoso periférico e central disponível no mercado. O profissional de enfermagem deve saber as características dos materiais, vantagens e desvantagens e, sobretudo a indicação e os cuidados de enfermagem no uso dos cateteres vasculares.


A depender da indicação, do tipo de dispositivos a serem utilizados, técnicas de inserção e frequência de manipulação, duração do tratamento e o consequente tempo de uso do material, são necessários cuidados específicos quanto à frequência de troca de curativos e de estabilização dos cateteres no paciente. Essas questões jamais devem deixar de ser consideradas, para evitar complicações iatrogênicas. São complicações comuns da terapia intravenosa: flebite, hematomas, infiltração, extravasamento e oclusão (XAVIER; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2011; PERRY; POTTER, 2012).


Além dos riscos conferidos ao paciente, outro elemento fundamental para o enfermeiro é o conhecimento acerca das recomendações da NR-32, quanto à utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs), que conferem segurança aos profissionais de saúde envolvidos na assistência direta aos pacientes. “Cuidados básicos com agulhas e material perfurocortante são fundamentais para evitar acidentes com esses instrumentos, potencialmente capazes de transmitir mais de 20 tipos de patógenos diferentes mediante sangue infectado” (SBI, 2006).


Como você deve ter percebido, a terapia intravenosa requer dos profissionais de enfermagem responsabilidade e conhecimentos técnico-científicos para o sucesso da administração das soluções parenterais. A partir do texto, é possível compreender os principais aspectos que devem ser compreendidos pelos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, bem como por todos os membros da equipe de saúde envolvidos no cuidado do paciente.


Dessa forma, lembre-se que o sucesso do seu trabalho depende de sua dedicação e busca constante pela atualização, aprimoramento e capacitação profissional. O conhecimento está em conste mudança. Nesse sentido, que você possa refletir sobre suas práticas no dia a dia do serviço de saúde e esteja sempre atento às formas de melhorar a qualidade do seu trabalho e da assistência aos seus pacientes.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC n.º 45, de 12 de março de 2003. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Utilização das Soluções Parenterais (SP) em Serviços de Saúde. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/e8e87900474597449fc2df3fbc4c6735/RDC+N.%C2%BA+45,+DE+12+DE+MAR%C3%87O+DE+2003.pdf?MOD=AJPERES


COFEN − Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN nº 311/2007. Aprova a Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Disponível em:
http://corensp.org.br/072005/


COREN – Conselho Regional de Enfermagem. Parecer COREN SP CAT nº 020/2010. Terapia intravenosa. Disponível em: http://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2010_20.pdf


PERRY, A.G.; POTTER, P.A. Guia completo de procedimentos e competências de enfermagem. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, 640 p.


SBI. Riscos biológicos e segurança dos profissionais de saúde. Boletim de atualização da Sociedade Brasileira de Infectologia – ano I – nº 2 – jan/fev/mar, 2006.


XAVIER, P.B.; OLIVEIRA, R.C.; ARAÚJO, R.S. Punção venosa periférica: complicações locais em pacientes assistidos em um hospital universitário. Rev enferm UFPE on line, v. 5, n. 1, jan./fev, 2011.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Juliana Pereira da Silva

por Juliana Pereira da Silva

Estudante de graduação em Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), da Universidade de São Paulo (USP). Membro do Capítulo Rho Upsilon da Sociedade Honorífica de Enfermagem Sigma Theta Tau International (STTI), dos Estados Unidos. Membro do Núcleo de estudos, ensino e pesquisa do Programa de Assistência Primária de Saúde Escolar - PROASE.

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