Comum é Normal? Normal é comum? Como o Enfermeiro (a) deve enxergar a questão?

Refletir sobre as condições de vida que construirmos
Refletir sobre as condições de vida que construirmos

Enfermagem

11/12/2014

Discussão

Há tempos reflito sobre o assunto e convido o leitor também, mas peço para neste momento resistir sua vontade de consultar seu dicionário de língua portuguesa.


Escuto as pessoas comentarem após uma notícia sobre violência sem motivo, pobreza, gravidez precoce, fome, violência sexual, abandono de incapaz, falta de educação, falta de dedicação e compromisso com o próprio trabalho, que tudo isto é normal hoje em dia. Será?


O normal é totalmente diferente, e mais raro, no entanto mais caro. Um artigo de luxo pra poucos, pois está perdendo o campo para o comum.


O normal viria da norma, da regra, daquilo que deve ser, do natural.


O normal se tivesse um pai seria filho do ideal.


O normal em nossas vidas seria termos acesso aos direitos sociais como moradia, saúde, educação, segurança, trabalhar naquilo que identificamos, assumirmos nossas responsabilidades, preservarmos nossa espécie e as demais, agindo de maneira menos individualista. Privilegiar o amor em relação ao sexo, preferir a amizade ao dinheiro, a ser ao parecer ser.


O ser humano “normal” é biologicamente programado para nascer, crescer, envelhecer e morrer. Isto é normal.


Contrapondo isto temos estatísticas alarmantes sobre acidentes fatais e homicídios, overdose de drogas envolvendo jovens programados para morrer somente velho. Muitos dizem que isto é normal. Estão errados!


Isto é comum, porque se repete, mas não é normal, é aberração. Apenas se repete infelizmente se repete.


Morar nas ruas não é normal, definir uma região geográfica imaginária na cidade e chamá-la de crackolândia é uma aberração maior.


Ideal seria não ter pessoas doentes com dependência química. Normal seria tratá-las, dar a elas e suas famílias verdadeiras condições para recomeçarem suas vidas com dignidade. Comum é vê-las nas ruas ou sob nossa assistência e agirmos munidos de preconceitos e discriminação.


Ninguém acredita na possibilidade deste mundo tornar-se um mundo ideal, nem mesmo o grande pensador Plantão 400 a.C. vislumbrou esta possibilidade, mas buscar um mundo menos comum e mais normal, talvez o ponto de partida seja nossas inquietações frente às anomalias que construímos e sejamos mais normais e menos comum, assim quem sabe um dia teremos o normal e o comum em nossa vida como sinônimos igual ao dicionário que agora você pode consultar.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Jorge A da Trindade Junior

por Jorge A da Trindade Junior

Enfermeiro pós- graduado em Tanatologia, e Cuidados Paliativos com educação complementar nas áreas de Aplicações Clínicas da Espiritualidade em Saúde, Gestão de Pessoas e Filosofia. Coord. pedagógico e docente no curso de Especialização em Tanatologia do Instituto de Saúde e Educação Pinus Longevae. Coordenador de unidade operacional e instrutor temporário na ECT. Delegado ambiental do Cimbaju.

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