Senescência ou senilidade uma questão de saúde

Saúde do idoso
Saúde do idoso

Enfermagem

06/11/2014

SENESCÊNCIA E SENILIDADE

O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial e, no Brasil, ocorre de forma acelerada. A melhoria nas condições de vida e os avanços tecnológicos em conjunto com a queda na natalidade contribuíram para o incremento da população geriátrica (MATSUDO; MATSUDO; NETO, 2000). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 revelam que em 2025 o número de idosos representará 14% no total da população (BRASIL, 2010). Isso significa que o Brasil contará com 31 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Esta tendência global tem se constituído em um grande desafio para o país no sentido de obter soluções eficazes para evitar ou minimizar os efeitos negativos do envelhecimento no organismo e, reduzir o impacto social e econômico que esse novo perfil demográfico representa (MANTOVANI, 2007). Durante o processo de desenvolvimento e maturação, o ser humano passa por várias transformações que estabelecem um constante aprendizado e envolve aquisições e perdas de funções. Os idosos pertencem a um grupo de indivíduos que necessitam de atenção especial devido às intensas modificações fisiológicas e ambientais a que estão expostos (MORIGUTI et al., 2009).


A senescência e a senilidade são condições que poderão estar presentes na terceira idade, porém, o que irá definir a presença de uma ou outra será a qualidade de vida que se experiência ao longo dos anos. Entender esses conceitos é primordial para o estabelecimento de uma boa qualidade de vida na velhice.


Apesar de natural, o envelhecimento submete o organismo a várias alterações funcionais e anatômicas, isso interfere nas condições de saúde e nutrição do idoso (CAMPOS; MONTEIRO; ORNELAS, 2000). Algumas dessas alterações são progressivas e acarretam reduções na capacidade funcional, seja nos gastos primários ou em processos metabólicos do organismo. Trata-se de um fenômeno complexo influenciado por inúmeros fatores que ainda não foram desvendados em sua totalidade.


As modificações que seguem com o avanço da idade se manifestam através de mudanças estruturais e funcionais e são o resultado de interações complexas de fatores intrínsecos e extrínsecos. Portanto, a compreensão destes fatores é fundamental para melhorar a qualidade de vida dos idosos.


O declínio físico apresenta-se como uma das principais características do envelhecimento e pode ser consequência de processos distintos: a senescência e a senilidade (MANTOVANI, 2007). Enquanto a senescência é o envelhecimento fisiológico do organismo marcado por um conjunto de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas , a senilidade se caracteriza por afecções que acometem o indivíduo idoso (CARDOSO, 2009).


A senilidade é um processo patológico e pode surgir com o envelhecimento, porém não está condicionado a ele (JACON; SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2007). Portanto a senilidade acomete os idosos, mas também pode estar presente em jovens e é caracterizada pela perda de capacidade de memorização, déficit de atenção, discursos incoerentes, desorientação, perda da capacidade de controle do esfíncter anal e incontinência urinária. Com o tempo, o indivíduo senil tem sua vida limitada ao leito, esta doença também é conhecida como demência (ANDRÉA, 2010).

A senescência é um processo fisiológico e universal este fenômeno está erroneamente identificado pela idade cronológica e deve ser definido como o envelhecimento sadio, no qual há uma lenta degradação natural das funções físicas e mentais, mas que são compensadas, de certa forma, pelo organismo. O declínio físico e mental são lentos e gradativos e não tem idade definida para se estabelecer. As alterações envolvidas neste processo não são produzidas por doenças, mas são o resultado das mudanças orgânicas, funcionais e psicológicas que o envolvem.


Assim, as disfunções no organismo do idoso podem ser desencadeadas pela excessiva demanda do sistema fisiológico incapaz de supri-las ou ainda pelo surgimento de patologias (SAMPAIO, 2004).


O envelhecimento fisiológico é o efeito exclusivo da idade sobre o organismo, que modifica as funções orgânicas e mentais do individuo, e desregula o equilíbrio homeostático e, desta forma, todas as funções começam a declinar. Em situações de stress físico, emocional ou de outra etiologia, o organismo apresenta dificuldade em manter essa homeostase, manifestando uma sobrecarga funcional a qual pode culminar em patologias. Porém, em condições normais, um organismo envelhecido sobreviveria sem intercorrências (COSTA, 2008).


Embora a velhice seja instituída culturalmente pela idade, as modificações que se produzem variam de forma e intensidade e são condicionadas à qualidade de vida do senescente. Desta forma, é possível encontrar indivíduos de idade cronológica igual, porém com capacidades diferenciadas (MANTOVANI, 2007).


De acordo com Cancela (2007) os fatores biológicos, psíquicos e sociais que preconizam a velhice, aceleram ou retardam o surgimento e a instalação de patologias e sintomas característicos dessa fase. Do ponto de vista fisiológico o declínio funcional está diretamente ligado ao estilo de vida que a pessoa assume desde a infância. O organismo envelhece como um todo, ao passo que as células, órgãos, tecidos e suas estruturas apresentam um envelhecimento diferenciado.


A única característica universal ao envelhecimento é a ocorrência das mudanças instituídas pelo tempo, independente do efeito deletério ou não sobre a vitalidade e a longevidade. Portanto, envelhecer não é um processo único, ele resulta da interação de processos distintos. “Não existe um ser velho mas um ser envelhecendo” (DAVID et al.,2009).


O envelhecimento é a plenificação do ciclo da vida, e a senescência deve ser afirmada e experimentada como um processo de crescimento não apenas envelhecimento e este não merece ser negligênciado ou negado. Essa condição afeta todos os seres humanos, pois o envelhecer tem seu início quando o ser humano nasce e seu término com a morte.


Os vários conceitos de envelhecimento, se diferenciam de acordo com a abordagem social, econômica e estão relacionados principalmente com a independência e a qualidade de vida do idoso (MORAES, 2010). Dadas as diferentes trajetórias experimentadas, cada indivíduo vivencia a velhice de maneira única. O impacto desta nova condição é definido não somente pela idade cronológica, mas também por aspectos sociais, biológicos e psíquicos (CANCELA, 2007).


Não é tarefa fácil definir com exatidão a idade em que o indivíduo entra na senescência. O envelhecimento, portanto, pode ser considerado abstrato porque marca o período em que o ser humano fica envelhecido, velho ou idoso (DOURADO, 2002).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRÉA, F. O envelhecer, diferença ente senescência e senilidade. Biblioteca Digital Grátis. São Paulo, ago. 2010. Disponível em: <http://artigosedownloads.blogspot.com/2010/08/o-envelhecer-diferenca-entre.html.> Acesso em: 17 abr. 2011.


BRASIL. Ministério da Saúde. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia- SBGG. In: I Consenso Brasileiro de Nutrição e Disfagia em Idosos. Brasília, 2010.


CAMPOS, M. T. F. S.; MONTEIRO, J. B. R.; ORNELAS, A. P. R. C. Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso. Revista de Nutrição, Campinas, v. 13, n. 3, dez. 2000 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732000000300002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01 abr. 2011.


CANCELA, D. M. G. O processo de envelhecimento. Psicologia.com.pt, Porto, mai. 2007. Disponível em:< http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0097.pdf>. Acesso em: fev. 2011.


CARDOSO A. F. C. Particularidades dos idosos: uma revisão sobre a fisiologia do envelhecimento. Revista Digital, Buenos Aires, ano13, mar. 2009. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd130/idosos-uma-revisao-sobre-a-fisiologia-do-envelhecimento.htm>. Acesso em: 23 ago. 2011.


COSTA, V. C. I. Fisiologia do adulto e idoso. Ribeirão Preto, UNAERP,2008. 34 p. Disponível em: <http:/neurociencia.tripod.com/labs/lela/textos/Fisiologia Adulto Idoso apostila-unaerp.pdf>. Acesso em: mai. 2011.


DAVID, C. N. et al. Correlação entre diferentes variáveis antropométricas de idosos residentes em uma instituição de longa permanênica de Porto Alegre, RS. In: SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 10., 2009, Rio Grande do Sul. Anais do X salão de Iniciação Científica. São Paulo: PUCRS, 2009. p. 866-872.


DOURADO, M. Velhice e suas representações: implicações para uma intervenção psicanalítica. Rio de Janeiro, jan. 2002. Disponível em:<http://www2.uerj.br/~revispsi/v2n2/artigos/artigo4.html>. Acesso em 3 mai. 2011.


JACON, T. M. K.; SCORTEGAGNA, P. A.; OLIVEIRA, R. C. S. A educação como processo de mudanças na terceira idade. In: ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 10., 2007, Ponta Grossa. Anais do XVI EAIC. Ponta Grossa: UEPG, 2007. p.3-6. Disponível em: <http://www.eaic.uem.br/artigos/CD/1578.pdf+A+educa%C3%A7%C3%A3o+como+proceso+de+mudan%C3%A7as+na+terceira+idade+=pt> Acesso em: 19 mar. 2011


MANTOVANI, E. P. O processo de envelhecimento e sua relação com a nutrição e a atividade física. In: BOCCALETTO, E. M. A.; VILARTA, R. Diagnóstico da Alimentação Saudável e Atividade Física em Escolas Municipais de Vinhedo.Campinas: Ipês Editorial, 2007, v. 1, p. 165-172. Disponível em: <http://www.fef.unicamp.br/departamentos/deafa/qvaf/livros/alimen_saudavel_ql_af/vinhedo/diagnostico_vinhedo_cap13.pdf > Acesso em: 15 jul. 2011.


MATSUDO, S. M.; MATSUDO, V. K. R.; NETO, T. L. B. Impacto do envelhecimento nas variáveis antropométricas, neuromotoras e metabólicas da aptidão física. Revista Brasileira de Ciencias e Movimento, Brasília, v.8, n.4, p. 21-32, set. 2000. Disponível em: <http:www//bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=284096&indexSearch=ID >. Acesso em: 16 dez. 2010.


MORAES, J. A. O papel do enfermeiro em diversas áreas atuando na prevenção e promoção da saúde e intervenção das doenças em geriatria. Penápolis, 2010, 52p. (Trabalho de conclusão do curso de bacharelado em enfermagem, apresentado à Faculdade de Saúde de São Paulo). Disponível em: <www.fassp.edu.br/uploads/monografias_127.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2011.


MORIGUTI, J. C. ; MATOS, F. D. ; MORIGUTI, E. K. U. ; MARCHINI, J. S.; FERRIOLLI, E. Nutrição no Idoso. In: Antonio Carlos Lopes. (Org.). Tratado de Clínica Médica. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2009, v. III, p. 4273-4281. Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/cg/novo/images/pdf/conteudo_disciplinas/nutricaonoidoso.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2011.


SAMPAIO, Lílian Ramos. Avaliação nutricional e envelhecimento. Revista deNutrição, Campinas, v. 17, n. 4, dez. 2004 . disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732004000400010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 jul. 2011.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Vanessa Cristina Marçal Alves

por Vanessa Cristina Marçal Alves

Enfermeira formada pela Faculdade Ciências da Vida, pós-graduanda em Enfermagem em Urgência Emergencia e Trauma pela Pontificia Universidade Católica de Minas Gerais- PUC-MG. Estudante do curso de graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG. Técnico em Patologia Clínica pela Escola Técnica Municipal de Sete Lagoas.

Portal Educação

UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93