EBOLA: O que precisamos saber

Vírus Ebola
Vírus Ebola

Enfermagem

26/10/2014

Contexto Clínico

A epidemia do vírus Ebola na África Ocidental é atualmente a manchete principal, tanto na mídia médica quanto na popular, e a cada dia traz notícias mais ameaçadoras.


Até a presente data, houve quase 9000 casos de infecção com o vírus Ebola na África, sendo que mais de 4.000 desses casos resultaram em morte. Nos Estados Unidos, o caso do cidadão liberiano que acabou morrendo de infecção Ebola e a infecção posterior de duas enfermeiras que cuidaram dele recebem cobertura constante.


Uma das maneiras mais importantes para evitar a disseminação do vírus Ebola é o uso adequado de isolamento e equipamentos de proteção individual (EPI). No entanto, um estudo médico canadense, serviu como alerta sobre a nossa preparação coletiva para uma doença infecciosa grave. Esta pesquisa, que foi publicada em março de 2011 na edição do Canadian Journal of Emergency Medicine, constatou que 22% dos médicos não haviam recebido treinamento no uso do EPI e 32% não haviam sido treinados nos últimos 2 anos.


Quase metade dos médicos sentia-se desconfortáveis com o conhecimento das práticas de isolamento, um fato que foi reforçado por uma média de menos de 50% em um curto questionário sobre tais práticas. Outra revisão das práticas dos profissionais de saúde publicados no American Journal of Infection Control após a SARS (síndrome respiratória aguda grave) revelou que a não implementação do EPI adequado é responsável pela maioria das infecções hospitalares.


Essas evidências são assustadoras em um clima que já havia testemunhado surtos bastante recentes de gripe H1N1 e SARS. O Ebola é outro vírus letal que precisa ser tratada por meio de práticas de prevenção diligentes e constante. O relatório atual do American Hospital Association e os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças destacam fatos sobre doenças relacionadas com o Ebola e sua prevenção.


Reid SM, Farion KJ, Suh KN, Audcent T, Barrowman NJ, Plint AC. Use of personal protective equipment in Canadian pediatric emergency departments.


Gamage B, Moore , Copes R, Yassi A, Bryce E; for the BC Interdisciplinary Respiratory Protection Study Group. Protecting health care workers from SARS and other respiratory pathogens: a review of the infection control literature.


DESTAQUES

• Uma das dificuldades na identificação de potenciais casos de infecção Ebola é a pouca especificidade da maioria dos pacientes. Febre/calafrios e mal-estar são geralmente os sintomas iniciais, e todos os profissionais de saúde devem manter um alto índice de suspeita nesses casos.

• Os sintomas mais comuns de pacientes no atual surto de Ebola incluem febre (87%), fadiga (76%), vômitos (68%), diarreia (66%), e perda de apetite (65%).

• Outros sintomas podem incluir dores no peito, falta de ar, dor de cabeça ou confusão, hiperemia conjuntival, soluços e convulsões.

• O sangramento não afeta todos os pacientes com Ebola e geralmente se apresenta como pequeno sangramento subcutâneo ou hemorragia fraca.

• A taxa de letalidade do surto atual é de aproximadamente 71%.

• Os pacientes que sobrevivem à infecção com Ebola começam geralmente a melhorar por volta do sexto dia de infecção.

• Vários testes podem ser usados para diagnosticar Ebola desde que sejam encomendados em tempo hábil. Podem ser empregues captura de um antígeno pelo enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA), ELISA de IgM, reação em cadeia da polimerase, e isolamento do vírus para fazer o diagnóstico, durante os primeiros dias de sintomas. Os pacientes identificados mais tarde, durante o curso da doença pode ser diagnosticada com os níveis de anticorpos séricos.

• Pacientes com febre, mesmo febre subjetiva, ou outros sintomas associados à infecção por Ebola, juntamente com uma história de viagem para uma área afetada nos últimos 21 dias precisam ser identificadas na triagem.

• Se tal paciente é identificado, ele/ela precisa ser isolado imediatamente em um quarto individual com acesso a um banheiro. A porta da sala deve permanecer fechada.

• O Controle de Infecção Hospitalar e departamentos de saúde locais devem ser contatados imediatamente em caso de suspeita de doença Ebola. Cada local de saúde deve ter um gestor local responsável pela segurança do profissional da saúde no local em todos os momentos durante a avaliação e tratamento de um paciente com infecção Ebola.

• Um observador treinado deve supervisionar toda a colocação e retirada do EPI a fim de manter os protocolos de segurança.

• Tem que haver uma clara separação entre as áreas para colocação e retirada do EPI. E, o EPI é preferencialmente removido em uma antessala ou quarto vago ao lado do paciente, em vez de no quarto do paciente.

• O EPI deve ser usado em todos os momentos, e deve incluir um respirador purificador de ar motorizado (PAPR) ou máscara N95 com viseira; um par de luvas de borracha nitrílica cobertas por um par de luvas mais curto; e bota com capas.

• Um registro deve ser mantido de todas as pessoas que entram no quarto de um paciente com suspeita de doença Ebola.

• Procedimentos invasivos, incluindo flebotomia, devem ser limitados ao que é medicamente necessário.


IMPLICAÇÕES CLÍNICAS

• A febre é o sintoma mais comum do surto atual da doença Ebola, seguido por cansaço e vômitos.

• Medidas para reduzir o risco de transmissão de Ebola nos serviços de saúde incluem a identificação de casos suspeitos em triagem; isolamento do paciente imediato em uma sala com acesso a um banheiro; e EPI com PAPR ou um respirador N95 com máscara, luvas duplas, vestido descartável, e capas para botas.



FONTE: MEDSCAPE NURSES. Tradução livre do artigo Ebola: What Clinicans Need to Know. Disponibilizado em: http://www.medscape.org/viewarticle/832353 Data de acesso: 26/10/2014

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Fabiane de Moura Aderaldo

por Fabiane de Moura Aderaldo

Técnica em Enfermagem desde 2010. Acadêmica em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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