Intervenções de enfermagem relacionada à DHEG na adolescência

A adolescência é uma das mais significativas etapas da vida do ser humano
A adolescência é uma das mais significativas etapas da vida do ser humano

Enfermagem

04/10/2014

1. Introdução

A adolescência é uma das mais significativas etapas da vida do ser humano. Durante esta fase acontecem as transformações fisiológicas e psicológicas, as descobertas, a definição dos valores sociais e pessoais que serão consolidados para o exercício de sua vida adulta. É nesse período de experiências que começam a surgir os riscos relativos à saúde e reprodutividade (XIMENES NETO et al. 2007). Mudanças na sexualidade fazem parte do crescimento do indivíduo, e modificações do padrão comportamental dos adolescentes, exigindo maior atenção dos profissionais de saúde, na promoção, prevenção e assistência, sendo de maior relevância no processo de trabalho, devido a suas repercussões, entre elas a gravidez precoce.


Na adolescência há transformações físicas e psicossociais onde, o jovem assume mudanças na imagem corporal, de valores e de estilo de vida, afastando-se dos padrões estabelecidos por seus pais e criando sua própria identidade. Gravidez na adolescência é definida pelo Ministério da Saúde como aquela que ocorre em mulheres com idade abaixo de 19 anos, ou seja, até 18 anos 11 meses e 29 dias (BRASIL, 2000). Nos últimos 20 anos observou-se um aumento da incidência de gravidez na adolescência em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento e nos Estados Unidos (HERCOWITZ, 2002).


Segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 1996, a fertilidade no Brasil diminuiu cerca de 30% em todas as faixas etárias, com exceção da adolescência. Nessa mesma época, 18% das adolescentes brasileiras já tinham um filho ou estavam grávidas (HERCOWITZ, 2009). O termo "hipertensão na gravidez" É usualmente utilizado para descrever desde pacientes com discreta elevação dos níveis pressóricos até hipertensão grave com disfunção de vários órgãos; Suas manifestações clínicas, embora possam ser similares, podem ser decorrentes de causas diferentes (BEZERRA, 2005).


Atualmente a Doença Hipertensiva Especifica da Gestação (DHEG) é o distúrbio mais comum na gestação. As síndromes hipertensivas que acometem as gestantes são habitualmente classificadas em: Hipertensão gestacional; Pré-eclampsia; Hipertensão arterial crônica e Pré-eclâmpsia sobreposta (OLIVEIRA, et al. 2006). Medidas preventivas adotadas durante o pré-natal garantem um bom prognóstico materno-fetal. Sendo assim importante o conhecimento do profissional para melhor capacitação e êxito.


Materiais e Métodos


Método: O método utilizado para a coleta dos dados foi o levantamento bibliográfico. Para a busca de periódicos, foram utilizados dois portais científicos: Capes (www.periodicos.capes.gov.br) e o Scielo (www.scielo.org). Foram lidos os artigos e selecionados, os que melhor atenderem aos objetivos do estudo.


Para a busca nas bases de dados, foram utilizados as palavras -chave: Intervenções de Enfermagem, Doença hipertensiva especifica da gestação (DHEG), pré-eclâmpsia, eclâmpsia, adolescência.

Intervenções / Cuidados de Enfermagem
O atendimento pré-natal deve ser realizado pelo médico ou enfermeiro integrante da equipe de saúde havendo a possibilidade de o enfermeiro assumir integralmente o atendimento pré-natal de baixo risco ou ainda de realizar consultas intercaladas com os médicos. (BRASIL, 2005).


Segundo Freitas, (2006) todas as gestantes após a avaliação inicial devem ser encaminhadas às consultas com a enfermeira, alternadas com consultas médicas, nas quais contarão de orientações adicionais e de reforço direcionados as gestantes. A atuação do enfermeiro como intervenções para DHEG na adolescente implica no seu preparo para identificação de problemas reais e potenciais as gestantes e ao manejo adequado a diversas situações práticas (MACHADO, LEITÃO, HOLANDA 2005).


Conhecendo as necessidades da gestante a enfermeira tem a responsabilidade de atuar na assistência, no ensino, na pesquisa e na administração dando ênfase a prevenção de doenças incidentes no ciclo gravídico puerperal, além de atuar como agente multiplicador.


A enfermeira atua no pré-natal por meio da consulta de enfermagem e de atividades em grupo, a partir da avaliação da consulta de enfermagem, realizando os encaminhamentos que julgar necessários para os demais profissionais da equipe de saúde ou para a emergência obstétrica (DOTTO, MOULI, MAMEDE, 2006).


É importante que os profissionais ao atenderem a gestante adolescente com DHEG não se limite a patologia, mas procurem ouvir o paciente esclarecendo suas dúvidas sendo importante que a gestante se sinta acolhida e assistida sempre com atendimento respeitoso e de qualidade. (SILVA, CHRISTOFFEL, SOUZA, 2005).


Freitas, (2006) relata a existência de pesquisa, que apontam a utilização de vitaminas C e E como fator de proteção para DHEG, os dados ainda não podem ser generalizados devido à multifatorialidade da doença.


A vacinação antitetânica administradas em três doses ou duas doses quando não administradas anteriormente e uma dose de reforço para aquelas já imunizadas. Não sendo necessário nenhuma dose nas gestantes já imunizadas nos últimos cinco anos. (BRASIL, 2005).


A verificação do peso, pressão arterial, altura uterina e ausculta dos batimentos cardiofetais, estes procedimentos básicos esperados no pré-natal são de alta importância para a prevenção da DHEG. A ausculta do batimentos cardíacos fetais e a avaliação dos movimentos fetais são fundamentais para observar a vitalidade do feto. REZENDE FILHO, MONTENEGRO 2008).Exames laboratoriais devem ser solicitados, e a monitorização contínua deve ser rigorosa. (CARVALHO, 1990)


É durante o pré-natal que o enfermeiro deve realizar a educação em saúde com as gestantes, por meio de oficinas educativas. Também deve orientar as gestantes quanto aos sinais e sintomas que possam surgir durante a gestação e quais providências devem ser tomadas, fazer o acompanhamento e controle dos sinais vitais e medição da pressão arterial diariamente na Unidade Básica de Saúde ( PEIXOTO, MARTINEZ, VALLE 2008).


O diagnóstico de enfermagem é importante para realização de um plano de cuidados à gestante com hipertensão. O planejamento tem o intuito de interromper o ciclo desta patologia, proporcionando bases para a escolha das intervenções de enfermagem. (CARPENITO, 2001).
Sinais e Sintomas:

Aumento da pressão arterial
Proteinúria;
Cefaleia;
Edema patológico;
Sintomas visuais;
Sintomas gástricos;
Sintomas cerebrais;
Convulsão;
Sangramento transvaginal;


Cuidados de Enfermagem:

Entre as intervenções de Enfermagem, segundo Ziegel, Aranly (1986) e Carpenito (2001), estes são as mais comuns encontrados em gestantes com hipertensão.

Informar todo e qualquer procedimento ao paciente e familiar;

Assegurar ambiente de repouso e tranquilidade;

Promover repouso contínuo em decúbito lateral esquerdo;

Manter membros inferiores elevados;

Identificar sintomas subjetivos;

Identificar e eliminar os fatores de riscos potenciais;

Limitar atividades físicas;

Medir e registrar a pressão sanguínea;

Auscultar e registrar BCF;

Controlar o bem estar fetal;

Avaliar o peso diário em jejum e controlar diurese rigorosamente;

Orientar quanto dieta (normossódica, hiperproteica);

Manter vigilância quanto as funções vitais (circulatório, respiratório, renal e SNC);

Administrar drogas anti-hipertensivas e diuréticos, conforme prescrição médica;

Administrar drogas sedativas conforme prescrição;

Assegurar vias aéreas pérvias, oxigenação;

Observar e identificar qualquer alteração no seu estado;

Avaliar e estabilizar condições materna.
Conclusão:

Em face dos resultados encontrados, percebe-se que a gravidez na adolescência é um problema de saúde pública, e precisa ser discutida pelos profissionais de saúde e pela sociedade. Deve ser encarada não somente como atendimento, mas também como planejamento de políticas públicas que viabilizem a implantação e implementação de ações voltadas ao enfrentamento da problemática.


Acredita-se que a maior medida para se prevenir a DHEG em adolescentes seriam as ações educativas nas áreas de educação sexual e planejamento familiar, além de orientações quanto à necessidade e importância do início e acompanhamento do pré-natal.


Referência Bibliográfica:


BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-Natal e Puerpério: Atenção Qualificada e Humanizada. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Gestação de alto risco: manual técnico. 3. ed. Brasília; 2000.


BEZERRA, E. H. M., ALENCAR J. C. A., FEITOSA, R. F. G. et al. Mortalidade materna por hipertensão: índice e análise de suas características em uma maternidade-escola. Revista Brasileira Ginecologia Obstetrícia, set. 2005, v..27, n.9, p.548-553.


CARVALHO, GM. Enfermagem em Obstetricia. São Paulo: EPU, 1990.


CARPENITO, U. Manual de Diagnósticos de Enfermagem. 8ºed. Rev. Enferm. UNISA 2002; 3: 74-9. 79 ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.


DOTTO, L. M. G.; MOULIN, N. M.; MAMEDE, M. V.; Assistência Pré-Natal: Dificuldades vivenciadas pelas enfermeiras. Rev. Latino-america Enfermagem.; v.14, n.5, p.682-688, 2006.


FREITAS, F. Rotinas em Obstetrícia. 5ºed. Porto Alegre: Artmed, 2006.


HERCOWITZ, A. Gravidez na adolescência. Pediatria Moderna, 2002, São Paulo.


MACHADO, M. T.; LEITÃO, G. C. M.; HOLANDA, F. U. X. O Conceito de Ação Comunicativa: Uma Contribuição para a Consulta de Enfermagem. Rev. Latino-americana de Enfermagem, v.13, n.5 p. 723-728, 2005.


OLIVEIRA, Cristiane Alves de et al . Síndromes hipertensivas da gestação e repercussões perinatais. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., Recife, v. 6, n. 1, Mar. 2006.


PEIXOTO, M. V.; MARTINEZ, M. D.; VALLE, N. S. Síndrome Hipertensiva na Gestação: Estratégias e Cuidados de Enfermagem. Rev. Educ. Meio. Amb. Saúde, v.3, n.1, p.208-222, 2008.


REZENDE FILHO, J.; MONTENEGRO, C. A.B.; Obstetrícia Fundamental. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.


SILVA, L. R.; CHRISTOFEEL, M. M.; SOUZA, K. V.; História, conquistas e perspectivas no cuidado a mulher e à criança. Texto e Contexto Enfermagem. v.14, n.4, p. 585-593, 2005.


XIMENES NETO, Francisco Rosemiro Guimarães; DIAS, Maria do Socorro de Araújo; ROCHA, José and CUNHA, Isabel Cristina Kowal Olm. Gravidez na adolescência: motivos e percepções de adolescentes. Rev. bras. enferm. 2007, v.60, n.3, pp. 279-285.


ZIEGEL, EL; ARANLY, MS. Enfermagem Obstétrica. 8’ed. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1986.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Mayara Maria Souza de Almeida

por Mayara Maria Souza de Almeida

Possui Graduação em Enfermagem - Faculdade Padrão (2010). Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem Clínica. Especialista em Unidade de Terapia Intensiva - UTI Instituto Brasileiro de Extensão Educacional - IBEED (2012). Atualmente Bolsista - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ - Projeto ERICA Estudos de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes. Cursou Mestrado/Aluna Especial FEN-UFG.

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