Tem alguma coisa me incomodando... corpos estranhos

Podem penetrar no organismo através de qualquer orifícios
Podem penetrar no organismo através de qualquer orifícios

Enfermagem

28/07/2014

ENTROU UM CISCO NO MEU OLHO, NO MEU NARIZ, NA MINHA BOCA...

Você já passou pela situação de estar andando na rua e, de repente, algo entrar no seu olho ou nariz? É quase certo que sim. É muito comum que objetos estranhos entrem nos nossos olhos em um dia em que esteja ventando muito, por exemplo.
Entretanto, não é preciso estar na rua em um dia de ventos muito fortes para estar sujeito a uma situação como essa. Qualquer pessoa, em qualquer ambiente, corre o risco de que um objeto entre no seu olho ou no seu nariz.


Imagine aquelas pessoas que trabalham em ambientes onde há produção de muita poeira e outros tipos de resíduos. Com certeza, elas estão sujeitas a ter algum objeto atingindo alguma parte de seu corpo, ainda mais se não estiverem usando equipamentos adequados de proteção, como protetores de ouvido, óculos de proteção e roupas adequadas.


Um objeto estranho pode ser líquido ou sólido, fixo ou móvel. Os locais mais comumente atingidos são olhos, nariz, ouvidos, garganta e pele.


Através deste texto, você vai aprender como agir em casos nos quais algum objeto estranho entre em cada uma dessas regiões.


CAIU UMA COISA NO MEU OLHO!

Os olhos são órgãos muito delicados do corpo humano. São eles que nos permitem detectar a luz e a transformar essa percepção em impulsos elétricos. Os olhos, se atingidos por poeira, areia, insetos ou pequenos objetos estranhos, podem sofrer irritação, inflamações e até ferimentos mais sérios, que podem provocar a perda de visão.


Quando cai algo em nosso olho, qual é a primeira atitude que vem à nossa cabeça? Pedir para alguém assoprar, não é verdade? Pois é, mas isso não é aconselhável e não é a atitude correta a ser tomada. Então, o que dever ser feito?


O olho humano é um órgão muito sensível. Você pode perceber isso facilmente se tentar encostar a ponta do seu dedo na superfície do olho. O reflexo imediato é piscar. Por isso que, quando algo entra em nosso olho e começa a incomodar, não devemos colocar a mão nem assoprar para tentar retirar o objeto.


O ideal é seguir os procedimentos adequados, de forma a não prejudicar as estruturas do olho.


Quando algum objeto atingir os olhos de uma pessoa e você estiver por perto para socorrer, faça o seguinte:

1. Segure os cílios superiores e puxe a pálpebra superior por cima da pálpebra inferior, para deslocar a partícula ou objeto que estiver incomodando;

2. A seguir, faça a vítima fechar os olhos. Isso possibilita que as lágrimas lavem a superfície do olho e removam o objeto estranho;

3. Se o procedimento descrito anteriormente não der certo, lave o olho afetado com água limpa, de preferência usando conta-gotas;

4. Se isso ainda assim não resolver o problema, faça o seguinte: vire a pálpebra superior para cima (ou a inferior para baixo) e, com muito cuidado, retire o objeto estranho com a ajuda de um cotonete umedecido em água.

ATENÇÃO
Cuidado! Todo ferimento no olho deve ser considerado perigoso, pois pode causar cegueira. Mesmo pequenos cortes e arranhões podem infeccionar e prejudicar a visão se não forem bem cuidados.


Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, devemos agir da seguinte forma: “Se o cisco estiver em cima da íris, ou seja, a parte colorida do olho, não se deve mexer. Nesses casos, o ideal é procurar imediatamente atendimento médico. Quando for um simples cisco na pálpebra inferior ou superior, poderá ser retirado cuidadosamente com um cotonete ou com a ponta de um lenço limpo.”


CAIU UMA COISA NO MEU OLHO!
Se o caso for mais grave, no qual o olho foi atingido por um objeto fixo e perfurante, NÃO TENTE REMOVER ESSE OBJETO!


O procedimento correto é cobrir os dois olhos com gaze ou pano limpo, sem pressionar, procurando imobilizar o objeto.
Em seguida, você deve encaminhar a vítima para socorro médico imediatamente. Não se deve, de forma alguma, deixar que a vítima esfregue o olho, já que isso pode causar um ferimento ainda maior e com consequências mais graves.


Há ainda outros casos em que os olhos podem ser atingidos:

Produtos químicos: no caso de algum produto químico entrar em contato com os olhos, lave-os por aproximadamente cinco minutos e procure ajuda médica, de preferência levando o produto ou sua embalagem, para que o médico possa fazer uma avaliação mais completa do tratamento.


Cortes, contusões e hematomas: no caso de o objeto provocar algum ferimento no olho, o procedimento adequado é cobrir os dois olhos com compressas úmidas e frias. Após esse atendimento inicial, procure ajuda médica.
O que NÃO deve ser feito: não permita que a vítima esfregue os olhos nem utilize colírio anestésico ou pomadas. Isso dificultará a avaliação médica.


TEM ALGO NO MEU OUVIDO!

O ouvido é composto por três partes básicas – o ouvido externo, o ouvido médio e o ouvido interno. Cada parte serve para uma função específica na interpretação do som.


A presença de um objeto estranho no ouvido geralmente não é um problema de urgência, e por isso não há necessidade de desespero. Isso porque o ouvido, diferentemente do olho, não é uma estrutura de alta sensibilidade.


Caso o objeto esteja tampando totalmente a abertura do ouvido, a vítima sentirá um pequeno mal-estar por ouvir menos. Assim, a ida ao médico poderá ser providenciada com calma.
Entretanto, o procedimento correto vai variar de acordo com a natureza do objeto que está no ouvido. Veja, a seguir, algumas possibilidades:


1. Se o objeto que atingiu o ouvido for um inseto:
Caso o inseto esteja vivo, provocará um ruído que pode desesperar a vítima e gerar um estado de inquietação e irritabilidade. Assim, você deve fazer alguma coisa para aliviar o incômodo. Se o inseto estiver se movimentando dentro do ouvido, podemos utilizar um facho de luz, ou seja, uma pequena lanterna. Deve-se puxar a orelha para trás e dirigir o facho de luz para o canal auditivo. O inseto atraído pela luminosidade saíra com certa facilidade.


Caso o inseto esteja morto, você deve inclinar a cabeça da vítima para o lado afetado e colocar quatro gotas de óleo mineral (NUNCA use óleo de cozinha) no ouvido. Sacuda levemente a cabeça da vítima, como se estivesse tirando água do ouvido.


2. Se o objeto for uma pequena pedra,
você deve inclinar a cabeça da vítima para o lado afetado e esguichar água com uma seringa, apontando para a parede do ouvido. Depois sacuda levemente a cabeça da vítima.


3. Se o objeto for um grão ou qualquer coisa que inche em contato com água (ex.: feijão, milho etc.), aja como no caso da pedra, mas use álcool em vez de água.


4. Se você perceber que o objeto que atingiu o ouvido está fixo, estabilize, da mesma forma que foi explicado para os olhos, e encaminhe ao hospital imediatamente.


ATENÇÃO
Não tente retirar o objeto do ouvido com cotonete, pinça ou outro instrumento qualquer, porque há o risco de empurrá-lo ainda mais para dentro do canal auditivo. Ele pode atingir o tímpano, perfurando-o, podendo até provocar surdez!


AI, MEU NARIZ!

O nariz é a parte externa do nosso sistema respiratório. Ele possui duas aberturas que são chamadas narinas, por onde é possível inspirarmos e expirarmos o ar. Frequentemente, ele também é uma “porta de entrada” para objetos estranhos. Assim como acontece no ouvido, é comum insetos entrarem no nariz, e por isso é importante que você aprenda como realizar a retirada de um objeto que está no interior do nariz.


Uma pessoa que está com algum objeto no nariz deve evitar inspirar fortemente, pois, assim, pode forçar o objeto ainda mais para dentro. O procedimento correto é tampar a narina que não está obstruída pelo objeto, ou seja, a não afetada, e pedir que a vítima assoe o nariz com força.


Caso isso não provoque a expulsão do objeto, encaminhe a vítima ao hospital. É importante que você não tente retirar o corpo estranho usando outros objetos, como pinças, por exemplo, porque isso pode acabar empurrando-o ainda mais para o fundo do nariz, dificultando a retirada ou até mesmo lesionando o tecido interno.


Há dois casos em que é preciso procurar imediatamente assistência médica:


• Se não for possível remover facilmente um corpo estranho do nariz da vítima;

• Se houver suspeita de infecção nasal depois da remoção do corpo estranho do nariz da vítima.
ENGASGOU?
A garganta é uma estrutura que pertence ao sistema digestivo e permite a ingestão de alimentos e líquidos. Como ela é a via por onde os alimentos entram em nosso corpo, é muito provável que, nesse caminho, algo fique preso, obstruindo a passagem. Essa obstrução pode provocar lesões e impedir a entrada de ar nos pulmões.


Às vezes, quando ocorre o engasgo com a alimentação ou bebida, o simples reflexo da tosse pode eliminar o objeto que esteja impossibilitando a passagem do ar.


Um objeto pode chegar à garganta tanto pela boca quanto pelo nariz. A partir da garganta, esse objeto pode seguir dois caminhos:
• Descer para o estômago, caminho que a comida percorre normalmente. Nesse caso, dê à vítima alimentos pastosos (ex.: banana amassada, purê) para ajudar o objeto a descer. Mas atenção! Se o objeto que está obstruindo a passagem for algo cortante (ex.: agulha, lâmina de barbear), não dê nada para a pessoa comer. Procure imediatamente um médico;

• Descer para os pulmões, ou seja, por onde passa o ar que respiramos. A vítima provavelmente irá tossir bastante. Enquanto estiver tossindo, não faça nada, pois às vezes a tosse é suficiente para expulsar o objeto estranho. Não é necessário dar tapas nas costas da pessoa engasgada.


Quando a vítima parar de tossir ou se você perceber que ela está ficando sem ar, realize um procedimento chamado Manobra de Heimlich. Veja os passos descritos a seguir:

1. Posicione-se atrás da vítima e apoie uma das mãos na barriga para que ela não caia.

2. Abrace a vítima por trás, colocando uma das mãos em punho na barriga (um pouco acima do umbigo) enquanto a outra mão segura a primeira.

3. Faça compressões para dentro da barriga, tentando forçar o objeto estranho para cima. Os movimentos têm que ser rápidos (para dentro e para cima).

4. Repita os passos anteriores até conseguir retirar o objeto que está obstruindo a passagem.


Antes de iniciar qualquer procedimento, verifique se a vítima está inconsciente ou parou de respirar. Caso isso aconteça, você deve colocá-la deitada de barriga para cima. Em seguida chame a emergência e inicie os procedimentos de reanimação cardiorrespiratória.


Se, após a realização de todos esses procedimentos a pessoa, ainda não respirar e a obstrução persistir, repita os passos anteriores até a desobstrução ou até a chegada de socorro adequado.


ATENÇÃO
A Manobra de Heimlich só deve ser usada para maiores de um ano.


A manobra não deve ser feita em mulheres grávidas ou em pessoas muito obesas. Em gestantes e em pessoas muito obesas, a manobra recomendada é a das compressões torácicas, feita da seguinte forma:

Nesta manobra o que muda é o local e a forma dos movimentos. São compressões realizadas dois dedos acima do mesmo local onde é feita a massagem cardíaca externa. São realizadas cinco compressões rápidas com a pessoa em pé ou deitada (se a pessoa estiver deitada, abra as vias aéreas antes de fazer a manobra).
DEPOIS DE OLHOS, OUVIDOS, NARIZ E GARGANTA...
Você acha que já acabaram os lugares onde objetos estranhos podem nos atingir? Ainda não! Chegou a vez de falarmos da pele, o maior órgão do nosso corpo. A pele é o órgão de revestimento externo do corpo, responsável pela proteção do organismo.


A pele é o revestimento externo do nosso corpo. Como ela cobre toda a nossa superfície do corpo que está em contato com o ambiente, está bastante suscetível a ser atingida por algum objeto estranho que possa vir a causar algum ferimento.
Quando objetos estranhos atingem a pele, podem causar ferimentos e infecções. A pele pode ser atingida pelos mais variados objetos, podendo ser perfurada.


Um objeto estranho sobre a pele deve ser retirado com uma pinça limpa ou agulha flambada (aquecida em uma chama até ficar em brasa).


Nunca use canivete ou faca, já que pode agravar o ferimento.


Caso o objeto esteja enfiado na pele mais profundamente, não tente retirar. Nessas situações, o procedimento correto é encaminhar a vítima ao pronto-socorro.


No entanto, mesmo em casos leves, ou seja, que não pareçam tão graves, o ideal é encaminhar o paciente ao serviço médico. É melhor procurar ajuda especializada do que agravar a lesão.


Se o objeto que perfurou a pele for um anzol, veja como proceder para ajudar a vítima:
• Em acidentes com anzol de pesca pequeno: o anzol deve ser empurrado até que a fisga fique para o lado de fora da pele. Em seguida, corte a ponta do anzol com um alicate. Por fim, puxe o anzol pelo mesmo orifício por onde ele entrou.

• Em acidentes com anzol de pesca grande: não corte nem tente tirar. Imobilize-o usando copinho plástico e esparadrapo e encaminhe a vítima ao hospital.


Em qualquer caso de ferimento da pele (anzol ou demais objetos), faça a limpeza do local com água e sabão e adote as medidas apropriadas aos casos de ferimento.


É importante lavar o local atingido com bastante água e sabão. Essa medida de precaução busca evitar infecções no local, que podem ser provocadas pelo objeto que perfurou a pele.


Um objeto muito comum de entrar na pele é a farpa de madeira. Porém, em geral, as farpas penetram de forma muito superficial, o que facilita sua retirada. Trabalhadores que lidam com madeira, como os carpinteiros, por exemplo, têm grandes chances de ter farpas entrando na sua pele a todo o momento.


Para extrair as farpas, você pode utilizar uma agulha ou pinça, instrumentos que podem ser esterilizados com álcool ou aquecidos no fogo. Além disso, lembre-se de que, antes de tentar retirar a farpa, a pele ao redor deve ser lavada com água e sabão.


A agulha deve ser utilizada para expor totalmente a extremidade da farpa. Em seguida, quando grande superfície da farpa já estiver exposta, pegue-a firmemente com uma pinça e puxe-a para fora na mesma direção em que entrou na pele.


Uma farpa horizontal superficial, ou seja, aquela que você consegue ver em toda a sua extensão, pode ser extraída abrindo-se a pele ao longo dela e fazendo-a sair com um movimento rápido, para que a farpa saia por inteiro. Se existem numerosas farpas superficiais e que não estão causando dor, não é necessário retirá-las, já que sairão por si sós, após um tempo, devido à esfoliação normal da pele.


RESUMINDO...

• Objetos estranhos podem penetrar nos olhos, nos ouvidos, no nariz, na garganta e na pele.


• Quando algo estranho atingir o olho da vítima, é necessário deixá-la lacrimejar à vontade, para que o objeto possa sair sozinho. Depois, caso o objeto não saia, você deve segurar os cílios superiores e puxar a pálpebra superior por cima da pálpebra inferior. Use um cotonete ou um pano limpo para retirar o objeto.


• É muito comum que insetos entrem no ouvido. Nesse caso, utilize uma lanterna, mirando o feixe de luz para o canal auditivo, para que o inseto seja atraído pela luz e saia do ouvido.


• No caso de objetos estranhos no nariz, faça com que a vítima respire pela boca e evite inspiração forte (que pode forçar o objeto ainda mais para dentro). Tampe a narina não afetada e peça para a vítima assoar o nariz com força. Caso o objeto não saia, encaminhe a vítima para o hospital. Nunca tente remover um objeto que não esteja visível e fácil de retirar.


• Quando uma pessoa engasgar, não bata nas costas dela! O que você deve fazer é incentivá-la a tossir.


• No caso de objetos estranhos na pele, eles devem ser removidos com uma pinça limpa ou agulha flambada (aquecida em uma chama até ficar em brasa). Nunca use canivete ou faca.


• Em todos os casos de objetos estranhos no organismo, quando não conseguirmos retirá-los, devemos acalmar a vítima e encaminhá-la ao hospital para que tenha o socorro médico adequado.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Everton Elias Silva

por Everton Elias Silva

Possui graduação em Enfermagem pela Faculdade Santa Rita - FaSaR/MG (2009). Especialista em Urgência, Emergência e Trauma pela Faculdade Redentor - FacRedentor/RJ (2011), Especialista em Saúde Coletiva com Ênfase em Estratégia Saúde da Família pela FacRedentor/RJ (2012) e Especialista em Enfermagem Obstétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (2013).

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