Os benefícios da adesão precoce nos programas de socialização da terceira idade

Enfermagem

22/04/2014

Segundo o conceito da senescência, o ser humano inicia seu envelhecimento a partir da concepção, apresentando alterações anatômicas mais nítidas a partir dos 60 anos, causadas pela diminuição da capacidade do DNA em se comunicar e duplicar-se. Essa capacidade diminui gradativamente com o passar dos anos demonstrando-se através da perda do brilho da pele, que fica ressecada, quebradiça e com turgor diminuído; os cabelos embranquecem e caem, sem falar na diminuição do tônus muscular e da constituição óssea1,2,3.

O processo do envelhecimento não é definido só pelas alterações físicas, tratando-se também de um processo dinâmico e progressivo, que geram modificações funcionais, morfológicas, bioquímicas e sociológicas da saúde, sendo pessoal e diferente para cada indivíduo2.

Quando falamos de processos sociológicos do envelhecer, podemos destacar a chegada da aposentadoria, onde muitos idosos cessam suas atividades de vida diária, tornando-se cada vez mais introspectivos. Ao entender que este é o período de inutilidade, o que lhes causa modificação de hábitos, como: abandono de atividades físicas, que os deixam ainda mais vulneráveis. Principalmente os que moram sozinhos por opção, ou por terem sido descartados da vida de seus familiares, uma vez que esses se ocupam de suas próprias vidas esquecendo-se de seus progenitores. Sendo assim, conseguimos classificar este evento junto à teoria do desengajamento que faz com que o idoso se afaste do meio social por livre e espontânea vontade ou pela imposição da sociedade, tornando-se isolado e pouco ativo1,4,5,6.

Com tudo, vale ressaltarmos que a participação dos idosos na população mundial e brasileira tem crescido de modo bastante acentuado nas últimas décadas. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou a relação das populações entre os 26 Estados e os 5.565 municípios brasileiros, incluindo o Distrito Federal. No Censo Demográfico de 2010, feito a partir do estudo realizado no período de 1º de agosto a 31 de outubro de 2010.

A presente relação nos mostra uma população de 185. 712.713 brasileiros em 2010, sendo que éramos cerca de 169.799.170 habitantes em 20007. Dessa relação, pode-se dizer que à população de idosos com mais de 100 anos ultrapassará os 24,5 mil do censo de 20008 e que esses dados apresentam uma expectativa de vida maior no país, expondo um aumento de mais ou menos três anos entre 1999 e 2009, onde o brasileiro poderá viver até 73,1 anos.

Entre as mulheres o percentual é maior, passando de 63,9 para 77 anos, já os homens, de 66,3 para 69,4 anos8. A população de idosos no Brasil subiu de 3,9 % para 5,1%, mas com o declínio da taxa de natalidade desde a década de 60, devido à introdução dos anticoncepcionais, traça uma estimativa para 2050. Onde poderá existir cerca de 170 idosos, para cada grupo de 100 crianças, o que acarretará em mudanças estruturais em termo etário da população brasileira, fato que conduz a sociedade brasileira a estabelecer mecanismos de promoção à longevidade9,10.

Devido ao grande número de idosos existentes, a longevidade como processo de envelhecer bem, se faz unida a teoria da continuidade, onde o idoso é parte integrante do convívio social. Permanecendo ativo e a frente de seus compromissos e preferências, fazendo com que o envelhecimento seja apenas parte do ciclo de vida e não o período final dela. Portanto, ao envelhecer não se pode pensar só em deixar de produzir, é necessário pensar em plenitude, sabedoria, e renascimento para a nova etapa que se inicia: “A Terceira Idade”11,12.

Para corrigir a deficiência do desengajamento, foram desenvolvidos os centros de convivência da terceira idade pelo Governo Federal, através da Política Nacional do Idoso, Lei Nº 8.842/1994, aprovada em quatro de janeiro de 1994, posteriormente regulamentada pelo Decreto Nº 1.948/96, que tem por finalidade assegurar direitos sociais, que garantam a promoção da autonomia, integração e participação efetiva do idoso na sociedade. De modo que o mesmo possa exercer sua cidadania, como estipulado nesta lei. O limite para uma pessoa ser considerada idosa é de 60 anos ou mais de idade e os Programas de Socialização do Idoso, contemplam todos os municípios e Distrito da Federação13.

O papel dos Centros de Convivência para a terceira idade é justamente proporcionar a continuidade de uma vida que não se finda com a chegada da velhice, mas que segue seu rumo, proporcionando aos idosos a oportunidade de desfrutar de atividades e eventos, que não lhes era possível quando mais moços, por conta das responsabilidades na manutenção de seus dependentes. Dentre as atividades propostas pelos centros estão: as atividades físicas, que praticadas regularmente retarda ou atenua o envelhecimento biológico14; há também a educação em saúde, importante ferramenta para a qualidade de vida, pois ao integrar conhecimentos das áreas humanas e biológicas ao senso comum, garante a essa população expectativas de uma vida sadia, portanto melhor13, 14,15.

Sendo assim, e em especial a esta pesquisa, destacamos dentro do Município de Colombo e através da Secretaria da Ação Social, o Centro de convivência São José, onde são desenvolvidos projetos que proporcionam ao idoso cadastrado: atendimento médico, atividades físicas, educacionais e artesanais. O que viabiliza a continuidade de uma vida ativa, gerando uma qualidade de vida para esta população.

Portanto, em uma análise aos dados do IBGE, que descrevem a proporção de crianças/futuros cuidadores bem menor, frente aos idosos. Daqui a alguns anos conjecturo que, com a inserção do idoso em qualquer programa de socialização oferecido pelo Estado, desde o início de sua terceira idade, o processo de longevidade se dará como iniciado, ofertando a qualidade de vida e promoção à saúde. E em longo prazo se desenvolverá uma geração de idosos independentes, sadios e ativos.

OBJETIVO

Levantar os benefícios da adesão precoce do idoso nos programas de socialização da terceira idade em Colombo - PR e difundi-los a população do Município, na tentativa da conscientização de uma velhice sadia e produtiva.

METODOLOGIA

Para a realização desta pesquisa, foi utilizado como metodologia um envolvimento de diversas referências epistemológicas, desenvolvendo uma pesquisa de campo de abordagem quantitativa que abrange a visão positiva, onde o conhecimento é medido por meio de escalas numéricas, através da mensuração matemática e qualitativa que se dispõe em instrumentos técnicos de subjetividade, e percepção de uma experiência controlada16. Ambas de cunho exploratório, seguidas de uma breve pesquisa bibliográfica, através dos descritores: qualidade de vida do idoso, saúde do idoso, terceira idade. Cujos artigos foram localizados nas bases de dados como a LILACS, MEDLINE e SCIELO, que visam colocar o autor frente a informações atualizadas, com base em bibliografias tornadas públicas como: periódicos, jornais, livros, sites, monografias e teses em relação ao tema de estudo17, 18.

Inicialmente foi desenvolvido um instrumento de coleta de dados, contendo 11 questões mistas, onde 05 são objetivas diretas, 04 objetivas indiretas. Podendo estender para discursivas, e 02 totalmente discursivas (Anexo I). Seguido do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Anexo II) e posteriormente, foi solicitado uma autorização à diretoria do Centro de Convivência São José, para a realização desta pesquisa. Este com sede na Rua Rio Araguaia n°: 651- Jardim Esmeralda- CEP: 83403-330. Instituição vinculada à Secretaria de Ação Social e do Trabalho da Prefeitura do Município de Colombo – CNPJ 76105634/0001 – 70. Região metropolitana de Curitiba/PR. (Anexo III). Com encaminhamento da documentação acima para a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, que emitiu parecer favorável (Anexo IV).

A coleta de dados aconteceu no próprio Centro de Convivência, que atende a 80 idosos, sendo 27 do sexo masculino e 53 do sexo feminino, durante o mês de julho de 2011, ocasião em que ocorreram as férias escolares do pesquisador.

Foi selecionada uma amostra de 50 % dos idosos como forma de manter uma margem de segurança, que permitisse respeitar a vontade daqueles não aderentes a pesquisa e contemplar aqueles que tinham perfil, quanto aos critérios de inclusão. Portanto, trabalhamos com 40 idosos que participaram efetivamente do estudo, não havendo nenhuma desistência durante a realização do mesmo.

Sem distinção de sexo ou raça, foi mantida como critério de inclusão a idade igual ou superior a 60 anos, a condição de ser cadastrado e freqüente ao Centro, ser independente, ou seja, ter a capacidade de freqüentar o Centro por conta própria, sem a necessidade de acompanhantes ou cuidadores, e que fossem também socialmente ativos. Este no que diz respeito à participação de atividades recreativas, como: bailes, passeios, oficinas e demais atividades oferecidas pela instituição.

Os participantes foram abordados um a um em diversos setores da instituição, sendo-lhes fornecido orientações de forma clara, simples e objetiva sobre a natureza da pesquisa. Seguido da informação de que seria mantido o anonimato/sigilo absoluto da identidade de cada participante, e de forma esclarecedora foi levantada a questão aos voluntários, de que os mesmos poderiam deixar à pesquisa em qualquer momento, sem prejuízo algum e que sua participação seria voluntária, não havendo nenhuma espécie de compensação.

Logo após a distribuição do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, cujo só tem valia com a prévia leitura e autorização por escrito, conforme resolução 196/96 do Ministério da Saúde, nas diretrizes que normatiza e regulamenta pesquisas envolvendo Seres Humanos, foi dado início a coleta de dados.

Após a coleta de dados o questionário acima citado passou por uma leitura analítica, onde foram montados grupos de interpretação por raciocínio lógico e coerência complementar entre as questões, desenvolvendo a seguir uma tabulação quanti-qualitativa, demonstrada através de gráficos e tabelas conclusivas. Os resultados encontrados são também difundidos a população do Município de Colombo/PR no mês de Dezembro de 2011.

RESULTADOS e DISCUSSÃO

O estudo entrevistou um universo de 40 idosos usuários do Centro de Convivência São José, onde primeiramente foi traçado o perfil dos frequentadores na tentativa de elucidar no gráfico 1 os diversos grupos etários dentro da amostragem, com a convivência em moradia e o fator saúde. Esses que concomitantemente sempre andam juntos, relacionados nem que seja de forma indireta. A fim de demostrar essa correlação, dividimos a amostra por gênero e subsequentemente, em grupos de moradia dentro das faixas etárias específicas, relacionando estes com a existência de patologias comuns do envelhecer, que se potencializam na falta de controle ou atenção adequada19,20.

Portanto, se observarmos o primeiro grupo que abrange a uma faixa etária iniciada dos 60/70 anos e compararmos os gêneros, podemos dizer que das 18 (45,5%) mulheres desde grupo 6 (15%) moram sozinhas e 12 (30,%) com a família, onde 13 (32,5%) possuem acometimento da saúde e uma pequena quantidade que se compreende a 5 (12,5%) apenas, apresentam-se com boa saúde. Em relação aos homens do mesmo grupo etário 1 (2,5%) mora sozinho e 4 (10%) com a família. Sobre o acometimento da sáude deles, apresentamos 3 (7,5%) e os saudáveis, em número de 2 (5%).

Dentro do segundo grupo etário que compreende aos indivíduos de 71/80 anos, apresentamos 10 (25%) mulheres entrevistadas, onde 6 (15%) residem com a família e 4 (10%) sozinhas, onde 2 (5%) negam palotogias existentes e 8 (20%) apresentam algum tipo de patologia. Já o sexo masculino com 4 (10%) entrevistados, dividem-se em 3 (7,5%) que possuem patologias provenientes do envelhecimento e apenas 1 (2,5%) relata não ter acomentimento na saúde, sendo que desta amostra todos os 4 (10%) residem com a família.

Por fim, o grupo etário que vai de 81/85 anos. Ao dividirmos também em genêro, apontamos que há 1 (2,5%) mulher da amostra da faixa etária acima, e esta vive habitualmente com seus familiares, e refere a existencia de patologia. Os 2 (5%) do sexo masculino, relatam que vivem com a família e que apresentam patologias advindas da idade.

Desta forma, podemos ressaltar que o grupo etário de 60/70 anos do sexo feminino, demonstra-se com maior número de casos de acometimento da saúde, em relação ao gênero oposto da mesma faixa etária, e se associarmos de uma forma geral os idosos com o acometimento da saúde com o fator de convivência domiciliar, podemos notar que a incidência de problemas da saúde é predominante naqueles que moram com a família, se comparado com os idosos que residem sozinhos. Uma vez que esses optam por uma mesma moradia, na tentativa de melhorar a condição financeira, o que torna inviável dar a atenção adquada aos dois extremos de idade, ali existentes.

Gráfico 1 – Perfil dos freqüentadores do Centro de Convivência São José

Fonte: Dados do pesquisador.

Aproveitando o ensejo descrito acima, sobre o acometimento da saúde dos idosos e sem qualquer interferência dos grupos etários anteriormente mencionados, mas mantendo a divisão de gêneros. Resolvemos destacar quais as patologias que estariam em contato direto com os idosos desde o momento da adesão aos programas, uma vez que com o envelhecimento os indivíduos estão susceptíveis a inúmeras patologias19.

Assim, dentro da especificidade para essa amostra e conforme o gráfico 2 abaixo, foi levantado sete patologias, ditas como comuns na população idosa, onde alguns deles estavam acometidos por mais de uma patologia. Dentre as quais: a Artrite foi citada 5 vezes (12,5%) pelas mulheres e 1 vez (2,5%) pelos homens, a Hipertensão Arterial aparece 6 vezes (15%) nas mulheres e 3 vezes (7,5%) nos homens. Já a Diabetes Mellitus é descrita 4 vezes (10%) por mulheres e 1 vez (2,5%) por homens. A Osteoporose mostra-se apenas nas mulheres e aparece 2 vezes (5%), assim como a Gastrite e Dislipidemia citadas 1 vez cada (2,5%).

Outra patologia que também é citada, mas de forma preocupante devido a sua explosão foi a Depressão, cujo aparece 14 vezes (35%) nas mulheres e 3 vezes (7,5%), nos homens. Esta é a patologia de maior prevalência na população idosa, conforme evidências de estudos anteriores, que demonstram que ela está relacionada aos aspectos sociais e culturais como: à baixa escolaridade e poder econômico desfavorável, que é potencializada pela cultura envolvida.

A Depressão também esta relacionada às mudanças neuroquímicas (químico) e neuropsicológicas (emocional), que têm a ver com mudanças hormonais. Fato que é acentuado por eventos oriundos das relações interpessoais, provocando a ausência de um regular contato com outras pessoas, o que é considerado um fator de risco à saúde, chegando até, ser mais importante que o fumo, a hipertensão arterial, a obesidade e a ausência de atividade física19,20.

Gráfico 2 – Doenças coexistentes à adesão nos programas de socialização.

Fonte: Dados do pesquisador. Legenda: H A*= Hipertensão Arterial.

Desta forma, a fim de comprovar que o bem-estar físico e emocional dos idosos está relacionado à sua capacidade funcional de socialização, de atividade intelectual e de proteção à saúde20, apresentamos na tabela 1. Uma explanação sob o método comparativo no que tange a vida diária de um idoso, antes e depois de sua inserção nos programas de socialização.

A amostra é estudada desta vez com um olhar global, demonstrando todos os inscritos e sua freqüência no Centro de Convivência. Então, 27 indivíduos (67,5%) freqüentam de 1-2 vezes por semana, e de 3-4 vezes por semana estão 8 idosos (20%). Os freqüentadores mais assíduos estão presentes de segunda à sexta-feira, totalizando 5 vezes por semana e são apenas 5 pessoas (12,5%). Sendo que, antes de seu ingresso 21 pessoas (52,5%) classificavam suas vidas como monótonas, outras 13 pessoas (32,5%) como triste, mas 2 pessoas (5%) caracterizavam- na como agitada e 4 pessoas (10%) denominavam-se alegres. Depois da inclusão passaram a perceber uma mudança em suas vidas, onde 8 pessoas (20%) classificaram sua vida diária, como agitada e 32 pessoas (80%) como alegres.

Tabela 1 – Comparativa da vida diária do idoso com a freqüência ao centro

 


Frequência Semanal

 

ANTES

 

DEPOIS

 

Monótono

 

Agitado

 

Triste

 

Alegre

 

%

 

Monótono

 

Agitado

 

Triste

 

Alegre

 

%

 

1 a 2 vezes

 

11

 

2

 

11

 

3

 

67,5

 

0

 

3

 

0

 

24

 

67,5

 

3 a 4 vezes

 

6

 

0

 

1

 

1

 

20

 

0

 

1

 

0

 

7

 

20

 

5 vezes

 

4

 

0

 

1

 

0

 

12,5

 

0

 

4

 

0

 

1

 

12,5

 

Indivíduos

categorias

 

21

 

2

 

13

 

4

 

40

 

0

 

8

 

0

 

32

 

40

 

Total

 

52,5%

 

5%

 

32,5%

 

10%

 

100

 

0%

 

20%

 

0%

 

80%

 

100

Fonte: Dados do pesquisador.

Tendo visto que o Centro de Convivência possui a missão de fazer com que os idosos sintam-se acolhidos e vistos como seres humanos, de forma a aumentar sua autoestima e os colocar novamente em uma sociedade. O mesmo é um local monitorizado por uma equipe multiprofissional, composta por: Geriatra, Nutricionista, Assistente Social, Professor de Educação Física, Psicólogo, Gerente, Auxiliar Administrativo, Auxiliar de Serviços gerais e Membros da comunidade. Deixando em aberto a presença do profissional Enfermeiro, que é preparado durante sua graduação inteira para trabalhar com a humanização, sendo também considerado na literatura o elo de promoção do vínculo entre o usuário, e os demais profissionais21.

Portanto de forma analítica e sob uma visão holística representado na tabela 2, conseguimos descrever a visão do idoso frente às mudanças ocorridas em sua rotina diária, para uma melhora da sua qualidade de vida, onde 22 entrevistados (55%) denominam o Centro de Convivência como seu momento de lazer, 4 indivíduos (10%) classificam- no, como o lugar que os mantêm ativos e independentes, 3 idosos (7,5%) relatam que o local os faz sentir inclusos na sociedade e 11 idosos (27,5%) têm o Centro como sua primeira casa, e em segundo lugar a casa onde moram.


Tabela 2 - Visão do idoso para com o Centro de Convivência

 


CLASSIFICAÇÃO DO CENTRO

 

INDIVÍDUOS

 

%

 

É meu momento de lazer

 

22

 

55

 

Mantêm-me ativo e independente

 

4

 

10

 

Faz-me incluso na sociedade

 

3

 

7,5

 

É a minha primeira casa e depois vem a onde eu moro

 

11

 

27,5

 

TOTAL

 

40

 

100

Fonte: Dados do pesquisador.

Desta forma, fazendo uma associação comparativa desde o início desta pesquisa, cujo apresentou que o psicológico associado ao modo de vida diária dos idosos, antes da sua inclusão nos programas, era de um número alto em relação à desmotivação, e a um estilo de vida monótono.

Assim sendo, o idoso pesquisado nesta amostra, referem perceber que o Centro de Convivência é algo benéfico, promovido pelas relações sociais nas mais diversas atividades desenvolvidas pela instituição, sem as quais, segundo estudos os efeitos negativos na capacidade cognitiva, seriam devastadores, lhes causando depressão e isolamento social, o que é quase sempre irreversível20.

Ao falarmos das atividades do Centro de Convivência São José, podemos listar: a realização de bingos, bailes, passeios, cursos, festas comemorativas, que são responsáveis pelos inúmeros fatores de qualidade de vida alcançados20. Conforme transcrito de forma qualitativa no gráfico 3 e nas respostas às questões dissertativas, em que os voluntários apresentam as melhoras alcançadas em suas vidas:

“Olha... aqui eu faço parte de alguma coisa... eu sou alguém, sabe!”

“Parece que abriu a minha cabeça... é que eu achava que, era besteira esse negócio de caminhar todo dia!”

“... aqui eu descobri que eu também tenho uma vida pra viver... é porque eu já criei todos os filhos, então, achava que tinha acabado...”

“Então... a médica vem e olha a pressão, pede o exame da diabetes... ela até trocou o remédio, e eu to me sentindo melhor!”

“Sabe! Quando eu comecei... achei que não ia gostar. É que não achava graça em mais nada... é como se as coisas tivessem recuperado a cor. Agora tudo brilha, parece um arco- íris... descobri a alegria de viver!”

E de forma quantiqualilativa, os idosos chegaram a reconhecer e caracterizar, com mais de uma classificação os benefícios do programa, onde aparece o lazer citado por 38 dos participantes (95%), a socialização descrita como benefício por todos da amostra (100%) e a regularidade de atividade física, citada por 29 dos entrevistados (72,5%), a alimentação adequada apareceu para 39 participantes (97,5%), já a independência inclusive financeira, pela comercialização de produtos feitos nas oficinas, foi citada por 19 indivíduos (47,5%) e o controle ou reabilitação de doenças foi citada, pelos 29 idosos, já acometidos no momento da adesão (72,5%).

Gráfico 3 – Benefícios que o Centro de Convivência proporciona ao idoso

Fonte: Dados do pesquisador.

CONCLUSÕES

Como se pode perceber, o psicológico e o relacionamento interpessoal estão emaranhados em uma teia que envolve a família, amigos, doenças psíquicas e químicas, estilo de vida, adaptação do ser humano em uma nova rotina e a auto-estima, que direta ou indiretamente influenciam na qualidade de vida. Entendemos que as relações estabelecidas entre o envelhecimento e as regras impostas pela sociedade, pode conduzir o idoso a um calvário apressando sua morte, devido ao desenvolvimento precoce de patologias na fase inicial da terceira idade, que se fortalecem e desencadeia outras no decorrer da velhice, como a depressão por exemplo.

Por isso conseguimos afirmar que a procura precoce dos idosos a qualquer Centro de Convivência, desde o início de sua terceira idade, os preparará para uma nova etapa da vida, mantendo-os com sua auto-estima preservada e oferecendo-lhes dignidade, neste período tão melindroso. Por isso, seria viável que os Centros de Convivência promovessem esse acolhimento inicial pelos enfermeiros, cujo papel principal é promover a humanização, o que seria de grande valia na tentativa de mudar o estilo de vida dos idosos, para mantê-los socializados e como conseqüência, para que possam desenvolver uma qualidade de vida, promovendo a longevidade.

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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Maria Deodato da Silva Morales

por Maria Deodato da Silva Morales

Bacharel em Enfermagem - 2011/02

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