A ética pode ser um conjunto de regras, princípios ou maneiras de pensar que guiam, ou chamam a si a autoridade de guiar, as ações de um grupo em particular (moralidade), ou é o estudo sistemático da argumentação sobre como nós devemos agir (filosofia moral). (SINGER, 1994).
Ética e responsabilidade social são termos que caminham lado a lado, já que não é possível assumir responsabilidades sociais sem ser ético. (CHALITA, 2010).
Quanto a ética aplicada na enfermagem contempla-se princípios da beneficência, não-maleficência e respeito à autonomia. Pode ser distinguida pela sua ênfase em relacionamentos, manutenção da dignidade e cuidado colaborativo, examinando as éticas de cuidado ao invés da ética da cura, explorando o relacionamento entre o enfermeiro e o paciente. (HUNT, 1998).
Ética ocupacional
No início da sociedade industrial, a ética no trabalho foi utilizada como instrumento de coerção do trabalhador. Ou seja, os princípios que cada empresa utilizava para determinar o que ela entendia por ética eram, na verdade, uma forma de garantir a obediência e submissão do empregado. Depois, a ética passou a ser vista não como um meio de obter a submissão do funcionário, mas sim como um modo de orientar a postura esperada de cada profissional. Podemos ver o exemplo dos médicos: ao se formarem, adotam um código de ética que, ao menos na teoria, irá determinar as suas ações.
A Comissão Internacional de Saúde no Trabalho (ICOH) atualizou, em 2002, o Código Internacional de ética para os profissionais de Saúde no Trabalho, determinando o proposito principal em saúde no trabalho que é proporcionar aos trabalhadores, individual ou coletivamente, bem-estar e saúde. (MORAES, 2008).
No que tange a ética no trabalho, esta tem importância fundamental na coletividade, e seu enfoque de vanguarda consiste na abordagem dos aspectos intervenientes nos processos de trabalho, de forma a possibilitar que o exercício da profissão ocorra dentro de parâmetros que considerem o interesse maior da sociedade. Conhecer as diversas dimensões da ética no trabalho significa aportar para a terminologia holística das relações humanas. Antes, ponderemos o que significa o termo Holismo.
Segundo o mesmo autor, deve ser mantido segredos industriais ou comerciais a que tenham acesso em função do exercício de suas atividades, porém nos casos em que seja necessário revelar para proteger a saúde ou a segurança dos trabalhadores ou da comunidade, deverão consultar as autoridades. (MORAES, 2008).
Ética e toxicologia
A Toxicologia esta engajada no processo de trabalho possibilitando entender os efeitos nocivos causados pelas substâncias químicas ao interagirem com os organismos vivos, tendo por objetivo a avaliação do risco de intoxicação, e desta forma estabelecer medidas de segurança na utilização e consequentemente prevenir a intoxicação, antes que ocorram alterações da saúde.
A Forma com que a toxicologia se utiliza do monitoramento da exposição aos produtos químicos são as analises toxicológicas, estas realizadas através de materiais biológicos do trabalhador (urina, fezes, sangue, soro, saliva, secreções). Os resultados obtidos dos exames dos indicadores biológicos são comparados com referências apropriadas. Aqui no Brasil a legislação que estabelece estas referências é regulamentada pela NR –7 Portaria nº 24 de 29/12/94 da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, onde são definidos os parâmetros para o controle biológico de exposição a alguns agentes químicos.
Estas análises são úteis no processo de adoções de medidas preventivas e de manejo do trabalhador no ambiente de trabalho, contudo, atualmente parece existir uma tendência equivocada de considerar que os exames de triagem, para detectar usuários de drogas em escolas ou locais de trabalho, como método de prevenção ao uso ilícito de diversas substâncias. Tal prática é do ponto de vista ético abominável e desvirtua qualquer possibilidade de prevenção possível. (CAZENAVE; CHASIN, 2009).
Outra aplicação das análises toxicológicas se refere ao controle de farmacodependência ou “dependência química” no ambiente ocupacional, ressaltando-se principalmente a vigilância de condutores de transporte coletivos. O diagnóstico laboratorial da intoxicação, seja ela aguda ou crônica, representa uma importante ferramenta para o médico no que se refere ao tratamento bem como no acompanhamento do paciente intoxicado ou ainda no estabelecimento do risco (CAZENAVE, 1998).
As análises Toxicológicas apresentam, portanto, importância crucial na materialização do crime e no auxílio-diagnóstico das intoxicações nas diferentes áreas da Toxicologia.
Se a diferença entre ética e moral é determinada pelas escolhas individuais, pelo caráter no primeiro caso e pelos costumes ou pelos modos da maioria, no segundo, há nisso uma grande carga de inconsciente. Pode-se estar dando vazão a preconceitos, ou interesses econômicos, ou ainda a questões pessoais. Considerando-se essa carga de inconsciente em nossas ações não podemos saber se há validade em nosso julgamento. Poderíamos então pensar que esse julgamento é apenas uma extrapolação de nossos preconceitos (RIOS, 1996).
Após os resultados da triagem, realizada rotineiramente para todos os funcionários, propõe-se o encaminhamento para tratamento daqueles indivíduos em que foi constatado o resultado positivo. A mesma metodologia, supostamente, poderia ser desenvolvida com estudantes e já foi proposta como projeto de lei em diversos estados, no entanto esse procedimento não poderia sequer ser cogitado considerando-se as consequências negativas a que os estudantes estariam sujeitos. Considerações:
Frente ao exposto, considera-se de extrema importância ao enfermeiro do trabalho a adoção de uma postura ética, livre de preconceitos e julgamentos discriminatórios. Nota-se que este profissional deve ter embasamento teórico para suas ações, possibilitando defender a saúde do trabalhador, adaptando o trabalho ao trabalhador e prezando pela produtividade da empresa.
Quanto a toxicologia do trabalhador, percebe-se que é uma área de notável importância na prevenção de doenças através do monitoramento constante dos trabalhadores expostos aos produtos tóxicos. Porém, este monitoramento deve permitir mudanças nas adaptações dos sistemas de segurança e não constituir-se apenas como um critério de exclusão de trabalhadores do setor. Eticamente quando o trabalhador apresentar alterações significativas nos exames o enfermeiro do trabalho deve tomar atitudes em prol da reabilitação deste indivíduo.
REFERÊNCIAS:
BITTENCOURT, Cláudia. Gestão Contemporânea de Pessoas: Novas Práticas, Conceitos Tradicionais. Porto Alegre: Bookman, 2007.
CAZENAVE,S. A; CHASIN, A.A.M. Analises toxicológicas e a questão ética. Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, vol.2, nº2, jun, 2009.
CAZENAVE,S.O.S. Drogas: Classificação e efeitos no organismo. In: Drogas: Prevenção. Manual da FEBRACT – Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas,
CHALITA, Gabriel. Opinião de Ética. Disponível em: www.gabrielchalita.com.br. Acessado em: 22 de setembro de 2010.
HUNT, Geoffrey. In: Craig E. Routledge Encyclopedia of Philosophy. London: Routledge, 1998. 56–57 p. vol. 7.
MORAES, M.V; Sistematização da assistência de enfermagem em Saúde do Trabalhador. 1 e.d. Iátria, São Paulo, 2008.
RIOS,T.A. Série Acadêmica. Significado de “inovação” em educação: compromisso com o novo ou com a novidade?
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Cássio Adriano Zatti
Enfermeiro. Especialista em Enfermagem do Trabalho pelo Centro Sul Brasileiro de Pesquisa Extensão e Pós-Graduação (CENSUPEG); Especialista em Auditoria em Serviços de Saúde pelo Centro Sul Brasileiro de Pesquisa Extensão e Pós-Graduação (CENSUPEG); Pós-graduando pela UNIFESP; Enfermeiro Assistencial do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora de Iraí - RS. Email: cassiozt@hotmail.com.
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