Toxicomania em enfermagem

Busca de experiências místicas
Busca de experiências místicas

Enfermagem

13/03/2013

A toxicomania é um problema antigo visto que o homem sempre buscou o uso de drogas para o alívio de suas dores, especialmente as dores morais e exacerbações de suas potencialidades artísticas, religiosas e místicas.

O uso de plantas alucinógenas é descrito desde as civilizações mais avançadas como em tribos primitivas. Naquelas, em busca de sensações novas, de prazeres exóticos. Nestas, em busca de experiências místicas, de um contacto mais próximo com seus deuses.

Entretanto, o uso e abuso dos tóxicos sempre foram limitados a pequenos grupos e, quando isto era ultrapassado, as civilizações entravam em declínio até sua extinção.

O homem dopado, ainda que atinja o estado alterado de consciência, de nível superior, não é capaz de usufruir adequadamente desta situação e acaba por destruir-se a si mesmo e aos demais que o cercam.

As leis existem para reprimir, mas não se aplica. Se aplicadas pouco ou nada tem resolvido visto as constantes informações da mídia de toneladas de drogas transportas e apreendidas.

Segundo Assumpção, 1998, para os profissionais de saúde é importante conhecer as causas da toxicomania:

• Experimentação, curiosidade e modismo – Apesar destas causas atuarem especialmente nos jovens, também os adultos são atingidos por elas. Talvez por isso mesmo a campanhas contra tóxico, apresentadas em quadros rápidos na televisão e em revistas, não funcionem tão bem. De tanto ouvir falar numa tal maconha, muitos jovens e adultos tiveram sua primeira experiência com o “fumo”. Primeira que quase sempre não fica somente nela.

• Busca de novas sensações – Numa sociedade permissiva, o homem que tudo experimenta acaba por se sentir num enorme vazio. Suas atitudes já não lhe trazem as mesmas sensações. É preciso buscar coisas novas, os tóxicos aparecem como solução para a sua carência de sensações. Mas, isto não seria válido: buscar novas sensações? Acontece que tais sensações procuradas não são as que levam a uma verdadeira felicidade, mas apenas a um prazer momentâneo, passageiro e que, uma vez extinto, traz como consequência uma enorme frustração, uma terrível sensação de impotência e de inutilidade. E assim torna-se preciso tomar uma nova dose que trará nova sensação temporária de euforia. Com o tempo as drogas mais fracas já não trarão sensações tão boas e parte-se em busca de novas sensações.

O círculo vicioso se fecha e difícil se torna encontrar o caminho de volta ou pelo menos uma porta de saída. A sensação final que o toxicômano encontrará será a do verdadeiro inferno, em que se tornará a sua vida.

• Imitação, emulação, grupismo – Algumas pessoas, apesar de freqüentar grupos de viciados, conseguem superar tudo aquilo e não se envolvem com os tóxicos. Mas esta convivência é extremamente perigosa, o estão de humor de todos nós passa por variações bastante grandes, um dia acontecerá que alguém do grupo irá desafiá-las e sugira a necessidade de provar que somos da turma e não destoando do grupo repetimos suas ações. Também pode ocorre que de tanto conviver uma realidade começamos achá-la normal e sem riscos para nossa integridade.


• Rebeldia –
Numa sociedade política opressora, o espírito de rebeldia vai tornando-se cada vez mais acentuado, contestar torna-se a palavra de ordem e especialmente entre os jovens, mais frágeis a estimulação negativa da opressão, a rebeldia surge com tabua de salvação. Luta-se contra uma prisão para cair em outra pior.

• Desajuste familiar
- A estrutura familiar bem constituída é uma muralha contra a invasão de tóxicos, a experiência com os toxicômanos mostra a grande verdade da afirmação.

A declaração de muitos usuários de drogas e que foram levados a esta atitude devido à separação dos pais ou a brigas intermináveis, incontornáveis dos pais não separados. O equilíbrio do individuo depende de ter suas necessidades humanas básicas atendidas, como alimentação, lazer, gregária, espiritualidade entre outras. É na família que se constitui o porto seguro para buscar paz e harmonia interior dispensando experiências externas que lhe de a falsa sensação de felicidade e segurança.

• Busca de experiências estéticas
- Diversos artistas buscavam e ainda busca no uso de tóxicos, a inspiração para suas obras, para seus quadros e seus poemas. Através de certas drogas consegue-se com freqüência um estado de consciência bastante alterado que proporciona visões, alucinações, as quais quando transpostas para a tela, para o papel, se transformam em obras artísticas de razoável valor.

• Busca de experiências místicas
– Na Antiguidade entre certos povos se prendia a rituais religiosos, onde se buscava, com o uso das drogas, uma visão das divindades, um estado espiritual elevado. Na expectativa desesperada de atender sua fome espiritual, continuam experimentar novas drogas, novas drogas, novas sensações, novos vazios.

• Existência de neuroses
– Pacientes neuróticos podem buscar nas drogas um alivio para seus problemas e, de usuários esporádicos, tornar-se um viciado.

• Sociopatas
– Da mesma forma o sociopata poderá recorrer às drogas como uma fuga de seus problemas, de suas angústias ou mesmo com uma agressão à sociedade. Tratar sua toxicomania de nada irá lhe adiantar já que esta será apenas uma extensão de seu problema maior.

• Alcoólatras
– O alcoólatra pode viver duas situações: uma, a insuficiência de efeitos da bebida alcoólica, depois de um profundo mergulho no vício. Curtido pelo álcool, passa a ter necessidade de coisas mais fortes e só os tóxicos responderam a essas necessidades.

Outra situação é a tentativa de regeneração do alcoolismo, lavando paradoxalmente ao consumo de drogas como um substitutivo para o álcool, até que cesse sua dependência. Acontece que a uma dependência sucederá outra mais grave e por vezes mais danosa ao viciado.


• Abuso de medicamento
– Esta cauda interessa bem de perto aos profissionais de saúde. Diretamente temos os anúncios populares de medicamentos que estimulam a automedicação e, o que é pior, o consumo indiscriminado de drogas. Indiretamente o abuso de medicamentos está ligado, sobretudo à prescrição médica, prescrições numerosas são feitas para males pequeninos, criando-se uma verdadeira balbúrdia química no organismo do paciente.

Dentro deste ultimo aspecto os profissionais de enfermagem dispõe de determinações claras e objetivas, no Código de ética profissional:
Proibições:
• Art. 30 - Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade dos riscos.
• Art. 31 - Prescrever medicamentos e praticar ato cirúrgico, exceto nos casos previstos na legislação vigente e em situação de emergência.
• Art. 32 - Executar prescrições de qualquer natureza, que comprometam a segurança da pessoa.

Direito:
• Art. 37 - Recusar-se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica, onde não conste a assinatura e o numero de registro do profissional, exceto em situações de urgência e emergência.
Parágrafo único – O profissional de enfermagem poderá recusar-se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica em caso de identificação de erro ou ilegibilidade.

É preciso que os profissionais de saúde estejam bem alertados para todos estes fatos, para não caírem no simplismo de julgar como malandros todos os viciados, desprezando –os ou ignorando –os, esquecendo - se de que são seres humanos fragmentados e que necessitam de muita atenção, muito cuidado, muito amor, especialmente pela fragilidade de personalidade que os levou a cair no vício.

Para de prevenir a toxicomania é preciso toda uma mudança na sociedade, na sua escala de valores e na sua própria maneira de encarar a vida, ao profissional de saúde a maior responsabilidade nesta área, não só no que diz respeito à terapêutica, mas, sobretudo na educação e na profilaxia.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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