Sofrimento do homem

Infelizmente ha uma dificuldade em aferir a dor
Infelizmente ha uma dificuldade em aferir a dor

Enfermagem

13/03/2013

“O homem não tem medo da morte; ele teme a dor de morrer" (Aspeley Cherry-Garrard)

Pela observação atenta e constante aos pacientes internados, principalmente os em pós-operados, percebemos que suas dores são subvalorizadas e, portanto subtratadas, as razões são varias; entre elas, o receio da ocorrência de efeitos colaterais ou dificuldades de comunicação e expressão dos próprios pacientes.

Infelizmente ha uma dificuldade em aferir a dor, porque para que ela exista temos inúmeros fatores contribuindo, subjetivos e objetivos, mas o que a equipe de enfermagem não pode deixar acontecer é esperar que o paciente reclame a dor para autorizar o cuidado ou a medicação.

"Para isto a equipe de enfermagem deve avaliar continuamente as manifestações de dor do paciente, comunicando ao intensivista, com vista a uma analgegia mais adequada." SILVA e BARBOSA. (2001. p. 317)

A falta de compreensão do profissional de enfermagem sobre a dor pode ser partes devido pouco conhecimento sobre o sofrimento; que didaticamente dividiremos em dois grupos principais:
• Sofrimento físico (dor)
• Sofrimento Moral:
- emocional (depressão, ansiedade, raiva, etc.)
- espiritual (duvida, falta de fé, pecado, etc.)

O sofrimento físico é representado essencialmente pela dor somática, pela dor visceral e pela dor psicógena. A primeira e geralmente uma dor localizada e se ajusta praticamente sempre a forma segmentares espinhais ou a dermátomos; a dor vesical é mal localizada, atinge regiões diferentes daquela visceral doente são representadas, muitas vezes, por sensações reflexas que se projeta em outra região do corpo e a dor psicógena são as causadas por somatização de um problema psicológico e sua causa é frequentemente, a tensão muscular crônica provocada pelo problema psíquico não resolvido.

O sofrimento físico esta ligado ao sofrimento moral, pois se uma pessoa passa por um período prolongado de dor ou ela é muito intensa, ou ainda esta relacionada a uma doença a grave pode levar ao sofrimento moral que agrava a dor pela formação de contrações musculares. O que leva muitas vezes a criar um círculo vicioso cuja quebra se impõe para a resolução da crise que afeta a pessoas.

Tanto o leigo como o profissional de saúde tende a precipitar a eliminação da dor, porém temos que considerar que a dor é um sintoma e o que precisamos de fato é identificar a causa do sofrimento através de uma exploração epidemiológica adequada gerando um diagnostico preciso e a eliminação certa e eficaz da causa da dor.

Não estamos dizendo com isto que devemos deixar o paciente sentir dor de forma discriminada e sim apenas o período necessário para identificar a causa, neste momento temos que realizar um processo lógico de pensamento; estamos realizando cuidados para aliviar a dor do outro ou estamos apenas querendo encobrir algo que nos incomoda.

Isto porque no cuidado com o paciente muitas vezes não estamos preparado para lidar com o sofrimento alheiro, por não conseguirmos lidar com o nosso próprio sofrimento, é o aspecto humano de interligarmos aos outros projetando o sentimento do outro em nós. Não gosto de sentir dor, não deixou passar dor; mas cientificamente temos que lembrar que o organismo humano tem a capacidade de produzir um analgésico potentíssimo, de alcance muito maior que os opiláceos, que são chamados de endorfinas, que são liberadas como uma defesa natural do organismo e para isto temos que conscientemente tentar liberar a dor e não aprisioná-la com posição de encolhida, dobrado sobre si mesmo. “Tenha sempre em mente: o paciente que reclama de dores não o faz porque é um “chato” e gosta de pedir analgésicos, e sim, porque sofre.” SILVA e BARBOSA (2001. p. 317)

O sofrimento moral por sua vez pode ser dividido em dois grupos o sofrimento emocional – ligado às emoções, e o espiritual que transcende ao corporal e emocional.

Para exemplifica – lo, vamos criar uma situação hipotética onde há um círculo vicioso que interliga a ansiedade, a depressão e a raiva, sentimento vivenciado em uma pessoa que vive este tipo de sofrimento.

Primeiramente temos que considerar o apego do homem aos bens materiais, às posições adquiridas, apego à autoimagem, apego às pessoas que gera o medo de perder tudo isso iniciando o ciclo.

Ao tomar conhecimento de uma doença grave, onde o tratamento tem sido ineficaz começa ansiedade que fantasia sobre o processo patológico e depois começa o receio de perder a posição social que ocupa. Se este tratamento impede o exercício moral das atividades profissionais e consequentemente pode começar uma queda ou até mesmo a completa interrupção nos rendimentos.

Esta situação somada a um prognostica ruim cria à incerteza com relação ao futuro, reforçando a ansiedade, quando na proposta terapêutica a necessidade de cirurgia temos o medo da mutilação gerando uma carga elevadíssima de ansiedade e neste ponto é possível que o equilíbrio corporal e emocional já tenha se alterado.

Finalmente o maior dos pavores aparece o medo de morrer, o medo mais a enorme carga de ansiedade nascem à raiva, caracterizados pela constante irritabilidade que torna o paciente agressivo e muitas vezes desagradável para quem o assiste.

Cabe ao profissional de saúde, conhecer este quadro para ser capaz de revelar fatos desagradáveis que possam ocorre, já que são frutos de todo quadro sobre o qual o paciente nem sempre tem algum controle.

A raiva normalmente vez do fracasso do tratamento e ás vezes se volta contra os profissionais de saúde ou para família culpando pela demora do inicio do tratamento dificultando o relacionamento deste com o paciente.

Quem se angustia com o sofrimento, quem não aceita sofrer, quem não compreende a dimensão maior do sofrimento, além do limitado espaço de dor física ou moral, certamente não conseguirá atender, adequadamente, a outro ser humano que sofre. Sua atividade será sempre a fuga, seja através da administração intempestiva e exagerada de analgésicos e tranquilizantes, seja através de seu próprio afastamento daquela pessoa que sofre.

Uma vez superada esta limitação, o profissional de saúde será capaz de compreender o ciclo do sofrimento, atendendo sem se irritar ou impacientar todas as situações vividas pelo paciente, ainda que ele se torne agressivo ou indiferente à equipe que o trata. É muito importante saber o valor de cada gesto, de cada palavra e da linguagem não verbal para atender adequadamente nosso paciente e sua família.

O sofrimento moral espiritual está intimamente ligado a religiosidade onde cada crença descreve a necessidade ou não de passar por sofrimento para o crescimento e alcance da vida eterna. Este sofrimento pode se instala também pela falta de fé onde a falta de convicções religiosas também gera a angústia e dilemas sobre sua existência.

Independente da crença ou religião o profissional de enfermagem pode consultar o paciente sobre o desejo de receber uma visita religiosa, caso seja sua pratica pode realizar a “confissão dos pecados” o que pode encerrar o ciclo de sofrimento espiritual.

Diante destas formas de sofrimento percebemos a importância do atendimento holístico que entende o ser humano como alguém que tem corpo, mente e espírito e somente a compreensão e aceitação dessas três partes permitirá ao profissional de saúde resolver adequadamente e definitivamente o problema das doenças e dos sofrimentos.

O profissional precisa ter bom senso e consciência de saber como e quando obtiver recursos para atender o paciente e sobre tudo condição de estabelecer valores morais e éticos garantindo o melhor atendimento de enfermagem.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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