Um estilo de vida pode vencer a queda-de-braço contra a osteoporose

Enfermagem

01/01/2008

Por Deborah Izola, especial para AE
Imagine uma casa na qual pequenas - quase imperceptíveis - rachaduras comecem a aparecer lentamente. Primeiro em um cômodo, depois em outro. E o proprietário do imóvel nada faz para conter as fissuras que se multiplicam dia-a-dia. Até que, passado algum tempo, a estrutura da casa está tão comprometida que ela vem ao chão. Difícil imaginar que alguém não reaja a ponto de chegar a uma situação assim? Circunstância semelhante pode ocorrer com o organismo humano. É a chamada osteoporose, uma doença na qual a fragilidade atinge tal ponto que mesmo as atividades físicas habituais, como o simples ato de tossir, podem provocar fraturas ósseas.

Uma das principais causas de invalidez nas pessoas da terceira idade, a osteoporose é uma doença caracterizada por baixa densidade de massa óssea e deterioração estrutural do tecido do osso, que aumentam a suscetibilidade a fraturas, especialmente no quadril, na cintura, nas vértebras e no punho. A doença não tem sintoma aparente, às vezes nem provoca dor, o que faz com que evolua até a ocorrência de uma fratura.

A osteoporose pode ser dividida em dois tipos básicos: a de Tipo I, característica da pós-menopausa, é causada por uma perda de massa óssea provocada principalmente pela deficiência dos estrogênios. A de Tipo II é relacionada ao processo de envelhecimento e se caracteriza pela deficiência crônica de cálcio e ao decréscimo na formação óssea.

"As pessoas acreditam que o osso é como se fosse uma pedra; algo duro, inerte e sem vida. Na verdade, o osso é um tecido vivo, está sempre em transformação, sensível a vários estímulos mecânicos como a gravidade e as contrações musculares", alerta Eduardo Pereira, médico ortopedista dos Hospitais Santa Paula e Albert Einstein.

O esqueleto acumula osso até a faixa dos 35 anos. Daí por diante, perde em torno de 0,7% ao ano, segundo estudos médicos. Na mulher, a perda aumenta após os dez primeiros anos da menopausa, podendo variar de 1,5% e a 4% ao ano. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), um terço das mulheres brancas acima dos 65 anos sofre da doença. Apesar de ser menos comum no homem do que na mulher, a estimativa é de que entre um quinto e um terço das fraturas do quadril ocorra em homens. Agrega-se a isso um dado assustador: 50% dos pacientes acima de 75 anos que tenham fraturado o quadril vão a óbito em decorrência de hemorragia, trombose e outras complicações cardiorrespiratórias que advêm com a imobilidade forçada do idoso. No Brasil, há 10 milhões de pessoas acometidas pela osteoporose.

De acordo com estudos genéticos recentes, os genes BB - relacionados com a doença - foram detectados em 18% da população mundial. Outros fatores de risco são referentes ao estilo de vida. "Os fatores são muitos. Se você está estressado ou fuma demais. Se entra na menopausa. A deficiência de hormônios. Se o rim não filtra direito. O álcool. Não se alimentar de forma adequada. Com o passar do tempo, o osso vai ficando poroso. Aí temos, a musculatura fraca pela ausência de exercícios. A idade. Os efeitos colaterais de remédios. Tudo é meio interligado. É necessário ter bom senso. E estar atento a uma avaliação médica em que todos esses elementos sejam pesados", aconselha Pereira.

Prevenção - Como ainda não existe uma maneira eficaz de se reconstruir o esqueleto, a estratégia fundamental é a prevenção. Para enfrentar-se a osteoporose tem-se como ideal a obtenção de uma maior massa óssea durante o crescimento. Nessa batalha, mulheres e homens têm grandes aliados no hábito de praticar atividades físicas.

Segundo Pereira, os exercícios fazem o músculo tracionar o osso, estimulando-o e ajudando a manter a densidade óssea. Porém, além de manter ou aumentar a massa óssea, os exercícios têm como objetivo melhorar a força muscular e o equilíbrio. Entre as atividades recomendadas pelo médico ortopedista estão musculação, caminhada, tênis e alongamento. Outra arma superpotente na prevenção é a escolha de uma alimentação adequada.

É que a obtenção de uma maior massa óssea pode ser alcançada por meio de uma alimentação rica em cálcio - presente no leite e seus derivados, em vegetais como espinafre, agrião, brócolis, folhas de batata-doce, nabo, couve-manteiga e caruru -; vitamina D (encontrada no leite, em queijos, óleo de fígado de bacalhau, ostras, camarões e peixes) e outros micronutrientes como o fósforo, o zinco, o magnésio e o ferro. "A prevenção à osteoporose valendo-se da alimentação pode ser feita em qualquer faixa etária, não é necessário chegar ao climatério (de 39 a 65 anos de idade) ou à menopausa", alerta a nutricionista Andrea Andrade, da RGNutri Consultoria Nutricional.

O médico ginecologista e obstetra, Odilon Iannetta, explica em seu livro "Osteoporose: Uma Ex-enfermidade Silenciosa" que a nutrição é extremamente importante no tratamento das mulheres no climatério, "pois os minerais e vitaminas participam do processo de formação e remodelação da chamada matriz óssea. Portanto, os nutrientes devem também ser considerados terapêuticos na prevenção da doença."

Nas receitas dos especialistas, a prevenção requer ainda a redução no consumo de refrigerante, porque o fósforo compete com o cálcio e pode prejudicar absorção; diminuição ou exclusão do consumo de café, pois a cafeína diminui a absorção de cálcio; e a eliminação de fumo e álcool em excesso, que tem ação tóxica nos osteoblastos (que são as células que constroem o osso). Além disso, é preciso evitar o excesso de proteína animal, que pode aumentar a excreção urinária de cálcio e prejudicar conseqüentemente a formação óssea.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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