A ludicidade como uma fonte de aprendizagem na educação infantil

Educação Física e Esporte

03/08/2017

  1. 1.    INTRODUÇÃO

 

Atualmente observa-se a necessidade da ludicidade está sempre presente no cotidiano escolar e isso vem contribuindo com as concepções psicológicas e pedagógicas do desenvolvimento infantil. Dessa forma as atividades lúdicas ajudam a vivenciar fatos e favorecer aspectos da cognição.

Há muitos conceitos para ludicidade, mas não é meu objetivo discuti-las aqui, mas apresentar uma perspectiva nova para compreender o lúdico. O primeiro ponto a destacar é que ludicidade juntamente com os jogos e as brincadeiras, mas também incluem atividades que proporcionam prazer, integração e entrega de seus participantes. Segundo Luckesi 2000, são aquelas que propiciam uma experiência de plenitude, em que nos envolvemos por inteiro, estando flexíveis e saudáveis. Para Santin 1994, são ações vividas e sentidas, não definíveis por palavras, mas compreendidas pela fruição, povoadas pela fantasia, pela imaginação e pelos sonhos que se articulam como teias urdidas com materiais simbólicos.

Na atividade lúdica, o que realmente importa não é apenas o produto em si, mas o resultado dela, o momento vivido, a própria ação e o que essas ações possibilitam para quem as esta vivenciando e a percepção que tem consigo e com outro. Mais importante, porém, do que o tipo de atividade é a forma como é orientada e como é experimentada, e o porquê de estar sendo realizada (Fortuna, 2001).

A ludicidade tem uma importância significativa para o ensino infantil, pois é um meio de alcançarmos de forma pedagógica o desenvolvimento, crescimento e a aprendizagem das crianças, nesse contexto é a educação infantil que proporciona um espaço em que a criança aprende, brinca se desenvolve, se relaciona com outras crianças, dialoga, desenvolve seus aspectos cognitivos, sociais, afetivos. E isso é essencial, já que é a primeira experiência educacional da criança fora do ambiente familiar, longe dos pais, que são os meios de proteção (WALLON, 1979).

É importante ressaltar que brincadeiras e jogos que contribuem para o desenvolvimento da autoestima da criança pode ser o início para se trabalhara ludicidade e também investigar como a criança vivencia atividades lúdicas na sala de aula, no seu contexto familiar, além de analisar se a criança consegue aprender um conhecimento mais rápido através das atividades lúdicas.

O presente estudo tem por objetivo mostrar a importância das atividades lúdicas no processo ensino aprendizagem na educação infantil e visa a ludicidade como caminho para a aprendizagem e a construção do conhecimento de forma que também contribui no desenvolvimento cognitivo e afetivo-social do individuo por meio de jogos e brincadeiras.

 

  1. 2.    DEFINIÇÕES SOBRE O ATO DE BRINCAR

 

Brincar, segundo o dicionário Ferreira (2003), é “divertir-se, recrear-se, entreter-se, distrair-se, folgar”, também pode ser “entreter-se com jogos infantis”, ou seja, brincar é algo muito presente nas nossas vidas, ou pelo menos deveria ser.

Para Kishimoto (2002) o brinquedo é diferente do jogo. Brinquedo é uma ligação intima com a criança, na ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. 

Vygotsky (1998) relata sobre o papel do brinquedo, sendo um suporte da brincadeira e ainda o brinquedo tendo uma grande influência no desenvolvimento da criança, pois o brinquedo promove uma situação de transição entre a ação da criança com objeto concreto e suas ações com significados, assim veremos ao longo do artigo.

Do ponto de vista de Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, mas sim desenvolver-se integralmente. Caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida. 

 

2.1.        A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

 

Podemos observar que brincar não significa apenas recrear, é muito mais, pois é uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo.

Segundo Nallin 2005, ato de brincar assim evolui, altera-se de acordo com os interesses próprios da faixa etária, conforme as necessidades de cada criança e também com os valores da sociedade a qual pertence.

O significado da atividade lúdica para a criança está ligado a vários aspectos: o primeiro deles é o prazer de brincar livremente; seguem-se o desenvolvimento físico que exige um gasto de energia para a manutenção diária do equilíbrio, do controle da agressividade, a experimentação pessoal em habilidades e papéis diversificados, a compreensão e incorporação de conceitos, a realização simbólica dos desejos, a repetição das brincadeiras que permitem superar as dificuldades individuais, a interação e a adaptação ao grupo social, entre outros (ALMEIDA, 1992).

Por intermédio da brincadeira, a criança explora e reflete sobre a realidade e a cultura na qual está inserida, interiorizando-a. A experimentação de diferentes papéis sociais (o papel de mãe, pai, bombeiro, super-homem) através do faz-de-conta, permite à criança compreender o papel do adulto e aprender a comportar-se e a sentir como ele, constituindo-se como uma preparação para a entrada no mundo dos adultos (VALERIO, 2016). A criança procura assim conhecer o mundo e conhecer-se a si mesma.

Nas brincadeiras coordenadas, o papel do professor deve ser o de mediador, proporcionando a socialização do grupo, a integração e participação das pessoas envolvidas, favorecendo atitudes de respeito, aceitação, confiança e conhecimento mais amplo da realidade social e cultural (NALLIN, 2005). Além de oportunizar situações de aprendizagens específicas e aquisição de novos conhecimentos, dando condições para que a criança explore diferentes materiais, objetos e brinquedos.

 

2.2.        APRENDER POR MEIO DA LUDICIDADE

A aprendizagem nada mais é que um processo que acontece entre a conciliação de conteúdos já estudados antes e que vão de certa forma influenciar o acolhimento dos conteúdos novos. Esses conteúdos novos começam a influenciar os conteúdos antigos formando a aprendizagem cognitiva, assim, anexa o conteúdo aprendido em uma estrutura mental organizada. Há, no processo, uma interação cujo resultado modifica tanto a nova informação, que passa então a ter significado, como o conhecimento específico já existente, relevante, na estrutura cognitiva do indivíduo sujeito da aprendizagem (MOREIRA, 2005).

O lúdico faz parte da atividade humana e atualmente escolar; caracteriza-se por ser espontâneo ativo e satisfatório. O lúdico acontece a partir do brinquedo, brincadeiras e jogos, pois é o momento que a criança entra no seu mundo da imaginação. Na educação infantil o lúdico propicia as crianças uma série de desenvolvimentos favoráveis, que vai desencadeando seu aprendizado.

Jogos e brincadeiras são indispensáveis para a saúde intelectual, psíquica e física do indivíduo, em especial crianças em fase de desenvolvimento global. Através de atividades lúdicas, os alunos desenvolvem o cognitivo, a socialização, linguagem, raciocínio lógico, criatividade, análise, síntese, capacidade de interpretação.

 Para Cardoso 2004 é através do jogo que a criança é capaz de impor aos elementos significados distintos, desenvolver sua capacidade de abstração e começar a agir independentemente daquilo que vê, operando com os significados diferentes da simples percepção dos objetos. O jogo depende da fantasia e, é a partir dessa situação imaginária que se traça a passagem à abstração entre outras funções (OLIVEIRA, 2000). 

Os jogos são grandes aliados para a execução do planejamento. Piaget 1999, diz que o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral. Desta forma podemos observar o quão importante a presença da criança em uma sala de Educação Infantil.

De acordo com Freire 1997 saber que de respeito à autonomia do educando exige de mim uma pratica coerente. Isso nos leva a pensar sobre a importância de uma pratica pedagógica que respeite cada aluno em sua individualidade. Para brincar de modo efetivo, as crianças precisam de companheiros de brincadeiras, materiais, áreas, oportunidade, espaço, tempo, entre outros (FERREIRA, 2003).

A educação por meio da ludicidade é uma proposta de trabalho que, se bem ministrada e assimilada nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental poderá contribuir efetivamente para a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Nesse processamento aprimorar a aprendizagem dos alunos, formando cidadãos aptos a exercer sua cidadania de forma plena e consciente, de seus direitos e deveres (CUNHA, 1999).

Para Fonseca 2007, vida infantil é constituída pelo mundo do brinquedo, um mundo criado pelas crianças, onde ela mesma se auto-cria. Esse caráter lúdico da vida infantil deve ser preservado. A brincadeira não é uma atividade inata, mas sim uma atividade social e humana e que supõe contextos sociais, a partir dos quais as crianças recriam a realidade através da utilização de sistemas simbólicos próprios.

  1. 3.    CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe - se que os aspectos que envolvem a ludicidade é bem mais amplo do que o apontado investigado, que é necessário haver uma reflexão constante do fazer pedagógico do professor, que seja capaz de transformar as ações mecânicas em atividades lúdicas transformadas.

A atividade lúdica é uma medida que renova e inova o trabalho na educação infantil e que trabalhar a partir do lúdico requer entender o que a criança necessita para se desenvolver. As medidas são simples, basta que o professor assuma um compromisso com o desenvolvimento integral da criança dentro de seu processo de aprendizagem.

Sendo a brincadeira resultado de aprendizagem, e dependendo de uma ação educacional voltada para o sujeito social a criança, devemos acreditar, que adotar jogos e brincadeiras como proposta curricular, possibilita à criança base para subjetividade e compreensão da realidade concreta.

Consideramos que o lúdico precisa nortear as atividades em todos os sentidos, de modo que as crianças reconheçam a escola como um espaço de exploração e experimentação.

 

 

 

  1. 4.    REFERENCIAS

ALMEIDA, A. M. O. O lúdico e a construção do conhecimento: uma proposta pedagógica construtivista. Prefeitura Municipal de Monte Mor, Departamento de Educação, 1992.

CARDOSO. S. R. Memórias e Jogos Tradicionais Infantis: lembrar e brincar é só começar. Londrina: Eduel, 2004

CUNHA, Nilce Helena Silva. Brincar, pensar e conhecer: brinquedos, jogos, atividades. 3ed. São Paulo: Tempo,1999.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio Escolar Século XXI: o minidicionário da língua portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2003.

FONSECA, G. A. N. O lúdico nas aulas de educação das séries iniciais do ensino fundamental. Universidade de Brasília, 2007.

FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1997.

KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2002.

MOREIRA, A. F. B. e Silva, T. T. Currículo, Cultura e Sociedade. Da. (orgs.). São Paulo: Cortez, 2005.

NALLIN, Claudia Góes Franco. Memorial de Formação: o papel dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil. Campinas, SP: [s.n.], 2005

OLIVEIRA, Vera Barros de (Org.). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. 2 ed. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. ISBN: 8521610688;

PIAGET, J. O juízo moral na criança. 3. ed. São Paulo: Summus, 1999. (ed. orig. 1932).

VALERIO, J.S. A importância do brincar no desenvolvimento da criança. http://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?a-importancia-do-brincar-no-desenvolvimento-da-crianca&codigo=AOP0394

WALLON, Henri. Psicologia e Educação da criança. Lisboa: Vega/Universidade, 1979.

 

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Camila Hentges

por Camila Hentges

Professora de Educação Física formada a cinco anos pela Faculdade Centro Mato - grossense FACEM.

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