As transições demográficas e a relevância do profissional em Educação Física

Envelhecendo com saúde
Envelhecendo com saúde

Educação Física e Esporte

15/03/2016

Resumo:

O presente estudo exploratório consiste numa abordagem qualitativa com base em pesquisa bibliográfica, justificado pela necessidade de atuação dos profissionais em Educação Física na orientação e prescrição dos exercícios físicos direcionados a pessoas idosos, levando em conta o envelhecimento é um processo progressivo e dinâmico, e ao mesmo tempo complexo nas suas modificações que envolvem mudanças morfológicas. Inserido nesse quadro transições demográficas e epidemiológicas, o Educador Físico detém um papel fundamental na orientação de atividades físicas voltada para esta faixa etária na melhoria da qualidade de vida e na inserção destes em programas de atividade física.

Método:

O presente estudo exploratório consiste numa abordagem qualitativa com base em pesquisa bibliográfica, proporcionando com isso maior familiaridade do assunto abordado e buscando identificar na literatura afim os fatores que contribuem para compreensão da temática abordada (Gil, 2007). A justificativa baseia-se na necessidade de atuação dos profissionais em Educação Física na orientação e prescrição dos exercícios físicos direcionados às pessoas idosas que possam contribuir na melhoria da qualidade de vida deste público alvo.

Discursão:

Nas ultimas décadas, verifica-se um aumento exponencial na taxa de envelhecimento no mundo e principalmente no Brasil. Estimasse que a população com 60 anos ou mais ultrapasse dos atuais 13% para 26,7% da população brasileira (58,4 milhões) em 2060, estima-se um aumento na expectativa média de vida do brasileiro de 75 anos para 81 anos (IBGE, 2010). “As alterações na dinâmica populacional são claras, inequívocas e irreversíveis. Desde os anos 1940, é entre a população idosa que temos observado as taxas mais altas de crescimento populacional” (KÜCHEMANN, 2012, p.165).

As mudanças demográficas decorrentes nas últimas décadas têm seus fatores ancorados no “declínio das taxas de mortalidade e, mais recentemente, também nas suas taxas de fecundidade. Esses dois fatores associados promovem a base demográfica para um envelhecimento real dessas populações” (RAMOS, VERAS, KALACHE, 1987, p. 211). Com isso, evidencia-se juntamente com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, uma prevalência das doenças crônicas degenerativas, tais como doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas (Malta et al, 2006), ocorrendo mudanças no perfil dos serviços públicos de saúde.

Para Meireles (1999), o envelhecimento é um processo progressivo e dinâmico, e ao mesmo tempo complexo nas suas modificações que envolvem mudanças morfológicas, psicológicas e funcionais que se estende do nascimento à velhice, determinando a capacidade de adaptação ao meio quanto aos processos patológicos. Para Zimerman (2000), o desgaste do organismo com o passar dos anos é inevitável, apesar da velhice não ser uma doença é uma fase na qual o ser humano fica mais suscetível.

Mazo et al (2007) ressalta que a diminuição da capacidade funcional de realizar atividades da vida diária é consequência da vulnerabilidade às agressões intrínsecas e extrínsecas do organismo, a dependência tanto parcial quanto permanente tem ocorrido por incidências de quedas, gerando um alto custo nos tratamentos médicos devidos a extensos períodos de internação e reabilitação com maior risco de morte.          

O Educador Físico nesse cenário de transições epidemiológicas detém um papel fundamental na orientação de atividades físicas voltada para esta faixa etária, contribuindo para a realização correta dos exercícios físicos, amenizando com isso, o risco de lesões. Tendo em vista que com a senescência observasse nas estruturas musculoesquelética, “uma diminuição na velocidade de contração muscular e uma atrofia das fibras que compõem esses músculos. Há, então, uma perda de massa muscular total. Tanto a força física quanto a capacidade de gerar trabalho são menores nos idosos” (Pont Geis, 2003, p. 24).

Segundo Melo et al (2009), para avaliar a saúde do idoso é preciso analisar os fatores biológicos, psicológicos e socioculturais. Contudo, o profissional em saúde tem papel importante nos métodos para avaliação física e elaboração de exercícios físicos, objetivando a prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis, tendo como um dos principais desafios, o de incorporar e estimular práticas de vida saudáveis. Siqueira et al (2009) adverte que quando comparado aos índices Norte Americanos de aconselhamento educativo para a prática de atividade como promotora da saúde, os das unidades básicas de saúde no Brasil são baixíssimos.

No entanto, a prática regular de atividade física realizada sob orientação de um profissional em Educação Física aliada a uma dieta balanceada têm apresentado excelentes benefícios na melhoria das condições de saúde dos idosos com manutenção da massa muscular e da massa óssea, prevenindo estes idosos das doenças crônicas degenerativas (Manzo et al, 2007).

A diminuição significativa na capacidade e aumento na demência e na depressão, têm levando os idosos a perda da independência e consequentemente uma diminuição da autonomia com implicações significativas na autoestima (Benedetti, 2008), como também uma melhor ressocialização tanto no eixo familiar quanto na sociedade, que ora não vê o mesmo como gasto socioeconômico.

A atenção voltada a estas pessoas pelo profissional que atua nesta área demanda não só uma particularização de exercícios especificamente voltados para este público alvo, mas de atividades que venham contribuir na melhoria da autoestima, no bem-estar psicossocial e ate mesmo na reinserção desses idosos no convívio social. “Afinal, o atendimento ao idoso já se coloca entre os principais problemas de saúde pública, não apenas nos países desenvolvimento, mais também naqueles em desenvolvimento, como o Brasil” (SENE et al, 2011).

A idade cronológica muitas vezes não vem a ser um fator decisivo para definir o envelhecimento de uma pessoa, mas deve ser observado como um fenômeno natural que se defronta com limitações biológicas e socioeconômicas. “No processo de envelhecimento ocorrem alterações nos diversos sistemas, que variam de pessoa para pessoa, podendo depender de fatores como hábitos posturais, alimentares, genéticos, sedentarismo, enfim, torna-se evidente que o hábito de vida é a variável que pode ser controlada, uma vez que a genética é determinada por meio da herança” (SENE et al, 2011).

No entanto, a prática regular de atividade física colabora para uma melhora da postura corporal, aumento da força muscular e melhora do controle motor e no bem-estar psicológico pela reinserção deste idoso ao convívio social (Melo et al, 2009). O exercício físico torna-se um componente de grande importância na melhoria da qualidade de vida à terceira idade, observando-se uma redução da idade biológica, alguns casos, em mais de vinte anos (Ferreira, 2007).

As práticas de atividades físicas regulares voltadas para a manutenção e tonificação muscular, melhora da coordenação, do equilíbrio e da flexibilidade tem contribuído para prevenção de acidentes, tendo em vista que os idosos poucos ativos tem uma tendência maior a quedas, pela debilidade do sistema sensório-motor e instabilidade postural e consequentemente pela “alimentação incorreta e a falta de exercício físico aceleram e agravam a perda da mineralização óssea (processo osteoporótico), os ossos ficam, portanto, mais frágeis, e o risco de fratura, muito maior”. (PONT GEIS, 2003, p. 24).

Conclusão:

Evidencia-se com estas informações básicas relacionadas às transições demográficas e mudanças no perfil epidemiológico dos idosos, uma melhora das condições de saúde quando estes estão inseridos em programas de atividade física orientados por um profissional capacitado. Os Educadores físicos devem buscar orientar os idosos a incorporar prática de vida saudável, planejando e prescrevendo exercícios físicos buscando a resistência muscular e cardiovascular, com aumento da flexibilidade, da força e equilíbrio, melhorando a agilidade e a coordenação, bem como a realização das atividades da vida diárias básicas (Sene et al, 2011).

Estas atividades físicas têm como objetivo primordial melhora da capacidade cardiorrespiratória, aumento da força muscular e da flexibilidade, aliado a mudanças de hábitos alimentares na adoção de uma dieta balanceada que auxiliam a retardar os efeitos do envelhecimento e que as atividades físicas proporcionem bem estar e ao mesmo tempo aumento da Independência nas atividades da vida diária e uma melhor qualidade de vida desses idosos quando inseridos em programas de atividade física.


Referências:

BENEDETTI, T. R. B. et al. Atividade física e estado de saúde mental de idosos. Rev. Saúde Pública, Florianópolis, 42ª ed. 2008.

FERREIRA, V. Atividade física na 3ª idade: o segredo da longevidade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2007.

GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

GRUDTNER, A. C. S.; MANNRICH, G. Pilates na reabilitação: uma revisão sistemática. fisioter.mov,Curitiba,v.22,n.3,p.449-jul/set.2009.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Sinopse do Senso Demográfico de 2010. Rio de Janeiro, 2011.

KÜCHEMANN, B. A. Envelhecimento populacional, cuidado e cidadania: velhos dilemas e novos desafios. Revista Sociedade e Estado - Volume 27 Número 1 - Janeiro/Abril 2012.

MALTA, D. C.; et al. A construção da vigilância e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis no contexto do Sistema Único de Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde. Brasília Vol. 15. N. 3. p. 47-64. Jul. /Set. 2006.

MAZO, G. Z. et al. Condições de saúde, incidência de quedas e nível de atividade física dos idosos. Rev. Brás. Fisioterapia, São Carlos, v.11, n. 6, p.437-442, nov./dez. 2007.

MEIRELES, M. E. A. Atividade Física na 3ª Idade: uma abordagem sistêmica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1999.

MELO, M. C. et al. A educação em saúde como agente promotor de qualidade de vida para o idoso. Ciência e saúde coletiva, Recife, temas livres, v.14, p.1579-1586, 2009.

PONT GEIS, P. Atividade Física e Saúde na Terceira Idade: teoria e prática. Trad: Schwrtzhaupt Chaves. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

RAMOS, L. R.; VERAS, R. P.; KALACHE, A. Envelhecimento populacional: uma realidade brasileira. Rev. Saúd. Públ.S. Paulo, 21(93):211-21;1987.

SENE, R. F.; GARBELLOTTO, T.; GAYA, A.; ALONSO, J. L. L. Modalidades esportivas e fatores motivacionais que levam pessoas da terceira idade a prática de exercício físico. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 16, n. 156, Maio de 2011. 

SIQUEIRA, F. V. et al. Aconselhamento para a prática de atividade física como estratégia de educação à saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.25, jan. 2009.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Altair Batista de Oliveira

por Altair Batista de Oliveira

Graduando em Educação Física pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB. Atualmente integra o grupo de pesquisa História, Sociedade e Etnociência em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq / Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil/DGP e colaborador Voluntário do Núcleo de Estudos em Saúde da População/NESP-UESB/Jequié.

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