A origem da confusão: Como surgiram as torcidas organizadas e os conflitos

Como surgiram as torcidas organizadas e os conflitos
Como surgiram as torcidas organizadas e os conflitos

Educação Física e Esporte

20/10/2014

Embora o futebol tenha surgido antes da Segunda Guerra Mundial e as pessoas já torcessem por seus times naquela época, as primeiras manifestações de torcidas organizadas surgiram no pós-guerra. Em Portugal, as torcidas passaram a existir no final doas anos 1970, tendo seu auge na década de 1980. O comportamento era diferente dos hooligans ingleses.


Paralelamente, a violência de torcida surgiu ainda na década de 1950. O conceito de violência de torcida no esporte é chamado de hooliganismo. As causas para essa onda de violência que provoca mortes no Brasil é social, conforme cunha:

O fenômeno do hooliganismo, conceito que designa a violência organizada e premeditada nos espetáculos desportivos, em especial os de futebol, surgiu nos finais dos anos 1950 na Grã-Bretanha. Como causas estiveram as mudanças estruturais de classe trabalhadora, a expansão do mercado de tempos livres dirigido aos jovens, a vontade destes se deslocarem regularmente aos jogos fora de casa, o colapso do mercado de trabalho para jovens e as mudanças operadas na estrutura do futebol. Contribuíram também o efeito negativo das tentativas das autoridades de futebol e do governo britânico no processo de controle de vandalismo, bem como o advento da televisão e o aparecimento de uma imprensa que evidenciava o valor da notícia orientada por critérios comerciais
(CUNHA, 2009).


No Brasil, a primeira torcida organizada a surgir foi a Gaviões da Fiel, em 1969. União de três antigas torcidas organizadas, a Mancha Verde surgiu em 1983. A finalidade na época era acabar com a “fama de covarde que atormentava os brigões palmeirenses” (Idem). Um dos grandes objetivos das torcidas uniformizadas, segundo Cunha, é ser respeitada. Ele ainda afirma que “as torcidas usam slogans que incitam a violência. A Torcida Jovem do Flamengo denomina-se ‘O Exército Rubro-Negro’ e tem um tanque de guerra como símbolo, se dividiu em pelotões, ou seja, grupos espalhados em diversos pontos do Grande Rio” (Idem).


Outros exemplos que ele cita são as outras grandes torcidas do Rio de Janeiro. “A Força Jovem do Vasco formou suas Famílias, buscando inspiração na velha máfia italiana. Existem outras, como: Núcleos de Young Flu (Fluminense), Esquadrões da Jovem do Botafogo e Comandos da Raça Rubro-Negra (Flamengo)” (Idem).


Mas o fenômeno da violência de torcidas não é apenas no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a situação é idêntica. Cunha cita uma entrevista dada por um membro da Independente, onde ele diz "Com torcidas, não tem aquele negócio de discutir para depois brigar. Encontrou o inimigo, é porrada" (Idem). Outro fator que também explica o espírito de violência dos membros das torcidas é o “batismo” de um novo membro da torcida, conforme reportagem do O Estado de S. Paulo:

No banheiro mal lavado do ônibus, quatro meninos se espremem assustados. Com nojo, medo e ansiedade, fazem de tudo para não esbarrar no outro. A porta se abre e apenas um é escolhido para sair. Os outros três ficam lá, de ouvido colado na parede fina. Dá para ouvir o vozeirão perguntando: qual é o ano do primeiro título do Corinthians? Em seguida, outra: quem marcou o gol no Campeonato Brasileiro de 1990? [...] (LEITE; JÚNIOR, 2013).


Essa descrição da reportagem é da admissão na torcida Gaviões da Fiel e é demonstrativo da natureza do teste em várias torcidas, mesmo que algumas neguem que haja trote. Como vimos antes (em citação de Cunha), o governo tem papel importante, assim como os dirigentes de clube e não dá mais para cruzar os braços, caso contrário, a violência continua e daqui a alguns anos, mais será acrescentado à história de violência de torcidas.



Referências

CUNHA, Fábio Aires da. Futebol: “origem, evolução e composição das torcidas”. In Cooperativa do Fitness. 12 de janeiro de 2009. Disponível em: <http://www.cdof.com.br/futebol15.htm>. Acesso em 20/10/2014.


LEITE, Almir & Júnior, Gonçalo. “Meninos movidos à paixão e risco das torcidas organizadas de São Paulo”. In O Estado de S. Paulo.02 de março de 2013. Disponível em <http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,meninos-movidos-a-paixao-e-risco-das-torcidas-organizadas-de-sao-paulo,1003684>. Acesso em20/10/2014.

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Gislaine Chagas da Silva

por Gislaine Chagas da Silva

Trabalhou como repórter voluntária do programa de TV A Boa Notícia, da Diocese de Santo André veiculado no canal Eco TV. Atualmente faz consultoria para trabalhos acadêmicos como autônoma.

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