Importância da atividade física na formação do autoconceito

A competência motora também desempenha papel importante
A competência motora também desempenha papel importante

Educação Física e Esporte

18/10/2014

Chegou mais um outubro e a magia do mundo infantil tomou conta de adultos e crianças. Ou pelo fato da vivência com filhos, sobrinhos, afilhados, ou pela remota lembrança das primeiras brincadeiras na pracinha da cidade ou da escola, da primeira volta de bicicleta – primeiro com rodinhas, depois sem – da primeira vez se equilibrando num skate ou nos patins.


Talvez nem todas as experiências tiveram sucesso na primeira tentativa, e, possivelmente, ainda persista a lembrança dos primeiros fracassos. Esses eventos de sucesso e fracasso (que provavelmente centralizaram-se nas primeiras experiências lúdicas) possivelmente não tenham nenhuma importância atualmente, mas foram imprescindíveis para formar o adulto de hoje. É através das experiências de sucesso e fracasso experimentados durante as brincadeiras que a criança desenvolve os sentimentos que tem sobre si mesma, descobre sobre seu corpo e seu potencial para os movimentos corporais. Muitos conceitos afetivos básicos têm suas raízes no mundo divertido das brincadeiras que é livre de preocupações.


O autoconceito é uma estrutura multidimensional ligada à eficiência física observada na infância e além dela (GALLAHUE, 2005). É como o indivíduo se vê, sem emitir julgamento pessoal ou comparar-se aos outros. Ele é um aspecto importante do comportamento afetivo da criança que é influenciado pelo mundo dos jogos, das brincadeiras, dos movimentos vigorosos que possuem uma contribuição importante para a formação de um autoconceito positivo.


Por outro lado a autoestima é o valor que o indivíduo atribui as suas características peculiares, atributos e limitações. Ou seja, enquanto o autoconceito é a percepção de si próprio, a autoestima é o valor que o indivíduo atribui a essas percepções. A autoconfiança é a habilidade prevista do indivíduo de dominar desafios particulares e superar obstáculos e dificuldades.


É importante ressaltar que a autoconfiança pode não relacionar-se com a autoestima em algumas situações. Uma criança, por exemplo, pode não ter um nível suficiente de autoconfiança para tentar movimentos difíceis de ginástica, porém pode possuir alto nível de autoestima. Porém, a importância imposta à atividade pelo indivíduo ou por pessoas significativas a ela como pais, professores e treinadores, pode estabelecer um vínculo entre a autoconfiança e a autoestima, gerando importante impacto sobre esta última.


A competência motora também desempenha papel importante no desenvolvimento do autoconceito porque as crianças geralmente valorizam o bom desempenho em jogos, esportes e em atividades lúdicas. Até certo período da infância elas avaliam sua competência ou incompetência igualmente entre as áreas física e cognitiva.


A competência pode ser entendida como o êxito real em satisfazer exigências específicas de desempenho. A qualidade das experiências de um indivíduo é determinante no desenvolvimento de sua competência, e a competência, por sua vez, é um importante construtor no desenvolvimento da autoestima e da motivação de um indivíduo. A competência facilita a confiança que promove uma visão positiva de si mesmo. Ela leva ao orgulho e a alegria, enquanto o fracasso em demonstrar competência leva à vergonha e a dúvida sobre sua capacidade de realizar tarefas.


Na criança a percepção da competência afeta o permanente interesse por determinadas atividades e em tentativas posteriores de domínio da tarefa. Relacionando com a atividade física, quando um indivíduo tem a percepção de que é fisicamente competente, ele continua a participar de atividades físicas, mas quando percebe que é fisicamente incompetente limita sua participação e suspende as tentativas de dominar a atividade. Experiências motoras orientadas para o êxito desempenham papel importante na melhora do autoconceito não só em atividades físicas, mas em todos os aspectos de sua formação enquanto ser humano.


Um autoconceito negativo pode ter efeitos devastadores em todos os aspectos da vida da criança. Professores que enfatizam autoconceito positivo tendem a formar estudantes que possuem visão positiva sobre si mesmo. A mesma regra serve para pessoas próximas e importantes para a criança, como os pais, avós, treinadores, etc.


Cada pessoa é única devido ao autoconceito e a visão do mundo que possui. A soma das experiências vivenciadas e dos sentimentos em relação a essas experiências contribui para construir sua visão de mundo. É possível um indivíduo descobrir sobre si mesmo de várias formas: ao escolher fazer tentativas, ao experimentar e explorar é possível formar sua identidade, descobrir quem ele é, suas possibilidades e o que pode fazer ou não.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Sinara Gnoatto

por Sinara Gnoatto

Bacharel em Educação Física pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, com amplo conhecimento e vivência em Ballet Clássico, Contemporâneo e Barre a Terre. Possui experiência em ginástica de academia, exercícios para gestantes, ginástica laboral e musculação. Atualmente exerce a atividade de professora de musculação e auxiliar administrativo na Phantom Academia - Bento Gonçalves, RS.

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