Crônica social

Cotidiano e Bem-estar

06/06/2017

Infelizmente, impera em nossa sociedade contemporânea um clima de desonestidade nos cidadãos. Afinal, como poderia ser diferente?! Herdamos tal característica comportamental de nossa antiga metrópole lusitana. Durante o processo de colonização, os portugueses saquearam nosso pau-brasil, ouro e pedras preciosas, estupraram as índias nativas e, não satisfeitos, ainda enviavam seus criminosos para cumprir pena na colônia de férias brasileira, onde pintavam e bordavam. Mais ainda, ensinavam a quem bem quisesse suas virtudes perniciosas.

Em tempos de crise, como os atuais, fruto também da corrupção de nossos parlamentares - fato amplamente veiculado pelos veículos de comunicação social - o que se observa é uma qualidade de vida cada vez pior para a população. Outro dia fui ao banco, como sempre pagar as contas do mês, e, diante de uma dúvida, tive que me dirigir a um funcionário graduado, enfrentando longa fila de espera, claro, pois sequer havia naquela repartição um atendente terceirizado trajando aquela camisa amarela "posso ajudar?".

Em outra ocasião, decidi adquirir um par de tênis pela internet, para tentar poupar um pouco do ordenado mensal com os descontos normalmente oferecidos na modalidade e-commerce. Após algum tempo de pesquisa, cheguei a uma loja virtual do estado de São Paulo que oferecia descontos atrativos - 5% de cupom, 10% para pagamento via boleto bancário, frete zero - além de um preço bem mais atraente do que o dos estabelecimentos comerciais físicos.

Concluído o pedido de compra, imprimi o boleto para pagamento e, "plim", me veio à cabeça a ideia de pesquisar o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) do vendedor. Mais uma vez recorri àquele site de buscas, ocasião em que, pasmem, encontrei um aviso de advertência do Procon daquele estado alertando sobre mais de 500 empresas com queixas devido a fraudes, dos mais variados tipos, contra o consumidor. Dentre elas, envio de produtos avariados, ou simplesmente não envio dos mesmos, mesmo após pagamento confirmado. Só aí fui entender a lógica dos interessantes descontos oferecidos pela loja. Li inclusive um relato de um cliente lesado em sua compra que afirmou que recorreria à justiça para tentar reaver seu prejuízo, isso em meados de 2014. Me perguntei: e o site ainda continua ativo, fazendo outras vítimas?

Enfim, chego à conclusão que, mesmo após mais de uma centena de anos de nossa independência de Portugal, os valores da desonestidade ainda encontram-se fortemente arraigados em nossa sociedade. Por outro lado, diante de outros exemplos de combate à corrupção, como o prestado pelo juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, talvez possamos ter fé de que essa realidade possa mudar, quiçá ainda este século, se Deus quiser!

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Nélio Soares Machado

por Nélio Soares Machado

Mestre em Ensino de Ciências, Especialista em Educação e Promoção de Saúde pela UnB; Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas; Bacharel em Gestão Pública; Escritor e Professor da Secretaria de Educação do DF, com experiência na área de Educação e Promoção de Saúde, com ênfase em Ecologia e Sustentabilidade. Site pessoal: www.neliobio.wix.com/sustainability Canal: www.youtube.com/neliobiosoares

Portal Educação

UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93