A originalidade e a genialidade de Álvares de Azevedo

Foi poeta - sonhou - e amou na vida
Foi poeta - sonhou - e amou na vida

Cotidiano e Bem-estar

09/03/2015

Foi nesses poetas brilhantes ou sombrios, nessas leituras fantásticas e tristes, no delirar de Dante e nos gritos de desespero de Gilbert, que adquiriu Álvares de Azevedo essa eloquência apaixonada, essa linguagem tão de coração, esse estilo tão melancólico impregnado de doce suavidade, de arrebatamentos delirosos que tanto impressionam a quem os lê (JACI MONTEIRO).


Quem já leu Álvares de Azevedo certamente concordará com a citação acima. É inegável a genialidade deste poeta ultrarromântico que viveu apenas 22 anos, mas deixou inestimáveis escritos que ultrapassam gerações e o fazem um dos melhores de toda a literatura brasileira, cativando leitores com sua genialidade e originalidade.


No momento em que o Brasil passava por grandes transformações sociais e políticas, a literatura deste período era integrada por romances, contos e poesias à moda rotineira, folhetinesca. A literatura era marcada por temas nacionalista, indianista, regionalista e urbanista.


Foi no período que o Romantismo atingiu seu ponto culminante que surgiu Álvares de Azevedo, esta era ficou conhecida como Mal-do-Século. Álvares de Azevedo rompeu com toda rigidez formal e com o padrão de produção literária daquele momento. Amante de Byron, Musset e Dante, Álvares de Azevedo introduziu uma literatura nunca visto em escritos brasileiros que lhe deu o título de “poeta maldito”, seus obras, principalmente Macário e Noite na Taverna, foram considerados pela crítica com “fantástica”, “perversa”, “gótica”, “satânica”, “macabra”, “fúnebre”, etc.


O crítico literário Eugênio Gomes aponta que Álvares de Azevedo, absorto do pensamento da morte, só se preocupava com o lado noturno, tais como as sombras, o crepúsculo, a noite, os túmulos. Já Afrânio Peixoto o situa entre o horror de Poe e Hoffmann e a perversão de Byron e Baudelaire. Da biografia de Álvares de Azevedo, se destacam Noite na Taverna e Macário.


Noite na Taverna foi publicado pela primeira vez em 1855 em um dos volumes que compõe as Obras de Alvares de Azevedo. O livro é composto por uma série de contos fantásticos e trágicos repletos de vícios, devassidões e crimes. As personagens são cinco homens e seus relatos giram em torno do drama e da morte. Embriagados, estão reunidos em uma sombria taverna, narrando e discutindo seus derradeiros casos amorosos. Trata-se de uma obra fantasiosa e de pura imaginação, a linguagem é marcada por hipérboles e reticências. Noite na taverna se destaca, segundo os críticos, como o mais típico produto de influência byroniana no Brasil.


Macário, talvez sua obra-prima, é um drama dividido em dois episódios o primeiro decorre “numa estalagem de estrada”, e o segundo “na Itália”. A peça, deixada incompleta pelo autor, é contada por meio de um diálogo entre um moço (Macário) e Satã, na qual é discutido temas ligados a poesia, mulheres, amor ideal. Muitos críticos consideram a obra como dramática, há que considere extravagante e sem sentido, ao passo que muitos consideram simplesmente genial.

 


 

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Álvares. Noite na Taverna/ Macário. São Paulo: Martins Claret, 2005.

MONTEIRO, Jaci. O individualismo romântico. In: Afrânio Coutinho (Org). A literatura no Brasil. São Paulo: Global Editora, 1997.

NIELS, Karla Menezes Lopes. Noite fantástica: um percurso pelos estudos críticos e historiográficos sobre a obra Noite na taverna, de Álvares de Azevedo (Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: UERJ, 2013.

PEIXOTO, Afrânio. A genialidade de Álvares de Azevedo. Revista Nova, Ano I, n 3, 1931.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Anderson Guerreiro

por Anderson Guerreiro

Formado em Letras pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Mestrando em Letras e Artes pela mesma instituição. Professor de cursos de Pré-Vestibular. Atualmente desenvolve pesquisa na área de Linguística e Literatura, com bolsa da FAPEAM.

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