Espeleofotos

Os estudos em cavernas são compreendidos pela espeleologia
Os estudos em cavernas são compreendidos pela espeleologia

Biologia

06/02/2013

A mais espantosa transformação que ocorre no calcário é denominada karst ou carste pelos geólogos. O termo refere-se a fenômenos que decorrem do impacto de agentes de intemperismo numa região de calcário. Ao longo de milênios, a ação química da água e o desgaste pelo vento e outros agentes esculpem o calcário, transformando-o num labirinto de depressões profundas, cavernas enormes e passagens subterrâneas (WOOD, 1981). As cavernas constituem um ambiente único, com peculiaridades físicas, biológicas e importantes relações históricas e culturais (SESSEGOLO, 2006).

Os estudos em cavernas são compreendidos por um ramo da ciência chamado espeleologia, ciência esta que abrange a descoberta de novas cavidades, o estudo de animais cavernícolas, os vestígios arqueológicos deixados por nossos antepassados, entre outras áreas conhecidas (VHERNER, 2007).

Uma característica das cavernas é a presença de diferentes formações físicas de nominadas espeleotemas (do grego "spelaion" caverna e "thema" depósito, portanto "depósitos de cavernas"). Segundo Auler e Zogbi (2005), os espeleotemas compreendem centenas de formas, desde as mais comuns, como estalactites e estalagmites, até formas muito raras encontradas em poucas cavernas, como trompas, helictites, heligmites, antodítes, agulhas, entre muitos outros.

É preciso uma personalidade inquisitiva para descobrir a beleza em lugares estranhos ou inusitados. Paisagens despidas de elementos óbvios de encanto pictórico, oferecendo uma mudança revitalizante em relação aos cenários panorâmicos, podem se tornar, por sua vez, composições abstratas fascinantes em termos de desenho, textura e forma (HEDGECOE, 1996).

Considerando que os espeleotemas são, além de importantes geoindicadores e arquivos paleoambientais, também atrativos para o espeleoturismo e material para educação ambiental, podemos reconhecer o registro fotográfico como uma forma conservacionista de expor as características das formações cavernícolas. O fato de que as cavernas e seu conteúdo espeleológico são extremamente frágeis, corrobora com os objetivos da espeleofotografia, que tem como objetivo registrar as ricas características do mundo subterrâneo e seus componentes. E somando as fotografias a informações teóricas e técnicas, educa-se quanto às características de alguns dos espeleotemas que podem ser encontrados nas cavernas. Um dos objetivos do registro fotográfico espeleológico, refere-se a retirar da caverna imagens de relevância, preservando o ambiente físico e suas formas, mostrando e comprovando, de maneira prática, o rico conteúdo das cavernas, suas diferentes formas, cores e materiais de formação (VHERNER, 2007).

Embora não estejam esgotadas as possibilidades de identificação e caracterização dos impactos ambientais causados pelo espeleoturismo, bem como os métodos para o manejo desses ambientes, tais impactos são causados essencialmente pela interferência humana (PAROLIM, 2007). Mas mesmo cavernas muito degradadas por ação humana são excelentes para visitas, pois além de mostrarem os resultados da perturbação antrópica são ricas em espeleotemas, o que em contraste traz uma ampla abertura ao raciocínio da real importância das cavernas (VHERNER, 2007).
De modo geral, os impactos do espeleoturismo tornam-se preocupantes, à medida que ainda não foram desenvolvidos processos mais adequados para a implantação, gestão ou execução da atividade turística em cavidades naturais (PAROLIM, 2007). E as cavernas, indiferente de onde estejam ou como sejam, devem ser estudadas e se necessário conservadas, pois são ambientes únicos em conteúdos geológico e biológico (VHERNER, 2007).

Referencias Bibliográficas

AULER, A. & ZOGBI, L. Espeleologia - Noções básicas (coleção de livros técnicos da Redespeleo Brasil). Edit. Redespeleo, São Paulo: (SP); 2005.

HEDGECOE, J. Guia completo de fotografia. Livraria Martins Fontes Editora, São Paulo: (SP); 1996.

PAROLIM, F. L. Espeleoturismo e seus impactos ao meio ambiente. Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Monografia Pós-graduação em Gestão e Planejamento Ambiental. Araras (SP); 2007.

SESSEGOLO, G.C. Conhecendo cavernas: região metropolitana de Curitiba. Edit. Grupo de estudos espeleológicos do Paraná, Paraná: (PA); 2006.

VHERNER, H. C. Espeleofotos: fotografias e informações teóricas e técnicas do potencial espeleologico do Parque Estadual Turistico do Alto Ribeira (PETAR). Monografia de Graduação em Ciências Biológicas. UniABC. Santo André (SP); 2007.

WOOD, P. As regiões selvagens do mundo: Ilhas do Caribe. Edit. Cidade Cultura, Rio de Janeiro: (RJ); 1981.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Hermann Cavalcante Vherner

por Hermann Cavalcante Vherner

Biólogo, especialista em Manejo e Conservação da Fauna Silvestre.

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