Formas de governo

Administração e Gestão

28/04/2015

Formas de governo segundo Platão

O filósofo grego Platão (428 - 347 a.C.) nas obras A República e Leis, estabelece o que acreditou ser as formas possíveis de governo e quem deveria exercer o poder e dirigir as cidades (pólis). Usando de estilo quase poético, Platão estabelece os princípios que devem ser seguidos por todos aqueles que anseiam ser governantes. Ateniense, nascido em uma família aristocrática e fascinado pela política, sofreu derrotas ideológicas quando tentou convencer Dionísio, o Velho, rei da Sicília, sobre suas teorias, chegando a ser vendido como escravo, por conta de desavenças sérias com o rei. Libertado por um armador, tenta mais duas vezes convencer Dionísio de suas ideias políticas, mas ainda sem sucesso. Esses fracassos aparecem em sua última obra - Leis


A derrota de Atenas para Esparta, a condenação e morte de Sócrates e as agitações sociais em Atenas, acentuaram, em Platão, o descrédito na democracia, mas nem por isso, deixa de debater e escrever sobre o assunto. Em seu livro A República, seu pensamento é enriquecido pelo famoso mito da caverna, que gera algumas interpretações até hoje. Platão sugere que quem conhece a verdade, como no mito, deve retornar a mostrar às outras pessoas o que é a verdade e tirá-las do engano e do erro e isso, caberia aos filósofos, que seriam os políticos ideais. Para tanto, ele cria uma sociedade utópica, chamada Calípolis (do grego kalós - belo e pólis - cidade, ou seja, cidade bela), onde suas ideias políticas poderiam funcionar, a sociedade perfeita.


Nessa utopia, Platão se consagra como o primeiro pensador a refletir sobre a melhor forma de governo, a sofocracia (do grego sophós - sábio e kratia - poder), ou seja, o poder exercido pelo sábio. Nesse modelo político, o governante deveria, através da persuasão, convencer seus governados a obedecer as leis e, caso essa persuasão não os convença, deveria-se usar a força, com prisões, exílios ou mesmo, a morte. Assim, em Platão, a censura é justificável, para manter o Estado.


Porém, observando a vida real política de seu tempo, ele alerta para o perigo da degeneração do poder, onde o próprio governo desobedece as leis instituídas, em favor de pessoas ou grupos.


Nesse processo de degeneração, Platão descreve quatro formas de governo:

1 - Timocracia - forma de governo na qual a virtude do homem sábio e substituída pela ambição, pelo impulso guerreiro, onde seus governantes pouco ou nada sabem de política. Por serem homens de natureza rude, forjados para a guerra e não para a paz, seus impulsos naturais são destrutivos, deixando pouco espaço para a reflexão e debates.
O ponto problemático dessa forma de governo é a dificuldade ou, até mesmo, a incapacidade de seus governantes usarem o bom senso e a reflexão nas tomadas de decisões, o que pode levar à convulsões sociais e revoltas, que dificultariam a governança do Estado.


2 – Oligarquia – forma de governo exercida pelas classes mais ricas, deixando de lado, as menos favorecidas. Em seu meio figuram pessoas com muitos recursos, mas pouca capacidade política, com visão apenas voltada para os lucros e manutenção destes, deixando o Estado impotente administrativamente, transformando-o em um local de caça a cargos bem remunerados, pois ele já não é dirigido por representantes do povo, mas por caçadores de riquezas.

3 – Democracia – forma de governo que traz em sua concepção o direito igual a todos, pobres e ricos, letrados e ignorantes. Para Platão, essa forma de governo cria a figura do demagogo, característica do político que engana e manipula as massas. Platão diz que o povo é incapaz de adquiri a ciência política e que a igualdade democrática é falha, pois o valor é pessoal, haja vista que há pessoas melhores do que outras.


O problema central da Democracia é a dificuldade de fazer com que todos saibam ou queiram saber sobre política, uma vez que na maioria dos governos democráticos, não se vê claramente nenhuma ação para politizar seus cidadãos, até porque quanto menos se sabe, menos se questiona.


4 - Tirania - forma mais cruel de governo, que não deve ser vista como oposto à Democracia, mas como sua consequência, uma vez que o governante que começa a abusar de seu poder, mesmo que democraticamente instituído tende a querer, cada vez mais, aumentá-lo. O tirano começa por prestar favores, conceder benefícios, com o intuito de formar uma rede de colaboradores que, com o tempo, pode se voltar contra ele mesmo. Outra faceta do tirano é o fomentar constantes discórdias e até guerras, para que seu povo tenha sempre necessidade de um líder que os guie. Assim, pela força de seu poder, o tirano faz-se parecer aliado do povo, quando na verdade, o está escravizando sob seu poder. Sua atuação é tão convincente que o povo acredita que precisa dele, mantendo-o no poder, pois ele lhes dá "aquilo que precisam" e, por isso, não o questionam. Nesse processo, até o próprio poder é escravo do tirano, que o manipula de acordo com sua vontade.


A problemática central desse tipo de governo é a de que o tirano, mesmo que faça algumas vontades do povo, as faz apenas para que estes não o atrapalhem em sua ganância desmedida, como é a de todos os tiranos. O povo recebe dele alguns benefícios e, por isso, se cala diante de suas decisões desmedidas.