Afinal, o que é Inovação?

Atividade das pessoas e organizações que envolvem a mudança
Atividade das pessoas e organizações que envolvem a mudança

Administração e Gestão

29/04/2014

A ciência da Administração adquiriu ao longo dos anos um caráter irrevogável de dinamicidade. Nunca antes a arte de organizar e gerenciar estiveram tão inseridas em um contexto de mudança, de renovação. Nesse sentido, a Inovação desempenha um papel chave não apenas nos processos e nas operações básicas da firma, mas principalmente no modo de agir, de produzir, de gerar conhecimento. Dessa forma, reconhece-se, atualmente, a função essencial da inovação no administrar, contudo, quando pergunta-se o que é inovação, o que se obtém como resposta são termos vagos, não claros e pouco operacionais. Afinal, o que é inovação.


Sim, é claro que sabemos que a inovação é importante, mas a definição do termo se torna prejudicada em função não apenas da abrangência, mas também da multiplicidade de aplicações. Ficamos receosos de conceituar e negligenciar algum aspecto importante, e assim preferimos deixar o conceito em aberto. No fundo no fundo sabemos o que é, ou não. O objetivo deste texto é justamente esclarecer a origem do termo e tentar afastar alguns fantasmas, de tal forma que ao fim você será plenamente capaz de definir, com segurança, o que é inovação.


Mas afinal, para que serve saber o que é inovação se eu não sei como inovar? Tenha calma, pois a definição correta do termo permite-nos uma melhor operacionalização, ou seja, dentro das diversas acepções, definir o que é inovação torna mais fácil visualizá-la, planejá-la, coordená-la e controlá-la. Assim como no planejamento estratégico a definição dos objetivos e metas é a etapa inicial, no processo de gestão da inovação a definição do conceito é o início.


Enfim, vamos desde o princípio. Na própria etimologia da palavra, inovação deriva do latim innovare, que simplesmente significa incorporar, trazer para dentro, inserir o novo, a novidade. Dessa forma, na origem a inovação significa simplesmente renovação. Entretanto essa concepção é incompleta, visto que se confunde com mudança, novidade, invenção, etc. Utilizemos, portanto, abordagens mais clássicas. Schumpeter, primeiro teórico clássico da inovação, em 1934 afirmou que esta representa um ato radical que envolve a introdução de um novo elemento ou a combinação de elementos antigos.


Nesse sentido a inovação é caracterizada por combinações de recursos que geram novos produtos, novos processos, novos mercados, novas formas de organização e novos materiais. Ainda, em 1942, Schumpeter amplia seus escopos, e afirma que “inovação é a reforma ou revolução de um padrão de produção a partir da exploração de uma invenção, ou de forma mais geral, uma possibilidade tecnológica original, para a promoção de um novo produto ou serviço”.


Desse conceito resgatamos a terminologia da introdução do novo e acrescentamos a noção de combinação de recursos. Além disso, diferencia-se inovação de invenção, tendo em vista que aquela representa a aplicação e exploração desta com o objetivo de gerar novos produtos e serviços. Posteriormente, acadêmicos das teorias evolucionárias e da firma, trouxeram novos elementos ao conceito. Dosi defende que a inovação é um processo de solução de problemas que envolvem a geração de valor para a organização. Outros teóricos dessa vertente, chamados neoschumpeterianos, defendem que a inovação é o resultado de um processo de solução de problemas, seja de problemas de mercado (demanda), seja de problemas de custo (oferta). O que essas novas teorias trouxeram de novo? A característica central de que toda inovação deve solucionar problemas e gerar valor.

A meu ver, todas essas acepções teóricas são ricas e envolventes, contudo carecem de maior especificação e aplicabilidade prática. Eu pessoalmente, gosto mais dos conceitos mais idealistas. O mercado costuma definir inovação como a exploração com sucesso de novas ideias. De forma mais específica, inovar é colocar em prática uma nova ideia, um novo plano, um novo método para melhorar a performance de algo que já existe. É o ato de introduzir algo novo e significativamente diferente.


É o uso de uma nova tecnologia, item ou processo para mudar a maneira como os bens e serviços são fornecidos, a maneira que são produzidos, ou como são distribuídos. É a exploração bem sucedida de ideias novas. É a introdução de alguma coisa nova. Nova ideia, método ou dispositivo. É a atividade das pessoas e organizações que envolvem a mudança de si mesmas e do ambiente, o que significa a quebra de rotinas e formas dominantes de pensamento, e introduzindo novas coisas e comportamentos, lançando novos padrões.


Além destas, grandes pensadores e empresários gostam de formular seus próprios conceitos de inovação. De acordo com Ernest Gundling, 3M, inovação é uma nova ideia implementada com sucesso que produz resultados econômicos. Já para Peter Drucker, inovação é o ato de atribuir novas capacidades aos recursos (pessoas e processos) existentes na empresa para gerar riqueza. Steve Jobs argumentava que inovação é o que distingue um líder de um seguidor. Para Jack Welch, ex-presidente da GE, inovação é um processo contínuo de criação e captação de novos conhecimentos e ideias com a aplicação na organização com o intuito de se elevar a novos patamares. Jeff Bezos, presidente da Amazon, por sua vez, argumenta que inovar é fazer algo que nunca foi feito antes, mesmo estando sujeito a críticas.


O que podemos concluir a partir de tudo isso? Que cada autor ou empresário define inovação do jeito que quer e que são tantos os conceitos quanto o número de pensadores sobre o tema? Sim, também, mas o mais importante não é memorizar todas as acepções apresentadas, mas sim entender a ideia central por trás delas. Vamos, portanto à articulação! De forma operacional, criatividade = ideia + ação e inovação = criatividade + produtividade. Portanto, temos que inovação = ideia + ação + produtividade. Se elencarmos os objetos comuns dos conceitos acima apresentados, temos como resultado os elementos da inovação: 1) Nova ideia ou novidade; 2) Criação de novos recursos ou combinação de recursos antigos; 3) Aplicação; 4) Geração de Valor; 5) Produtividade e Geração de Riqueza; e 6) Solução de Problemas.


Na minha opinião, podemos sintetizar esses elementos em quatro componentes: nova ideia ou novidade pode ser reunida com criação de recursos ou combinação de recursos antigos, pois ambos significam a articulação de novo conhecimento, seja de uma fonte interna ou externa. Assim gosto de chamar todos esses elementos de 1) Novidade; a aplicação e solução de problemas são características que significam o salto do planejar para o executar, e são diretamente relacionadas ao negócio da organização. Para veicular a inovação a ponto de aplica-la, gerar resultados e resolver problemas, faz-se necessário um modelo de negócio, ou seja, a forma de instrumentalização e criação de valor que a organização utiliza para por em prática a inovação.


Dessa forma, esses elementos conjugados reúnem-se na forma de 2) Modelo de Negócio; o terceiro elemento, 3) Geração de Valor, é o próprio valor agregado intrínseco resultante da aplicação da inovação. Se não gera valor não é inovação. Por fim, produtividade e geração de riqueza podem ser sintetizados na forma de 4) Retorno Econômico. Se não houver retorno econômico, sejam a curto, médio ou longo prazo, seja na forma de ativos, receitas, credibilidade, imagem, não é inovação.


Portanto, com o intuito de facilitar a compreensão do termo e quem sabe impulsionar novos processos de inovação, gosto de pensar que a inovação é a aplicação de uma novidade por meio de um modelo de negócio com o objetivo de gerar valor e garantir retorno econômico. De qualquer forma, o importante é não deixar de inovar!

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Chael Luigi de Souza Mazza

por Chael Luigi de Souza Mazza

Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília. Mestre em Administração de Empresas (UnB) na área de Inovação e Estratégia (2013). Atualmente aluno do curso de Doutorado em Administração de Empresas (UnB), com foco em Inovação em Serviços. Trabalha como Analista de Gestão e Análise de Processos no Banco Central do Brasil. Sonhador, Investidor, Inovador.

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